Matrimonio a Venezia

As águas estavam um pouco agitadas. Em alguns trechos dos canais, turbulentas.

O Sol forte de verão espargia seus raios com intensidade sobre a Laguna.

Odores acentuados provenientes, do excesso de esgotos fluíam pelos canais.

Seus centenários casarios, palácios e praças densos de turistas e forasteiros.

O colorido mosaico de formas e estilos arquitetônicos estava entrecortado de vozes e idiomas. Silvos e apitos das lanchas e naves juntavam-se, aos motores dos “Acquatáxi “luxuosos.Os sobrevoos das pombas e das gaivotas vez ou outra eram interrompidos por sobressaltos sonoros.

Vaias e apupos entre o público surgiam aqui e ali . Os batedores de carteira e outros lépidos assaltantes esgueiravam-se, rapidamente entre becos e vielas.

Músicos, aquarelistas de ruas e demais vendedores ambulantes faziam a festa neste final de semana ensolarado. Também superfaturariam seus serviços e mercadorias.

Lojas e restaurantes estavam densos de clientes.

Haveria um grande acontecimento na Cidade. Sacramentado pelo oficialismo de Governador da Provincia e do Síndaco. Todos, sob os holofotes da Mídia Internacional. Mesmo com grande quantidade de protestos o Matrimônio estava movimentando a escala de consumo e aumentando o turismo na região.

Não se falava em outra coisa. Recebemos, nós, em Curitiba, o convite para nossa surpresa, quase em cima da hora.

E com rapidez teríamos que nos deslocar ao local do Casório. Consultei e pedi ajuda ao meu amigo Professor Pardal Nicoléllis para o utilizarmos os seus serviços de teletransporte quântico. Recém inventado.

Assim o fizemos. Fomos teletransportados pelas máquinas quânticas desde Curitiba até a Praça de San Marco em Veneza. Fomos integralizados fisicamente em matéria lá.

O que nos causou, um pequeno desconforto é que fomos materializados, nas coordenadas incorretas. Problemas com o GPS. No entanto, o pior é que não prevíramos, como isto se daria. Adentramos à praça, no meio de um grupo de turistas japoneses. Os quais estavam alimentando os pombos ao seu redor. Foi um alvoroço! Imagine, ouvir toda aquela japonesada gritando. Banzai ! Banzai!

Sermos materializados ali e saírmos ilesos foi complicado. Pois, seríamos muito fotografados e apalpados pelos incrédulos. Ainda nos doem, as retinas pelos acúmulos de surpresos flashes nipônicos. E alguns dedos nos olhos , orelhas etc…

Após limparmos, minhas roupas estas ficaram sujas de dejetos dos pombos da Praça. Fui imediatamente à procura de uma gondola para alugar. Não foi fácil.

No entanto, com a sabedoria peculiar aos italianos consegui subornar, um gondoliero e aluguei sua gondola. Afinal combinamos; que após 5hs de uso eu a devolveria. O que realmente o fiz. Em razão dos protestos e manifestações os convidados vips e os convivas matrimoniais tiveram que sair de seus hotéis escoltados com redobrada segurança.

Policiais e serviços secretos de várias partes do planeta estavam atuando por lá.E com certeza os grupos mafiosos italianos vendendo suas mercadorias.

Chegamos sãos e salvos ao local da cerimônia. Meus cachorros e eu ; a saber:Tango e Banzé estavam nervosos. Grunhiram para alguns aduladores de Pets. Coisas do Jet Set.

Estivemos atrasados para fazer um charme. No entretanto, nossos nomes estavam na lista de convidados vips. Nenhum problema tivemos com a segurança do evento matrimonial. Adentramos as catacumbas…. digo às edificações do Arsenali Mediciei lembrando; que são construções portuárias de Veneza, adaptadas para o Casamento Ilustre.

Para não chamarmos, muito a atenção sobre nós; perfilamo-nos , de forma mais recatada. Pois éramos os únicos brasileiros convidados pelo casal Jeff Zebos e Lauren Santres.

A cerimônia nupcial transcorria de forma serena e calma. Com a ritualística e as bençãos usuais. As festividades de 3 dias seguidos foram afrodisíacas e portanto cansativas. Porém, durante a cerimônia, quando fui ao banheiro, para dar aquela aliviada liquida, percebi, que muitos que ali estavam, colocavam talco no nariz. Alguns até esfregavam talco entre os dentes. E saiam dos banheiros gritando e gesticulando muito.

Pensei que deveria ser algum ritual tribal ou novo costume europeu . Vejam só; muito talco no nariz. Nem comentei com meus cachorros.

Muitos gritos apupos e aplausos ao final da cerimônia. Em seguida, canções e uma festa que parecia algo despojada. Alguns casais estavam rolando sobre outros casais já sem roupas. Meus cachorros pensaram serem brigas de casais nus.

Então meus cachorros, também irritados com as músicas do DJ convidaram-me, para sair do ambiente. Não pude registrar nenhuma foto ou selfie. Isto foi proibido aos convidados em geral. Despedimo-nos de alguns, que não estavam em transe e nos dirigimos à gondola. Assim retornamos ao ponto de reencontro com o Gondoleiro. O paguei.

Só senti falta do meu par de havaianas. Sumiu! Um tal de Billo Gates e outro tal de Leonardo di Cabrio estavam interessados nestas. São suspeitos.

Voltei descalço para a Máquina de Teletransporte Quântico. Esta por sua vez errou as coordenadas. Nos re-materializaram ,de retorno, nas coordenadas em Campo Largo Pr. Estrada da Rondinha. Agora,voltando pra casa descalço, mas com meus dois cachorros.

Antes porém, aqui vou comer uma polenta com frango. Esta daqui é melhor do que aquela do casamento em Veneza.

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