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23/04/2024

ELEIÇÕES 2022

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Em entrevista ao HojePR, Professora Angela prega um governo a serviço do trabalhador

 Em entrevista ao HojePR, Professora Angela prega um governo a serviço do trabalhador

A Professora Angela Machado (PSOL) é a terceira entrevistada do HojePR , que está conversando com os candidatos ao governo do Paraná. Já participaram dessa série o ex-governador Roberto Requião (PT) e o governador Ratinho Junior (PSD). Todos os postulantes ao Palácio Iguaçu receberam as mesmas perguntas. Nosso compromisso é com o eleitor e, dessa forma, mantivemos o foco das perguntas nas propostas que cada um tem para o futuro do Estado.

O portal pediu, também, que o candidato gravasse um vídeo se apresentando ao eleitor e explicando suas motivações para concorrer ao cargo de governador. Nem todos nos encaminharam. O HojePR entende a correria do dia a dia de uma campanha eleitoral e, dessa forma, compromete-se a incluir no portal os vídeos que, porventura, sejam encaminhados com atraso.

A Professora Angela concorre pela primeira vez ao cargo de governador, antes tentou ser vereadora. Tem uma visão firme sobre o papel do Estado e veemente contra qualquer tipo de terceirização das atividades públicas. Confira o vídeo de apresentação e acompanhe a entrevista.

 

 

HojePR – Quem sou eu e o que me motivou a concorrer ao cargo de governador?

Professora Angela – Eu sou a Professora Angela Machado, 45 anos, casada, mãe de três filhos, feminista, militante do PSOL e da educação popular.

Concorro ao cargo de governadora representando um projeto coletivo e propostas construídas a muitas mãos. Sou, com muito orgulho, porta-voz deste projeto.

Queremos transformar o Paraná para os de baixo. Vamos governar para o povo e não para as elites do Estado.

Quero ser governadora porque não basta participar de cada luta que se apresenta, mas é necessário que os de baixo governem, para que as prioridades sejam realmente invertidas e o governo do Estado esteja a serviço da classe trabalhadora.

 

HojePR – Qual é a sua proposta para a geração de emprego e renda? Apesar do Paraná ter um índice de empregabilidade alto, houve queda significativa da renda. Caíram as rendas das classes mais baixas e da classe média, entre 12,5% a 21%, de acordo o IBGE.

Professora Angela – A situação da classe trabalhadora é muito difícil no Paraná. Cerca de 50% da população vive com no máximo um salário-mínimo e 30% com no máximo dois salários-mínimos. 80% da população paranaense ganhou menos do que a média nacional e que a média do próprio estado. Em 2021 cerca de 16% das pessoas na força de trabalho estavam subutilizadas e, atualmente, um em cada três paranaenses trabalha na informalidade, sem carteira assinada ou vínculo empregatício, sem segurança ou garantias trabalhistas.

O governo de Ratinho Jr. não possui qualquer inciativa concreta para enfrentar isso. Nós, para enfrentar esta difícil situação vamos criar o Programa de pleno emprego. O Estado Paraná tem de ser um garantidor de trabalho à toda sua população, assim, sem uma parte das pessoas desesperadas por emprego, os salários são pressionados a subir e a qualidade de vida das pessoas melhora.

 

HojePR – Qual é a sua proposta para o setor de pequenas e médias empresas? Há a possibilidade de redução de impostos?

Professora Angela – São os pequenos negócios os grandes empregadores no Paraná. Em novembro de 2021, geraram cerca de 90% dos empregos e, assim como a agricultura familiar, são negligenciados pelo estado.  O governo anunciou celebrando que fechou o ano de 2021 com mais de 105 milhões de reais em operações de microcrédito, para apoiar empreendimentos informais, MEIs e micro e pequenas empresas. Assim como propagandeou que em abril de 2021, lançou um programa de crédito exclusivo para agricultura familiar e pequenas cooperativas, cujo alcance é estimado em R$ 500 milhões. Contudo só para a empresa Klabi, em 2019 concedeu 12,9 bilhões de reais em isenção fiscal.

Existe possibilidade de redução de impostos para os pequenos, mas é certo que acabaremos com as isenções absurdas para os grandes empresários.

 

HojePR – Qual é a sua estratégia para compensar a perda de arrecadação causada pela redução do ICMS da gasolina?

Professora Angela – Rever as absurdas isenções fiscais aplicadas pelo atual governo estadual para grandes empresas bilionárias. Também taxaremos pesadamente os produtos supérfluos e de luxo, bem como a transmissão de grandes heranças.

 

HojePR – O que você pretende fazer com o pedágio? Acha que o atual acordo será benéfico e menos prejudicial ao Estado do que aquele firmado pelo governador Jaime Lerner?

