Um leitor desavisado pode achar que é uma brincadeira, mas não é. Na contramão da imensa maioria dos trabalhadores do país, os senadores brasileiros decidiram trabalhar de terça a quinta-feira. Nas segundas e sextas só serão realizadas sessões deliberativas, o que significa que os parlamentares não precisarão trabalhar nesses dois dias, pois não será considerado falta. Os novos privilégios dos senadores, no entanto, não param por aí. A última semana de cada mês é livre. Os parlamentares brasileiros não precisa sequer aparecer em Brasília.
A nova rotina de trabalho, se é que podemos chamar de rotina – ou até mesmo de trabalho – dos senadores foi decidida pelo líderes dos partidos e não encontrou resistência nem do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nem dos senadores paranaenses. Ao contrário, o senador Oriovisto Guimarães defendeu o vergonhoso privilégio argumentando que foi um avanço. Nem tampouco o senador Sérgio Moro, recém eleito e com um discurso de moralização da política, manifestou-se contrário à esdrúxula decisão.
Em editorial publicado no dia 2 deste mês, o HojePR deixou duas perguntas aos nobres senadores do Paraná. Nenhuma resposta foi dada. Dessa forma, não custa refazer as mesmas indagações: onde está o avanço em se trabalhar tão pouco? E onde está a ética, moralidade e honestidade em se reduzir uma jornada de trabalho dessa forma sem descontar um centavo do salário? Quem sabe, entre hoje e quinta-feira eles encontrem tempo para responder.
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