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18/04/2024

ELEIÇÕES 2022

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Em entrevista ao HojePR, Vivi Motta defende fim da terceirização no Estado

 Em entrevista ao HojePR, Vivi Motta defende fim da terceirização no Estado

Um Paraná que acredita na luta de classe e que terá os trabalhadores no poder. São essas as ideias que a candidata ao governo de Estado pelo PCB, Vivi Motta, defende. Quarta entrevistada da série do HojePR, ela quer um Estado mais voltado para as pessoas de menor poder aquisitivo e mais duro como os mais ricos do Paraná.

Na série de entrevistas do HojePR já foram entrevistados os candidatos Roberto Requião (PT), o governador Ratinho Junior (PSD) e a Professora Angela Machado (PSOL). Nosso compromisso é com o eleitor e, dessa forma, mantivemos o foco das perguntas nas propostas que cada um tem para o futuro do Estado.

O portal pediu, também, que o candidato gravasse um vídeo se apresentando ao eleitor e explicando suas motivações para concorrer ao cargo de governador. O HojePR entende a correria do dia a dia de uma campanha eleitoral e, dessa forma, compromete-se a incluir no portal os vídeos que, porventura, sejam encaminhados com atraso.

Confira o vídeo de apresentação da candidata do PCB e também a sua visão e propostas para o Paraná.

 

 

HOJEPR – Quem sou eu e o que me motivou a concorrer ao cargo de governador?

Vivi Motta – Sou Vivi Motta, candidata ao Governo do Estado pelo Partido Comunista Brasileiro, nos inscrevemos nessas eleições para contribuir no avanço da consciência de classe dos trabalhadores brasileiros e para apresentar nossa plataforma de propostas tanto para os problemas imediatos, quanto a nossa estratégia.

 

HojePR – Qual é a sua proposta para a geração de emprego e renda? Apesar do Paraná ter um índice de empregabilidade alto, houve queda significativa da renda. Caíram as rendas das classes mais baixas e da classe média, entre 12,5% a 21%, de acordo o IBGE.

Vivi Motta – O PCB apresenta como proposta para geração de empregos a redução da carga de trabalho para 30 horas semanais. Foi em 1932 que, em razão das lutas dos trabalhadores, pudemos reduzir a carga para 44 horas. A redução da carga horária é necessária para melhorar a qualidade de vida do trabalhador. Embora faltem empregos, há muito trabalho a ser realizado, uma das propostas do PCB é a construção de frentes emergenciais para realização de obras de infraestrutura dos serviços urbanitários, como saneamento, eletricidade; reforma de escolas, hospitais e serviços públicos; ampliação da malha ferroviária estadual, priorizando esse tipo de modal no transporte de mercadoria e pessoas; e construção de moradias populares, para pôr fim ao déficit habitacional.

 

HojePR – Qual é a sua proposta para o setor de pequenas e médias empresas? Há a possibilidade de redução de impostos?

Vivi Motta – Parte desse setor são trabalhadores precarizados, dos quais estão em relações de trabalho que necessitam um CNPJ para atuar e são bombardeados por uma ideologia que os chamam de “empreendedores”, mas na verdade, como nós, fazem parte da classe trabalhadora, prova disso é que 90% dos “empreendedores”, não têm funcionários e metade ganha só um salário mínimo, conforme o Atlas dos Pequenos Negócios do Sebrae. Nosso projeto, portanto, é garantir que essa parcela da população tenha seus direitos trabalhistas garantidos e a existência de uma cobrança progressiva de impostos, de acordo com o rendimento de cada contribuinte, além da criação de um imposto especial sobre lucros e dividendos, grandes fortunas, transações financeiras e herança.

 

HojePR – Qual é a sua estratégia para compensar a perda de arrecadação causada pela redução do ICMS da gasolina?

Vivi Motta – Primeiramente, reestatizando empresas lucrativas que foram privatizadas, como a COPEL Telecom recentemente, já que todo o lucro que era revertido ao estado, hoje está nos bolsos dos acionistas, outras propostas presentes em nosso projeto são estabelecer cobrança de IPVA sobre meios de transporte particulares de luxo e sobretaxa de bens de consumo de luxo, reabertura da FAFEN e readmissão de trabalhadores, cobrança progressiva de impostos. Sobretudo, precisamos gerar valor no estado do Paraná e não podemos fazer isso de outra forma que não seja pelo trabalho, nesse sentido precisamos acabar com o desemprego, inclusive pela criação de frentes de trabalho emergenciais.

 

HojePR – O que você pretende fazer com o pedágio? Acha que o atual acordo será benéfico e menos prejudicial ao Estado do que aquele firmado pelo governador Jaime Lerner?