Professora Angela – As estradas do Paraná não terão mais pedágio no governo do PSOL. O atual acordo proposto pelo governo do Paraná é tão ruim quanto os anteriores.

Visando aumentar a competitividade econômica do Paraná, baratear o transporte dentro do nosso estado e garantir o direito à mobilidade da população, as rodovias paranaenses serão geridas pelo governo do Paraná, com a contratação de técnicos qualificados, por meio de concurso público. No nosso governo não existirão pedágios públicos e nem privados.

 

HojePR – A Agricultura ainda carece de infraestrutura, em especial, da porteira para dentro e nas estradas de ligação com a malha rodoviária. O que fazer? E quais são os seus planos para o escoamento de safra, pensando em todos os modais de transporte?

Professora Angela – A grande agricultura comercial agroexportadora e latifundiária vai muito bem no Paraná, destruindo o meio ambiente e gerando riqueza para si mesma. São os grandes latifundiários que apoiam o governo de ratinho e obtêm deste governo todo tipo de privilégios. Já o governo do PSOL investirá em infraestrutura voltada ao apoio aos pequenos agricultores, aos assentados e cooperativados.

 

HojePR – E há a necessidade de modernizar as empresas de extensão, cujo modelo continua muito focado às demandas das cooperativas, deixando uma parte dos produtores sem ações específicas para atendê-los. O que pode ser mudado? E qual é a política para a melhorar a segurança alimentar do Estado, que deixou de plantar alimentos para a mesa das famílias das cidades?

Professora Angela – As empresas de extensão serão orientadas a focar seus atendimentos na produção de alimentos, ajudando pequenos e médios produtores rurais, assentados e agricultores familiares.

O governo do Paraná, na gestão do PSOL, vai ser parceiro e incentivador da reforma agrária, buscando alterar o perfil de nossa produção agrícola, atendendo e incentivando aqueles agricultores que produzem alimentos, seja garantindo a compra da produção por preços mínimos, seja adquirindo parte de sua produção para os programas sociais e de merenda escolar. Financiamentos a juros baixos também estarão disponíveis.

A agricultura em áreas declivosas é um desafio e o reflorestamento e estabelecimento de unidades de conservação é uma alternativa importante.

 

HojePRO Paraná sempre veio num crescente de melhorias na Saúde. No entanto, a regionalização ainda é um gargalo. Mesmo com a entrega de obras iniciadas em 2016 e entregues nessa gestão, há vazios na Saúde como, por exemplo, na região Central, Sudoeste, Norte Pioneiro e o extremo limítrofe do Noroeste, do Norte, Oeste e Leste. Como fazer chegar novos equipamentos para esses pontos e também a medicina de média e alta complexidade, com equipamentos modernos e médicos especialistas?

Professora Angela – É grave a falta de determinadas especialidades em algumas regiões e municípios importantes do Estado. Toledo, por exemplo, não possui uma UTI pediátrica, e qualquer emergência mais séria com as crianças do município precisam ser atendidas por Cascavel, o que nem sempre é possível, colocando a vida das crianças em risco.

A negligência do governo ratinho com a saúde dos paranaenses só agravou esta situação. Não existe outro caminho que não seja a ampliação do SUS nas diversas regiões, com hospitais públicos, de média e alta complexidade, em uma expansão planejada e com decisões compartilhadas com os municípios.

 

HojePR – É a lei estadual 18.662/2015 que atualmente determina o tamanho do efetivo da Polícia Militar (PM) no Paraná. A norma elevou de 27.329 para 27.948 o número máximo de servidores da corporação. Seriam 22,7 mil vagas para o policiamento e 5,2 mil para o Corpo de Bombeiros. Esses números nunca chegaram a ser alcançados. E o mesmo acontece com a Polícia Civil, que tem efetivo enxuto. Como fortalecer o efetivo policial, que hoje trabalha no limite, sendo muito mais reativo que preventivo?

Professora Angela – Atualmente a Lei 21.115/22 estabeleceu um novo quantitativo de 28.416 militares estaduais.  No entanto, concordamos com os maiores especialistas em segurança pública de que não existe ligação entre um grande quantitativo de policiais militares e a melhoria na segurança pública. Neste sentido mais vale um contingente menor, bem preparado, bem remunerado, bem treinado, respeitador da lei e dos direitos das pessoas, do que um grande contingente mal treinado e mal remunerado. Mas também é necessário diminuir a carga horária semanal de trabalho da tropa, que regularmente passa de 50 horas, prejudicando a prestação de serviço. Para isso serão necessárias novas contratações.

