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19/04/2024



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Incêndio no Teatro Guaira há 53 anos

 Incêndio no Teatro Guaira há 53 anos

Nos meus tempos de criança havia poucos edifícios nas redondezas e a vista da janela do nosso apartamento alcançava a Rua Emiliano Perneta.

 

Me chamava a atenção a visão noturna do letreiro luminoso vertical escrito: WALLIG O FOGÃO – afixado no prédio da Caixa Econômica da Praça Zacarias.

 

E lembro de certa noite em que apareceram labaredas e muita fumaça preta no céu.

 

Logo percebemos que estava ocorrendo um grande incêndio no Centro mas não dava para saber ao certo em qual edificio estava ocorrendo o sinistro.

 

Como não tinha internet e as notícias demoravam a chegar, ficamos escutando os barulhos dos carros dos bombeiros ao longe e aguardando a diminuição das labaredas.

 

No dia seguinte viemos a saber que foi no Teatro Guaira. O fogo consumiu e comprometeu a obra que estava praticamente pronta.

 

Em outra ocasião o pai chegou em casa e falou para a mãe que tinha lido na Pedra da Gazeta que o Leon Pérez CAIU! Só falou essa frase. Não disse mais nada. E ambos ficaram com cara de espanto! (Haroldo Leon Pérez foi governador do Paraná, destituído do cargo pelo presidente na década de 70).

 

Fiquei esperando a continuação da frase, algo como: – O Leon Pérez caiu “da escada”, – O Leon Pérez caiu “do cavalo”,…

 

Enfim, qualquer coisa que completasse ou desse um sentido na frase para entender o que tinha realmente acontecido e como eles continuaram sérios, percebi logo que não era assunto de criança. Levei anos para entender que Leon Pérez sofreu um “impeachment”.

 

E também que a “Pedra da Gazeta” não era propriamente uma rocha lisa e que não escreviam as notícias em cima dela, como na Idade da Pedra. Era uma parede de mármore que tinha no térreo do casarão onde era a sede da Gazeta do Povo, na Rua XV de Novembro, e onde afixavam as notícias do dia.

 

Lembro de uma ocasião em que o pai conversava com amigos e comentou que fulano tinha na fazenda tantas “cabeças de gado”. Fiquei imaginando aquelas cabeças de gado dispostas uma ao lado da outra e os animais sem cabeça.

 

Fragmentos de conversas de adultos assimiladas ao pé da letra que ficaram incompreendidas na memória

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

(Foto copiada da internet de Yara Querne)

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