Olharam-se de longe, pela primeira vez, sem imaginar em quantos abraços estariam envolvidos, um dia. Havia neles uma porção de alma que queria um pouco mais que um olhar fulminante e um sorriso acolhedor. Para ajudar (ou atrapalhar), o coração remove as pequenezas do caminho, quando se quer seguir em linha reta – nem sempre fria – em direção ao bem-querer.
A razão ou a emoção, tanto faz, dizem que um afeto é mais que um presente para quem anda em companhia da solidão. Assim sendo, as coisas não ficaram apenas nas conversas, mensagens e risos… não! Nem para ela, nem para ele.
A paixão apareceu logo, absoluta, provocando sintomas emocionados: frio na barriga, coração aos galopes, contentamento indiscreto. O mundo já não era mais o mesmo. Até as calçadas pareciam coloridas. O ar enchia os pulmões de um jeito novo e a alegria vinha junto. Mais oxigênio, por favor!
Pois, é. Tal bem-estar emocional não passa despercebido: olhos radiantes são os primeiros a confessar a celebração maior dos sentidos. Degustam-se dias de puro deleite — mas a felicidade, ah, essa é preciso segurar com as mãos…
Então, sutilmente, para abrandar esse arrebatamento, chega o amor. De mansinho, sem fazer alarde, sem se perceber, totalmente inocente, sem saber o que fazer e ao mesmo tempo sabendo tudo.
Ele toca com cuidado, decora os detalhes e quer ficar perto, todo santo dia, dia todo. Amar não cansa. O peito agiganta-se em estado de paz. Um sossego desconhecido apodera-se da casa, dentro e fora, fazendo-a um lugar de graça, perfume, devoção.
A imensidão alargou a antiga tenda e já não se sabe viver em lugar apertado. Gentilezas e agrados enfeitam as paredes do mais nobre lugar da existência.
Contudo, se alguém quiser que o amor fique para sempre, não basta apenas fazer a lição de casa.Traga flores, poesias, vá ao parque e ao cinema, escreva bilhetes dizendo: “Te Amo”. Pegue todo o seu carinho e abrace-o até você não querer sair desse lugar, por muitas vidas.
Então, voltemos ao início. Afinal, em quantos abraços os personagens desta história se perderam e se encontraram? Sinceramente, não sei. Nem deu tempo de contar.
Só sei que os dois foram afortunadamente achados pelo amor.
Leia outras colunas da Maria do Rocio Vaz aqui.
Belíssimo “achado”!
Fiquei enternecida durante a leitura; depois, querendo dramatizar o final; mas final é final, fica por conta do narrador, no caso, narradora para quem vai minhas palmas 👏👏👏👏👏👏👏 e meu abraço
Sempre uma escrita suave. Gosto muito!
Não é possível comentar.