Vivi Motta – Os pedágios ficaram cerca de 1 ano com as cancelas abertas após a finalização do contrato de concessão que durou 24 anos. O Paraná possuía os pedágios mais caros do Brasil e o fim do contrato foi apontado como o “fim do preço injusto nos pedágios” com a propaganda de tarifas mais baixas na nova concessão. Ocorre que a ANTT, entregou ao TCU uma nota técnica que prevê o aumento da tarifa em 23,3% entre o trecho de Curitiba e o Litoral Paranaense, mesmo sem o início da nova concessão, o que faz com que as tarifas sejam ainda mais altas que as anteriores. Nesse sentido, precisamos pôr fim às concessões, estatizando as rodovias. A corrupção é uma marca na história dos pedágios paranaenses e do sistema capitalista, precisamos de uma gestão que não vise o lucro e que esteja sob controle popular.

 

HojePR – A Agricultura ainda carece de infraestrutura, em especial, da porteira para dentro e nas estradas de ligação com a malha rodoviária. O que fazer? E quais são os seus planos para o escoamento de safra, pensando em todos os modais de transporte?

Vivi Motta – A política de desenvolvimento agrícola do PCB é voltada à agricultura familiar, em oposição ao atual, a exemplo da fusão da EMATER-IAPAR que levou ao corte de investimentos em extensão rural essenciais aos pequenos produtores. Precisamos ampliar os investimentos em logística dessas propriedades. A proposta da Nova Ferroeste, de ampliação e privatização da ferrovia, é responsável por trazer vários prejuízos para os trabalhadores, considerando apenas os interesses dos grandes empresários, desconsiderando os impactos ambientais na Serra do Mar, que ameaça as comunidades, fauna e flora de Morretes e ignora a alternativa apresentada pela comunidade que minimizaria os impactos na região. O PCB propõe a ampliação das ferrovias estatais, considerando alternativas que levem a menores impactos ambientais.

 

HojePR – E há a necessidade de modernizar as empresas de extensão, cujo modelo continua muito focado às demandas das cooperativas, deixando uma parte dos produtores sem ações específicas para atendê-los. O que pode ser mudado? E qual é a política para a melhorar a segurança alimentar do Estado, que deixou de plantar alimentos para a mesa das famílias das cidades? E qual é a política agrícola para as áreas declivosas (concentradas na região central e no Norte Pioneiro e parte do Sul e Sudoeste)?

Vivi Motta – Defendemos uma extensão rural pública e voltada a quem precisa: agricultores familiares, assentados, quilombolas e povos indígenas, objetivando transição agroecológica. Conforme último censo, a agricultura familiar tem 23% das terras de produção agrícola e mesmo assim supera a produção de grandes latifúndios em certos campos, como a produção de leite, café, cacau, banana, cabeças de suínos, caprinos e frango, emprega 63% dos trabalhadores rurais e, segundo relatório da FAO, produz 70% dos alimentos que vão pra mesa dos brasileiros (devido ao índice de exportação e monocultura dos latifúndios). A segurança alimentar vem do incentivo dessa agricultura. Em áreas declivosas torna-se muito difícil a utilização de maquinários tradicionais, exigindo o investimento em tecnologia no campo.

 

HojePR – O Paraná sempre veio num crescente de melhorias na Saúde. No entanto, a regionalização ainda é um gargalo. Mesmo com a entrega de obras iniciadas em 2016 e entregues nessa gestão, há vazios na Saúde como, por exemplo, na região Central, Sudoeste, Norte Pioneiro e o extremo limítrofe do Noroeste, do Norte, Oeste e Leste. Como fazer chegar novos equipamentos para esses pontos e também a medicina de média e alta complexidade, com equipamentos modernos e médicos especialistas?

Vivi Motta – A proposta do PCB é ampliar a rede de hospitais regionais de média complexidade para evitar os longos deslocamentos à capital, a expansão e reversão das privatizações na saúde pública, bem como a estatização de todo o setor privado de saúde, incluindo a rede de assistência, setores de pesquisa, fármacos, imunobiológicos, hemoderivados e insumos, indústria de material médico-hospitalar e de equipamentos. Ampliação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) nas macrorregionais articulando o trabalho com as organizações de trabalhadores para que possa intervir de forma propositiva, educativa e, quando necessária, impositiva, nos riscos ocupacionais individuais e coletivos levantados por metodologias de análises de situação de saúde dos trabalhadores para, assim, oferecer medidas preventivas, curativas e reabilitadoras.

 

HojePR – É a lei estadual 18.662/2015 que atualmente determina o tamanho do efetivo da Polícia Militar (PM) no Paraná. A norma elevou de 27.329 para 27.948 o número máximo de servidores da corporação. Seriam 22,7 mil vagas para o policiamento e 5,2 mil para o Corpo de Bombeiros. Esses números nunca chegaram a ser alcançados. E o mesmo acontece com a Polícia Civil, que tem efetivo enxuto. Como fortalecer o efetivo policial, que hoje trabalha no limite, sendo muito mais reativo que preventivo?

