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25/04/2024



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História de Curitiba sob os nossos pés

 História de Curitiba sob os nossos pés

Pisei nesta tampa hoje, na esquina das ruas Conselheiro Laurindo e André de Barros.

 

1929 – Faltava um ano para o meu pai nascer. Fico imaginando quantas vezes ele pisou nesta tampa, já que morava a uma quadra dali.

 

Não reparem, mas tenho essa estranha mania de relacionar todas as datas com o ano de nascimento do pai.

 

Centenário da Emancipação? – O pai tinha 23 anos.

 

Inauguração de Brasília? – O pai completava 30 anos.

 

O Papa veio para Curitiba em 1980? – O pai estava com 50 anos.

 

E assim sempre!

 

Mas voltando às tampas dos bueiros, muitos nem reparam mas elas escondem mais do que rios canalizados.

 

Repare que Curitiba ainda era escrita com “Y”.

 

O nome Sanepar nem existia. Só foi criado em 1964 (o pai tinha 34 anos rsrs) mas o tratamento da água já existia com outro nome: S.A.E.

 

Devia ser Secretaria ou Serviço de Água e Esgoto e que depois o nome mudou para D.A.E. (Departamento de Água e Esgoto), porque já li em outras tampas por aí.

 

Sei também que bem mais antigamente, nos idos de 1850, havia um olho d’água no Largo da Ordem. E a população podia pegar água lá. Faltava ainda 80 anos para o pai vir ao mundo!

 

Depois ligaram um olho d’água da Praça Rui Barbosa até a Praça Zacarias e fizeram nesta última um chafariz com duas torneiras.

 

E a população buscava água nesta praça.

 

Mas como era trabalhoso transportar, tinham os “pipeiros”, trabalhadores que ofereciam o serviço de levar água até as residências com suas carroças, a preços módicos.

 

Contudo, em 1900 começaram a fazer as obras de saneamento em baixo da terra (colocação de manilhas, bueiros,…)

 

Em 1908 fizeram uma represa no pé da Serra – em Piraquara, que passou a receber as águas coletadas nos Mananciais da Serra do Mar e assim passaram a ser transportadas EXCLUSIVAMENTE por gravidade – através de tubos de ferro fundido (franceses) no diâmetro de 60 cm, em uma extensão aproximada de 35 km, até chegar no RESERVATÓRIO DO SÃO FRANCISCO que fica bem do ladinho do prédio do Palácio das Telecomunicações, mais conhecido como prédio antigo da TELEPAR, no comecinho da Av. Manoel Ribas.

 

Reservatório do Alto São Francisco

 

E funcionou quase vinte anos SÓ com a ação da gravidade. Sem bombas para “empurrar” a água.

 

E o melhor de tudo: Continua em uso!

 

Anos depois implantaram outros sistemas de abastecimento em demais regiões da cidade.

 

Reservatório subterrâneo em foto tirada quando foi esvaziado para limpeza e conservação em 2009, dos arquivos da Sanepar. São duas câmaras construídas em formato de abóbadas, técnica de construção utilizada desde as antigas civilizações. As cúpulas e arcadas são feitas em tijolo, alvenaria e pedras esculpidas a mão. A câmara número um do reservatório tem 6 metros de altura e capacidade para armazenar 5 mil metros cúbicos de água

 

E a tampa de bueiro continua no mesmo lugar em que foi colocada, coincidentemente na mesma rua em que o pai nasceu e faleceu.

 

Mais que um artefato, é testemunha de um tempo que existiu e que passou.

 

Se o pai estivesse vivo, estaria hoje com 93 anos, um ano a menos do período que a tampa permanece ali.

 

Casa dos meu avós na Rua Conselheiro Laurindo, a uma quadra da tampa de bueiro

 

Na imagem de abertura, tampa de bueiro na esquina das ruas Conselheiro Laurindo com André de Barros.

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

1 Comment

  • Incrível 👏

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