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19/04/2024



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‘Nada de Novo no Front’: até onde ir pelo patriotismo?

 ‘Nada de Novo no Front’: até onde ir pelo patriotismo?

O ano era de 1929 e a obra de Erich Maria Remarque, “Nada de Novo no Front” tinha acabado de ser publicada. O livro, de forma inédita, trouxe o ponto de vista dos soldados jovens alemães na Primeira Guerra Mundial. Foi uma das primeiras obras sobre o tema que retratam, de fato, os horrores da guerra no sentido de que, jamais, uma guerra terá justificativa para ocorrer. Em 1930 a primeira versão do filme foi lançada pelo diretor Lewis Milestone, que inclusive garantiu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Filme no Oscar do mesmo ano.

Mas porque afinal a Netflix acaba de lançar um remake da obra com o título “Nada de Novo no Front”, agora dirigida por um diretor alemão? Podemos elencar aqui dois motivos. O primeiro é que estamos na fase dos remakes, tanto adaptações de séries como filmes. Ainda mais quando pensamos em obras mais antigas como as de 1930. O outro motivo diz respeito ao tema da obra. Nesse filme, por exemplo, vemos os jovens alemães ansiosos para lutar por seu país. Bem patriotas entram para uma guerra e se deparam no front o quão sem sentido ela é. Uma obra como essa se torna ainda mais valiosa nos dias atuais em que vemos pessoas pedindo por intervenção militar, além do aumento de discursos de ódio! O cinema, assim como a cultura de modo geral, ocupa um papel educativo e realiza o resgate de memória.

Agora, sobre a nova adaptação, o filme em si. O que vemos é muita técnica e qualidade na produção, mas repetição de abordagens de outros filmes de guerra. O que não passa longe de O Resgate do Soldado Ryan de Steven Spielberg. É mais um filme de guerra? Sim, é mais um filme de guerra. No entanto, Nada de Novo no Front vem em bom momento ao ressaltar o absurdo de se ter uma guerra. E, principalmente, até que ponto o sentimento de patriotismo pode vir a interferir na insensatez do ser humano a ponto de cegá-lo.

Nada de Novo no Front (obra literária, primeiro filme e agora o remake), contrária à hegemonia que vemos em tantas narrativas norte-americanas que mostram a celebração dos heróis das batalhas. E, diferente de muitos críticos, do meu ponto de vista, retratar em 2022 novamente esse confronto de ideias faz muito sentido. Faz sentido ressaltar que guerra nenhuma é justificada, faz sentido mostrar que o sentimento de pátria cegou uma nação a ponto de enviar tantos jovens animados para a guerra e, faz mais sentido ainda ao entendermos historicamente o quanto a Alemanha ficou destruído após a primeira guerra, o que deu margem para o surgimento do nazismo com a Segunda Guerra Mundial. A história é crucial todos os dias para que aprendamos com ela!

O filme entrega atuação, direção de arte, direção e fotografia de altíssima qualidade. Mesmo que filmes de guerras não façam parte do seu gênero cinematográfico preferido. A condução da história, sensibilidade e jornada do herói ao acompanhar o nosso protagonista fazem o filme valer a pena. Ainda mais no contexto atual em que está inserido. É mais um filme de guerra que lembra outros? Sim, é mais um filme de guerra. Mas talvez a gente precise ver, mais uma vez, ou duas, ou três vezes, mais filmes de guerras!

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