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29/03/2024

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Leonardo Petrelli: uma história de sucesso (II)

 Leonardo Petrelli: uma história de sucesso (II)

Por André Lopes, Fernando Ghignone e Mauricio Marques

 

Na primeira parte da entrevista ao HojePR, o empresário Leonardo Petrelli fez um relato detalhado dos primeiros passos da família no ramo da comunicação e traçou um emocionado perfil da personalidade, ousadia e determinação do seu pai, Mario Petrelli, no mundo dos negócios.

Leonardo Petrelli contou, também, como foi sua formação profissional e o início da sua caminhada nesse ramo extremamente competitivo.

As dificuldades, as alegrias, o sucesso e os anos de Rede Globo. Nada ficou sem resposta.

Na segunda parte da entrevista, Petrelli revela porque deixou a emissora da família Marinho e como os Petrelli decidiram tentar, pela segunda vez, implantar uma rede de comunicação no Paraná.

Na sexta-feira (14), o início e a consolidação do maior grupo de comunicação do Paraná.

 

HojePR – Tudo estava indo bem na Globo. Você fazia sucesso, estava assumindo mais responsabilidades e, inevitavelmente, acabaria por se consolidar na emissora da família Marinho. Então, você resolve deixar a Globo. Por que?

Leonardo Petrelli – Meu pai, que era um cara muito sedutor, trabalhava no Rio de Janeiro, assim como eu. Nós jantávamos juntos toda semana e toda semana ele vinha com a história de montarmos algo juntos. Ele tinha essa vontade. Aí, por coincidência, depois de uns três ou quatro anos que eu estava na Globo, ele conseguiu uma oportunidade de comprar a estrutura do Positivo, aqui no Paraná. Então, esse foi o início, em 1986.

 

HojePR – Como seu pai lhe convenceu a deixar a Globo e embarcar nesse negócio?

Leonardo Petrelli – Ele disse que tinha uma oportunidade boa. Para explicar: o grupo Positivo tinha duas rádios em Curitiba, a FM-104 e a Rádio Independência, duas rádios muito fortes, e tinha uma televisão, chamada Vanguarda, em Cornélio Procópio, que era um elefante branco. Eles estavam querendo deixar o negócio, pois estavam em dificuldades naquela ocasião, precisavam fazer caixa. A curiosidade aqui é que o Oriovisto Guimarães, hoje senador, foi enganado na época. Ele comprou aquele negócio achando que ia fazer uma super televisão, para o Norte do Estado inteiro. Não conseguiu. A sede era em Cornélio Procópio, então tinha dificuldade de transmissão em Londrina e Maringá. Tinha uma estrutura com mais de dois mil e quinhentos metros quadrados e mais de 150 funcionários. Mas não tinha programação. Ele fazia telecinagem. Enfim, era um horror. Perdia dinheiro que era uma loucura. Meu pai propôs a ele a compra do negócio e me ofereceu 20% de participação acionária para trabalhar com ele. Eu olhei aquilo tudo, avaliei e considerei uma boa oportunidade. Na minha vida profissional eu nunca desperdicei oportunidades. Eu tive a chance de fazer uma empresa de telemarketing, depois uma empresa de educação a distância, enfim, eu sempre olhava as coisas e decidia encarar. Foi esse o caso. Eu tinha 26 anos e disse a ele: “vamos nessa”.

 

HojePR – Quando se dá o seu retorno ao Paraná?

Leonardo Petrelli – Foi na hora que começamos a montar isso. É interessante porque, naquela ocasião, voltando à falência da Tupi, o governo retomou as concessões e colocou novamente no mercado para que elas fossem disputadas por grupos econômicos. Me lembro que o Grupo Abril tentou, de novo, entrar no negócio. Os militares não deixaram e acabaram entregando as concessões para dois grupos: Bloch e Silvio Santos. Estavam, portanto, se formando as duas redes no Brasil para tentar concorrer com a Globo. Seriam a Manchete, do Adolpho Bloch, e a TVS, na época, do Silvio Santos. Ainda não era SBT. Então, meu pai viu que era uma oportunidade da gente ter programação. Eu retornei para o Paraná e nos afiliamos por primeiro para a Manchete. Foi, inclusive, a primeira afiliação da Manchete, quando ela surgiu, que foi a emissora de Cornélio Procópio. Eu vim para cá para tocar essa estrutura.

 

HojePR – Você acumulava como experiência, nesse retorno, os anos de Globo. No entanto, mesmo nos explicando que era um trabalho muito semelhante à gestão de uma empresa, você trabalhou na área de produção de programas. Como foi o começo da sua experiência no comando de uma emissora?

Leonardo Petrelli – Eu era um cara novo e sem muita experiência. O Oriovisto, naquela ocasião, ficou como sócio minoritário na operação e me ajudou muito. O Oriovisto foi meu parceiro. Eu tinha toda a estrutura do Positivo na área administrativa e financeira. Já tinha, também, uma parte comercial. Eu tinha, nesse começo, figuras como o Aldo Schiochete e o Aldo Malucelli, que já eram dessa estrutura e me ajudaram a compor. Aí iniciou-se a operação.

 

HojePR – Quais foram as dificuldades encontradas no início?

