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25/04/2024



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O tal faroeste no cinema brasileiro

 O tal faroeste no cinema brasileiro

Talvez você não tenha tido uma infância marcada por filmes do gênero cinematográfico faroeste, talvez tenha. Talvez goste, talvez não goste. Mas o fato é que sabe do que se trata, ou pelo menos, conta com um imaginário popular das características que integram as obras do gênero. O tal “western” ganha força na década de 1930 nos Estados Unidos e, basicamente, se debruça em tratar temáticas com os cowboys (datados de heróis) do sul do país em seus conflitos com o povo considerado “selvagem”, os índios. Antes de chegarmos ao cinema brasileiro e como ele se situa aqui, é importante um levantamento das fases do próprio western.

 

O primeiro momento vai do início do cinema até a década de 1930, marcada pelos cowboys acrobáticos de wild shows. O próximo momento acontece na Grande Depressão, quando esse tipo de cinema se torna entretenimento. Após, já na terceira fase podemos considerar 1940 e a década de 1950 com os filmes mais famosos, os tais western clássicos, já mais maduros e consolidados. Para então chegarmos na década de 1960 com as releituras do gênero, além de questionamentos que trouxeram o Novo Western (mudanças na forma de mostrar a fronteira) com bastante impacto na década de 1970 também.

 

Mas e após isso? Não temos mais filmes de faroeste? Variados. Com novas abordagens e olhares modificados em retratar a figura do cowboy, índios e, ainda, as mulheres que sempre foram tão estereotipadas e secundárias nas obras clássicas. Filmes como First Cow: A Primeira Vaca da América (2019) da diretora Kelly Reichardt traz uma nova configuração de masculinidade dentro do gênero, raramente abordada. Assim como O Segredo de Broke Mountain (2005) de Ang Lee.

 

Rápida contextualização para chegarmos aqui: o que o western tem haver com o cinema brasileiro? Muita coisa, afinal, ele faz parte de nossa história também! Características e apropriações que compõem o gênero cinematográfico sempre estiveram presente em filmes por aqui. Ao exemplo de “O cangaceiro” (1953), de Lima Barreto. O sucesso foi tanto, que desse ano até 1983, sempre houveram lançamentos de filmes que flertassem com westen. “O cangaceiro”, inclusive, foi uma das maiores bilheterias do nosso cinema. Outros exemplos: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, considerado por muitos uma das grandes obras nacionais. “A filha do padre” (1975), de Tony Vieira, “O menino da porteira” (1977) do Jeremias Moreira Filho e, claro, não dá pra deixar de mencionar o mais recente “Bacurau” (2019) de Kleber Mendonça Filho.

 

Naturalmente, nos tais faroestes daqui não vemos o conflito estadunidense com os índios locais. No cinema brasileiro o faroeste permeia histórias que envolvem culturas do sertanejo, sertão nordestino e cangaço. Mais interessante ainda do que analisarmos as diferenças do western daqui com os tipos de western dos EUA (Itália também com western spaghetti), é perceber na história os filmes brasileiros que temos que englobam o gênero cinematográfico. E, mais ainda, quando percebemos os western contemporâneos feitos em diversos lugares do mundo que trazem temáticas de representatividade, novas abordagens de feminilidades, masculinidades e sexualidade, fugindo daquele lugar hegemônico e patriarcal tantas vezes mostrado nos filmes de John Ford (grande nome do gênero). Agora diz aí, qual o seu filme preferido do gênero? E em quais você percebe um novo olhar mais alinhado com a contemporaneidade?

 

Leia outras colunas da Patricia Lourenço aqui.

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