De forma semelhante também será necessário recompor a força de trabalho na Polícia Civil, promovendo novos concursos.

 

HojePR – O que pode ser mudado dentro da Segurança Pública paranaense para diminuir a quantidade de crimes de roubos, assassinatos e feminicídio? E como combater também o crime contra a população LGBTQIA+?

Professora Angela – É preciso investir em investigação e inteligência, fortalecendo, capacitando e valorizando a Polícia Civil. Segundo o Instituto Sou da Paz menos de 50% dos homicídios são esclarecidos no Paraná.

Já o Feminicídio é resultado de uma complexa rede de causas e não pode ser combatido só pela repressão. O feminicídio é expressão do machismo e do patriarcado em nossa sociedade. É combatendo este sistema, com educação e repressão, que podemos diminuir as taxas de feminicídio no Paraná.

O enfrentamento a LGBTfobia passa pelo mesmo caminho. Combinar repressão com ações educacionais e campanhas de conscientização.

E para todos estes casos o fortalecimento e criação de guardas civis nos municípios, desmilitarizadas e sob controle comunitário é o caminho para a diminuição de toda a criminalidade.

 

HojePR – E qual é a estratégia para fortalecer a segurança dos produtores rurais de roubos e furtos de maquinários, insumos e produção?

Professora Angela – Mais uma vez aqui a resposta está na investigação. Este tipo de crime não é um crime de oportunidade, mas sim realizado por quadrilhas especializadas e estruturadas. É preciso descobrir quem são, para onde revendem o produto dos furtos e roubos e quem são os receptadores. Só assim é possível desarticular este tipo de crime, quebrando suas conexões econômicas e organizativas.

Achar que apenas as patrulhas rurais vão resolver o problema, como faz o atual governador, é querer iludir as pessoas, mas não resolve este tipo de criminalidade.

 

HojePR – A evasão escolar, registrada em 2021, atingiu cerca de 100 mil alunos do ensino médio e cerca de 40 mil jovens do ensino fundamental. E a previsão, em 2022, é que essa mesma margem seja alcançada, segundo levantamentos da ong Todos pela Educação e o IBGE. O que tem provocado essa grande evasão e como reverter esses números aumentando o número de jovens na escola?

Professora Angela – A educação está sofrendo um verdadeiro apagão no governo de Ratinho Jr. O aumento da evasão escolar compõe este cenário desalentador e o governo do estado não produz um único dado confiável sobre os problemas enfrentados. Desta forma é preciso, em primeiro lugar, identificar os fatores que compõem esta problemática, como por exemplo, traçar o perfil dos evadidos e a sua motivação. Com uma educação que acolhe a todos e todas, que promove espaços de participação e provê os recursos necessários, podemos minimizar a evasão.

Para começar a enfrentar esta questão algumas estratégias serão adotadas emergencialmente, entre elas a busca ativa de estudantes, investimento na formação continuada dos profissionais da educação, parceria com as famílias e programas de apoio social.

 

HojePR – O ensino técnico foi terceirizado na atual gestão, tornando-se um híbrido de aulas online e aulas presenciais. Diversas escolas se rebelaram com esse modelo, voltando a prática de aulas presenciais e com o uso de laboratórios e aulas práticas. Qual é a visão sobre ao atual modelo e qual é a sua proposta?

Professora Angela – Trata-se de um grande escândalo o que o governo estadual fez com o ensino técnico no Paraná. O modelo adotado de ensino técnico nas mãos de uma instituição privada e com aulas a distância representou um grande retrocesso para o Paraná.

No governo do PSOL o controle, planejamento e execução dos cursos técnicos será feito diretamente pelo estado, com professores concursados, com aulas 100% presenciais, fortalecendo nossas escolas técnicas e ampliando a oferta deste ensino em todo o Paraná.

 

HojePR – Qual é a sua estratégia para fazer com que o Paraná esteja na liderança do Ideb nos quatros anos de gestão?

Professora Angela – Avaliações educacionais como o Ideb não podem servir para criar rankings onde um estado está em competição com outro, estimulando práticas nem sempre condizentes com uma educação voltada para a emancipação humana. Avaliações educacionais de larga escala servem para fazer um diagnóstico do funcionamento de todo o sistema escolar, e ainda assim trata-se de um diagnóstico parcial, posto que não levam em conta as condições de cada unidade e os diferentes contextos socioeconômicos em que estão inseridas. A revolução que faremos na educação começa com a realização de concursos públicos e a valorização dos profissionais da educação, o que significa melhores salários e melhores condições de trabalho, bem como com a melhoria da infraestrutura das escolas e o aperfeiçoamento da gestão democrática.

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