O ano era 1957. Meus pais estavam noivos, e aquele seria o primeiro baile da minha mãe no Clube Curitibano.
O “Baile da Primavera” reuniria toda a alta sociedade de Curitiba no Palácio Encantado — como era chamada a sede urbana do clube, localizada na Rua Barão do Rio Branco com a XV de Novembro. (A sede campestre ficava no bairro Água Verde.)
O traje era a rigor, a mãe encomendara um vestido de tafetá de seda pura. Os sapatos foram feitos sob medida, forrados com o mesmo tecido.
Ela ouvira histórias sobre a beleza do salão e da imponente escadaria de mármore, que fazia uma curva logo na entrada. Por noites seguidas, imaginara-se descendo com o vestido deslizando pelos degraus.
E então…chegara o grande dia!
Foi um evento memorável, repleto de glamour. O salão de baile era mesmo imponente: frisos dourados em relevo contornavam grandes flores de alvenaria, que pareciam saltar do teto; móveis de madeira maciça, cortinas de seda, tacos de imbuia e gradis de metal com desenhos ornamentais ladeavam a escadaria.
O que mais dizer?
A comida? A mãe nem lembra. Acho que esqueceu que existia — tão absorta estava no clima da festa.
E a orquestra… ah, essa ela recorda bem! Animada, manteve o salão sempre cheio, e nenhum par ficou parado.
A mãe deixa transparecer a emoção ao relatar essa noite, que está muito nítida nas suas lembranças. Eu, sentada ao seu lado, consigo quase entrever os vestidos rodopiando pelo salão.
Por um instante, somos as duas transportadas ao salão, onde se vivia uma era dourada — há exatos 68 anos.
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