
Os postes de ferro fundido da Rua Barão do Rio Branco, tombados como patrimônio histórico, são conhecidos como “Postes da República”.
Centenários, foram instalados originalmente para a transmissão de energia das ruas, moradias e bondes. Em 1920, ganharam luminárias – uma em cada poste.
A luminária era voltada para baixo, direcionando a luz para pedestres e veículos, evitando sua dissipação.
Anos depois, as luminárias foram removidas, e só na década de 1990 foram reinstaladas, desta vez em pares, mas mantiveram o formato original e as fontes luminosas voltadas para baixo.
A fabricação desses postes foi um trabalho artesanal minucioso.
Vamos ao processo: vou contar como se fosse uma peça de ferro simples, 2D.

A Fundição Muller, por exemplo, chamou o artesão para criar o desenho do poste.
O artista entalhou em um tronco de madeira dividido ao meio, na direção do comprimento.
Esculpiu a parte arredondada fazendo os detalhes como frisos, laços, letras, flores, seguindo os estilos Art Nouveau e Neoclássico.
Finalizada essa etapa, os auxiliares pressionaram aquele tronco em uma caixa com areia de fundição – uma mistura que, ao secar, endurecia.
O molde de madeira fez um carimbo na areia, marcando os relevos de todos os desenhos artísticos. E essa areia secou ficando dura igual cerâmica.

Ali se derramou o ferrro líquido. Após esfriamento do metal, quebrou-se a areia e ficou pronta a peça.
O molde em madeira ficou intacto, podendo reproduzir infinitas cópias idênticas.
Os postes eram chamados “republicanos” por terem surgido e se espalhado nas cidades durante a Primeira República (1889-1930).
Colaborador: Gabriel Nazario – Instagram @lump_cwb – 41984742344 – Colecionador de luminárias públicas.

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