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KARIN-CABECA-COLUNA

O brilho do Visconde

17/04/2025
Integrantes da Família Guimarães em foto exposta na Galeria Guimarães

O Sr. Manoel Antônio Guimarães (Visconde de Nácar) casou-se com Maria Clara, da poderosa família Correia, de Paranaguá. Tiveram 8 filhos.

Maria Clara faleceu cedo, e Manoel casou-se com a irmã da esposa falecida: Rosa Maria. Juntos, tiveram 4 filhos.

Não estranhem, pois os casamentos eram assim mesmo. Havia, sobretudo, o interesse de manter os laços familiares.

Mas por que “Visconde de Nácar”?

Visconde de Nácar (Internet)

O nácar, conhecido também como madrepérola, está presente em espécies de ostras e mexilhões, na parte interna das conchas.

E justamente esse nácar serve para defender esses moluscos contra corpos estranhos. Por exemplo: se entra um grão de areia na concha, o nácar vai envolvendo o grão em camadas até formar uma pérola.

O nácar, com seu brilho perolado, tinha muito valor e era usado para fazer botões, aplicado em móveis, arcos de violino, instrumentos musicais, adornos e, sobretudo, usado na composição da argamassa usada na construção civil, semelhante ao calcário dolomítico.

Contudo, para ser comercializado, tinha que ser moído e secado em fornos, cujas chaminés ainda existem, perdidas nas selvas da baía de Paranaguá.

Manoel Antônio Guimarães começou exportando mate para a Região do Prata (Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolivia,..), que compravam o nosso mate em grande quantidade.

Tornou-se também um grande importador de sal. Era dono da maior Casa Importadora do Paraná: Guimarães & Cia.

E foram se somando outras atividades comerciais, investimentos em imóveis, terras — sobretudo no litoral. E nessas terras, havia morros junto ao mar com o “nácar” em grande quantidade.

Totalizando os empreendimentos — incluindo a exportação do mate, da imbuia rosa, a importação do sal, a venda do nácar etc. —, veio a se tornar o homem mais rico de Paranaguá no século XIX.

Galeria Guimarães. No passado havia no local o Engenho Guimarães. Com duas frentes, uma para a Rua XV de Novembro e outra para a Rua Amintas de Barros

E por que recebeu título de nobreza?

Por ter instalado a casa de cobrança de impostos em Paranaguá. Ele mesmo era quem mais pagava, por ter o maior comércio da cidade.

Recebeu o título de nobreza, primeiro de Barão e depois de Visconde: Visconde de Nácar.

O Barão do Serro Azul era também sobrinho das duas esposas do Visconde de Nácar.

E assim, buscamos aproximar os lugares e as pessoas que moldaram a trajetória do nosso estado e da nossa cidade. E vamos descobrindo o quão rica é a nossa própria história.

Nota: A história nunca é absoluta. A que conto aqui também não. Não pode ser utilizada como fonte histórica.

Nasce dos dados que encontro, mas carrega minhas interpretações e memórias, porque todo relato é, no fundo, um recorte do mundo visto por alguém.

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