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MON apresenta exposição de Juarez Machado que retrata trajetória do artista

26/05/2022

A exposição comemorativa “Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos”, que será inaugurada no Museu Oscar Niemeyer (MON) em 2 de junho, apresenta a obra de um dos mais representativos e importantes artistas brasileiros. O multiartista catarinense tem sua história ligada a Curitiba, para onde se mudou no início dos anos 1960 para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap). Ele completou 80 anos em 2021.

 

A exposição reúne 166 obras em diversos suportes: pintura, desenhos, fotos, escultura e instalação. A coletânea abrange desde o início da carreira do pintor na capital paranaense até sua fase internacional com a mudança para Paris, em 1986 — passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista, escultor e cartunista, entre outros ofícios criativos. A curadoria é de Edson Busch Machado.

 

“Lúdica e poética como tudo o que Juarez Machado produz, a mostra percorre com interatividade diferentes décadas, estilos, localidades, materiais, técnicas, mídias e vertentes artísticas”, afirma a diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, Juliana Vosnika. “Artista com obra no acervo, ele escreve agora o seu nome definitivamente na história do MON, num importante momento em que completa 20 anos e se consolida entre os principais museus da América Latina”, comenta.

 

 

Mostra conta com desenhos feitos com graxa

A exposição inclui trabalhos que remetem ao início da carreira de Juarez Machado na Capital. “Seu despertar como artista teve início em Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de seguir pelo mundo”, diz Busch, que é também irmão do artista.

 

A mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na Rua XV de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez Machado nem sequer tinha recursos para comprar tintas. “O público de Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu em Curitiba de 1961 a 1964, quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osorio Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, lembra o curador.

 

Exposição com nome de clássico

O nome da exposição — uma referência ao clássico de Júlio Verne “A Volta ao Mundo em 80 Dias” — traduz, em parte, o movimento constante de Juarez Machado, que nasceu em Joinville (SC), em 1941, e hoje se divide entre seus ateliês nas capitais fluminense e francesa depois de correr o mundo.

 

A mostra inclui obras produzidas em diferentes locais — sobretudo em ateliês em Paris, mas também em outros temporários para o artista, como Veneza e Saint Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a exposição reúne muito didaticamente”, explica Busch.

 

Juarez Machado influenciou muitos artistas

A obra de Juarez Machado tornou-se patrimônio mundial, colecionando prêmios de arte nacionais e internacionais. Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações de artistas no Brasil e no Exterior.

 

Entre os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor francês de cinema Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no inconfundível universo de cores do pintor para criar o visual do famoso filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). O diretor conheceu o artista no início dos anos 2000, comprou quadros e estudou seu estilo.

 

“É possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do filme com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas obras do artista”, explica Busch. “O público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral que são vistos em ‘Amélie’”, explica Busch.

 

No Brasil, o artista multimídia também deixou sua marca em referências da cultura popular como o semanário impresso “O Pasquim” e na TV Globo, onde criou quadros humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos. Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez Machado criou e estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970.

 

A exposição fará referência a este famoso personagem nacional com a exibição de alguns desses vídeos em dois monitores. “É realmente uma figura significativa para muita gente que começou a conhecer Juarez a partir deste quadro do ‘Fantástico’”, lembra o curador.

Capas de discos, esculturas e a famosa bicicleta

Também tiveram a assinatura de Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer.

 

Algumas das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias e informações biográficas.

 

Entre os destaques da exposição estão dezenas de esculturas, suporte com o qual Juarez Machado se destacou logo no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões.

 

Também estará presente a famosa bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo do Instituto Juarez Machado.

 

Instituto Juarez Machado

Mais recente empreendimento de Juarez Machado em Joinville, o instituto que leva seu nome foi fundado por ele em 2014, com a ideia de estimular a arte na cidade catarinense. A instituição, sediada em uma antiga casa da família construída em meados da década de 1930, desenvolve pesquisas, resgate e promoção de obras de Juarez e de outros artistas locais.

 

O instituto vem desenvolvendo mostras paralelas a partir da aprofundada pesquisa sobre a trajetória de Juarez Machado para a exposição que será aberta no Museu Oscar Niemeyer.

 

Uma visita movida a bicicleta

Segundo o curador da exposição, Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se estivesse fazendo um passeio de bicicleta — um dos ícones do universo pictórico de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição.

 

“Juarez mescla a bicicleta, um elemento da infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo da anatomia na Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas demais obras”, explica. “É uma viagem de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos — os ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Busch.

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