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25/04/2024



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Nenhuma diretora mulher indicada ao Oscar 2023: qual o problema nisso?

 Nenhuma diretora mulher indicada ao Oscar 2023: qual o problema nisso?

Novos olhares permitem novas histórias. É com esse pensamento que discussões que pedem por mais representatividade na indústria cinematográfica seguem firmes de uns anos pra cá. Claro, com seus altos e baixos. Aliás, um “baixo” do momento que gerou bastante repercussão nas redes sociais, é a lista de indicações ao Oscar 2023. Especialmente na categoria de Melhor Direção composta por seis homens, quando existem mulheres elegíveis para tal categoria. A premiação que, ainda que tenha perdido muita credibilidade ao longo dos anos, ainda se consagra como uma das maiores da indústria cinematográfica. E é partindo desse pensamento que a pergunta “qual o problema em não termos diretoras mulheres na categoria?” será respondida.

Começando a conversa levantando dados históricos, ao longo de seus 94 anos de premiação, apenas 7 mulheres receberam o prêmio de Melhor Direção. E duas delas foram prêmios recentes. Em 2021, Chloé Zhao (foto) venceu por Nomadland, e em 2022, Jane Campion ganhou por Ataque dos Cães. Neste ano, no lugar de manter a representatividade na categoria e diversidade, a Academia ignorou as possíveis – e plenamente qualificadas – indicações de Sarah Polley, por Entre Mulheres; Gina Prince-Bythewood, por A Mulher Rei; Maria Schrader, por Ela Disse; e Charlotte Wells, por Aftersun.

Vale ressaltar que muito mais do que a premiação, o Oscar, ou ainda, a estatueta, representa mais do que aparenta. É a falta de reconhecimento e visibilidade no plural, bem como, é uma forma de ditar os caminhos de uma indústria que transcende o fazer cinema apenas. Não basta termos mulheres, pessoas negras, indígenas, homossexuais, além de outros grupos minoritários de poder, conforme visto culturalmente, fazendo filmes. É preciso que tenha indicações também (quando elegíveis), é preciso ter visibilidade para que tenha financiamento.

Ter diferentes tipos de gente fazendo filme, é uma forma – mesmo abordando temáticas corriqueiras – de trazer um novo ângulo sobre a qual a história é construída, podendo mesmo que de forma extremamente sutil, trazer outra configuração das relações interpessoais e outras construções de subjetividades em seus personagens. Assim vamos ver novos modelos de masculinidades, feminilidades e até sexualidades vistos nas telas e que levantam questões de pluralidade e representatividade.

Segundo Lauretis, autor relevante da área, o cinema é um campo privilegiado de construção de símbolos, discursos e narrativas que exerce influência nos comportamentos sociais assim como, também é refratário a estes comportamentos, e demandas sociais. Ou seja, de novo, o cinema transcende apenas o ato de assistir um filme! Ele é educacional, ele gera empatia e nos faz refletir sobre temáticas variadas. Claro, ainda que se configure como uma forma de entretenimento e lucratividade, não podemos deixar de lado o fato de que também é um objeto de estudo e promotor de novas subjetividades.

 

OSCAR 2023: e a representatividade? E os esnobados?

Ainda que tenhamos a falta de indicações de diretoras para a categoria, o Oscar 2023 conta com um fato novo: a atriz malaia-chinesa Michelle Yeoh é a primeira asiática a ser indicada ao prêmio de Melhor Atriz por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. Assim como também é o ano com mais atores asiáticos com indicações, o que é um grande feito e motivo de comemoração, ainda que atrasado. Mas nem tudo são flores, já que dois dos filmes com atores negros foram esnobados. Assim como os atores. “Não, Não Olhe” de Jordan Peele e “A Mulher Rei” de Gina Prince-Bythewood. Isso sem falar do gênero de terror que tradicionalmente – e de forma absurda – segue sendo esnobado pela Academia.

É claro que com esse cenário e, naturalmente com o passar do tempo, as cobranças por mais diversidade estarão presentes, aliás, permanecerão. Ainda que seja uma indústria de entretenimento que visa o lucro, ainda que tenha política envolvida nas indicações, para não perder cada vez mais público e reconhecimento, o Oscar precisa seguir ampliando os olhares e agregando o que foge do tal e tão chato “tradicional”.

 

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