Desde sempre fui crítico ao modelo público de gestão. No meu entendimento, o modelo traz uma série de problemas. Ineficiência, morosidade, apadrinhamento, ausência de objetivos claros, ingerência e várias outras faces negativas.
E o que isso tem a ver com futebol? Tudo!
O modelo de clube associativo que se desenhou décadas atrás, mostra todas essas faces. Os clubes, da maneira que foram constituídos, são imagem e semelhança de organizações públicas. Acumulam déficit sobre déficit. Não cumprem objetivos e ninguém liga para isso. Tem apadrinhamentos e ingerências em vários escalões. São morosos, ineficientes e ninguém é responsabilizado por tudo isso. A falta de continuidade de gestão, resultante de processo político quase sempre conturbado e com viés ególatra, acentua ainda mais as deficiências.
Aí é necessário lembrar que estamos em 2024. Muita tecnologia, muita informação, muitos meios para se atingir objetivos. Dinheiro em escala abundante para investimentos que possam trazer bom retorno. Alguém consegue visualizar um clube, nos moldes antigos, tendo sucesso na realidade atual? Eu tenho a convicção que não. Ou se adequa aos novos parâmetros de mercado e de gestão, ou se está fadado ao desaparecimento ou redução de tamnho. Exemplos não faltam pelo Brasil…
Aí entra a tal SAF. De antemão já afirmo que não é o modelo que eu acho perfeito para o enquadramento do produto futebol. Mas é o modelo que a legislação brasileira prevê e que podemos adotar.
A SAF vem para fazer com que as instituições tenham sempre como objetivo a obtenção de receitas maiores que seus custos. Que tenham poder de investimento em plantel e infraestrutura. Que possam desenhar seus horizontes de curto, médio e longo prazo sem a preocupação com os eventuais processos políticos que fariam que a linha de gestão fosse descontinuada. Que busquem valorizar os ativos (jogadores profissionais e de base, imobilizado, etc) para fazerem uma nova negociação do próprio business no futuro, obtendo lucro.
A gestão privada, voltada à excelência e à geração de resultados, tende a ser a solução para os problemas que os clubes acumularam ano após ano. Note-se que escrevi “tende” e não cravei como a solução perfeita. De nada adianta colocar um bom produto, com excelente potencial de crescimento e obtenção de receitas na mão de administradores ineficazes.
Em uma nova coluna vou tratar dos modelos comerciais e dos montantes que as SAFs estão praticando aqui no Brasil. Apesar da lei ser a mesma para todos, cada caso, cada negociação, é diferente.
Tem coisas que, apesar de não gostarmos, não temos como combater. Os tempos são outros. Quem não se adequar, ficará muito para trás ou até não existirá. A SAF está aí. O futebol como gerador de receita e maior produto de entretenimento mundial precisa dela.
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