Vivi Motta – A política de segurança pública no Paraná tem funcionado a serviço da proteção da propriedade burguesa e do latifúndio, com viés claramente racista e anti-trabalhadores. Os governos que se sucederam no comando do estado têm repetido a mesma política de truculência ilimitada contra os trabalhadores, sob o manto de discursos falaciosos como “segurança cidadã” e “segurança com eficiência”. O resultado é sempre mais violência contra a classe trabalhadora. Propomos a total desmilitarização das polícias e desarmamento da GCM em paralelo com políticas públicas que garantam alimentação, moradia, emprego, educação, saúde e lazer nas comunidades periféricas de todo o estado, atuando numa lógica comunitária e de prevenção, sobretudo garantindo melhores condições de vida à população periférica.

 

HojePR – O que pode ser mudado dentro da Segurança Pública paranaense para diminuir a quantidade de crimes de roubos, assassinatos e feminicídio? E como combater também o crime contra a população LGBTQIA+?

Vivi Motta – Impossível falar em solução para a segurança pública sem tocar na essência da instituição: a polícia militar até o golpe de 64 era uma instituição voltada para a repressão de manifestações e greves, enquanto no cotidiano eram forças civis as responsáveis pela segurança, a partir do golpe, a guarda civil foi incorporada à Força Pública e isso deu origem à PM. Atuar contra a lógica da militarização total da polícia é atuar contra o crime organizado e outras ações que impactam diretamente no aumento de crimes cotidianos. O Brasil está na 1ª posição dos países que mais matam LGBTs e entre os mais perigosos para indígenas e campesinos, a “segurança pública” tem sido nada mais que um dístico para esconder a real política de extermínio levada a cabo pelo estado em prol dos interesses burgueses.

 

HojePR – E qual é a estratégia para fortalecer a segurança dos produtores rurais de roubos e furtos de maquinários, insumos e produção?

Vivi Motta – O Brasil é o 4º país mais perigoso do mundo para ambientalistas, assassinatos a indígenas e campesinos são cada vez mais comuns. Segundo levantamento da CPT, assassinatos no campo subiram 75%. Ou seja, a grande vítima na violência no campo são os trabalhadores rurais e nisso o cenário do Brasil é vergonhoso, fazendo inclusive com que o Estado brasileiro estivesse no bando dos réus na Comissão Interamericana de Direitos Humanos em razão do assassinato de Waldomiro Costa Pereira, militante do MST, a criminalização dos movimentos populares é marcante no Brasil, apoiada em mentiras e distorções, pois atacam diretamente interesses dos latifundiários. Acima da propriedade privada, defendemos o direito à vida.

 

HojePR – A evasão escolar, registrada em 2021, atingiu cerca de 100 mil alunos do ensino médio e cerca de 40 mil jovens do ensino fundamental. E a previsão, em 2022, é que essa mesma margem seja alcançada, segundo levantamentos da ong Todos pela Educação e o IBGE. O que tem provocado essa grande evasão e como reverter esses números aumentando o número de jovens na escola?

Vivi Motta – O Paraná apresentou uma queda acentuada de matrículas, o dobro da porcentagem em relação à queda nacional, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, inclusive na EJA, esse processo é resultado de um esvaziamento do processo educativo, aumento da exclusão da parcela mais vulnerável da população e piora na qualidade do ensino em geral que foram gerados pela Educação à Distância e pelos contratos com o Governo do Estado. Além disso o fechamento de turmas no período noturno também contribui para esse processo.

 

HojePR – O ensino técnico foi terceirizado na atual gestão, tornando-se um híbrido de aulas online e aulas presenciais. Diversas escolas se rebelaram com esse modelo, voltando a prática de aulas presenciais e com o uso de laboratórios e aulas práticas. Qual é a visão sobre ao atual modelo e qual é a sua proposta?

Vivi Motta – O resultado do modelo híbrido de educação é a radicalização da separação entre teoria e prática, calcada na divisão social do trabalho no capitalismo. O fracasso desse modelo pode ser aferido no gasto com funcionários que aumentou enquanto o salário dos trabalhadores diminuiu; provando que o único objetivo da terceirização é precarizar as condições de trabalho e repassar verbas públicas para empresas privadas. Os trabalhadores das empresas terceirizadas estão sobrecarregados e adoecendo, são frequentes as denúncias por assédio, más condições de trabalho e perda de direitos, evidenciando o sucateamento da educação e as mazelas da exploração da força de trabalho. Propomos a revogação dos contratos com empresas terceirizadas, bem como o fim de todas contratações precárias e temporárias.

HojePR – Qual é a sua estratégia para fazer com que o Paraná esteja na liderança do Ideb nos quatros anos de gestão?

Vivi Motta – Reverter a implementação do Novo Ensino Médio Paranaense, assegurando a permanência, garantindo a unicidade das dimensões científicas-tecnológicas-culturais nos currículos e propostas pedagógicas, fim da militarização das escolas públicas, concurso público para todas as etapas e modalidades de ensino, diminuição imediata do número de estudantes máximos por sala de aula, e garantia de serviços inteiramente públicos nas instituições públicas de ensino, revogação a lei 199/2020, criação de um programa estadual de alimentação escolar para toda a educação básica, entre outras medidas de valorização dos professores e investimento público constantes em nosso projeto.

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