Leonardo Petrelli – Olha, vou contar algo que nunca mencionei. Não precisa ser um off. Houve uma frustração da minha parte. Quando meu pai me convidou para entrar no projeto, ele me convidou para entrar num negócio que era meu e dele. Eu ia trabalhar para ele. Eu ia ganhar em participação acionária, voltei com uma mão na frente outra atrás, um salário pequeno, e eu ia tocar um negócio que era nosso. Isso era o que me seduzia. Meu pai era muito articulador, vivia olhando oportunidades. Então, ele vem pra mim e diz que vendeu parte do nosso negócio. Eu disse, “mas assim, sem falar comigo?”. “Eu tenho uma pessoa, que é muito ligada a um grupo político e que eu tenho interesse em me aproximar”, me respondeu ele. Esse grupo era o do José Richa e a pessoa era o Silvio Name, que entra na operação.

 

HojePR – A aproximação com o José Richa visava a concessão de Maringá para o Silvio Name?

Leonardo Petrelli – Na verdade, para nós. Meu pai enxergou isso quando buscou a aproximação com esse grupo.

 

HojePR – Então, o negócio, que era para ser familiar, passa a ser dividido com esse grupo político?

Leonardo Petrelli – Exatamente. E é justamente aí que há uma certa frustração da minha parte, no sentido de gestão. Eu gosto muito do Silvio Name, mas um garoto como eu era na época, que tinha o sonho de fazer uma comunicação diferenciada, um jornalismo independente, com o propósito de fazer diferente, de repente se vê associado a uma pessoa que tem outros interesses, onde você fica amarrado com situações políticas. Então, frustrado, houve um certo afastamento meu do negócio.

 

HojePR – Você deixou a empresa?

Leonardo Petrelli – Eu continuei a frente dela, mas eu passei um período me dedicando à expansão do grupo, que foi, naquela época, o último a se formar no Paraná. A Manchete não era grande coisa e era muito difícil você obter boas concessões de canais. Hoje o jogo zerou com a digitalização. Todo mundo tem o mesmo canal, todo mundo tem a mesa potência e todo mundo tem a mesma cobertura. Naquela ocasião, quem entrou antes se dava melhor. A Globo, por exemplo, tinha um super transmissor aqui, com cobertura muito potente. Quando você está entrando por último, teu canal é lá no quinto dos infernos, com uma potência pequena. Então era muito difícil você ter audiência, por mais que você tivesse uma boa produção. Então, aquele período foi de expansão. Foi um trabalho árduo de colocar o sinal da Rede Manchete no Paraná inteiro. Foi quando a gente saiu de Cornélio Procópio, colocamos o sinal em Londrina, Maringá, Cascavel. Aí perdemos a concessão em Curitiba para os Martinez, tivemos que comprar deles. Foi uma concessão disputada e os Martinez nos venceram nos 46 minutos do segundo tempo. Eles já tinham a televisão aqui e conseguiram, através de uma outra pessoa jurídica, a concessão. Tivemos que comprar deles para poder montar aqui.

 

HojePR – A entrada em Curitiba é a consolidação da rede?

Leonardo Petrelli – Com a compra da concessão de Curitiba e assumindo definitivamente a transmissão da Manchete, começamos a formar a rede. Começamos aqui com Curitiba. Com Cornélio Procópio expandimos a Londrina, ganhamos a concessão de Maringá através da influência do José Richa e depois, por último, ganhamos a concessão de Toledo e, com isso, num período de cinco a seis anos, nós montamos a rede. Até então, montamos a rede sob a programação da Manchete.

 

HojePR – Era uma época em que a Manchete até teve alguns sucessos, mas não deve ter sido fácil conviver com uma empresa que tinha sérios problemas financeiros.

Leonardo Petrelli – Tivemos nossos percalços com eles, percalços grandes. A Manchete teve bons sucessos, como a novela Pantanal e algumas séries, o próprio Carnaval, que em um ano ela conseguiu tirar da Globo, chegou a ter um jornalismo interessante e qualificado, mas era um pessoal que tinha uma dificuldade financeira muito grande para enfrentar a Globo. A Manchete não tinha nenhum planejamento estratégico. Na direção tinham o Adolpho Bloch, e os sobrinhos dele, o Oscar Bloch e o Pedro Jack Kapeller, o Jaquito. Um trio sem nenhuma visão estratégica do negócio. O Adolpho era um gráfico, a origem dele era essa, e eles entraram nessa parada de televisão, que exigiu recursos tremendos que eles não tinham. Mas eles foram muito resilientes. A Manchete deixou bons exemplos, eles enfrentaram a Globo de frente. A estrutura de dramaturgia da Globo, por exemplo, em especial do Rio de Janeiro, teve na Manchete uma opção, tanto que o próprio Jayme Monjardim foi pra lá, o Benedito Ruy Barbosa e uma série de autores foram para lá e fizeram um belo trabalho. Só que não tinha recursos financeiros e, nesse negócio, se você não tem uma capacidade financeira e uma geração de caixa para continuar investindo para enfrentar uma mudança de hábito, fica muito difícil competir. Então, nesse período fomos Manchete, fizemos algumas mudanças em termos de programação de rádio, pois continuamos com as duas rádios com bastante liderança, e aí, a Manchete quebrou e ficamos mais uma vez sem programação.

 

Leia a primeira parte da entrevista: Leonardo Petrelli: uma história de sucesso

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