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SAÚDE

Páscoa e tratamento oncológico: como manter o equilíbrio sem abrir mão do sabor e do convívio familiar

14/04/2025

A Páscoa é uma data marcada por celebrações em família, pratos tradicionais e, claro, muito chocolate. Para muitas pessoas, ela também carrega um profundo significado cristão de renovação, esperança e vida nova — valores que se conectam com a vida, mas em especial com o momento de quem enfrenta o câncer com coragem e fé. Para pacientes em tratamento oncológico, esse período pode gerar dúvidas quanto ao que é ou não permitido na alimentação. Pensando nisso, o Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) preparou um conteúdo especial com orientações nutricionais voltadas a pacientes e familiares, com base em evidências científicas e práticas seguras.

Abaixo, a nutricionista oncológica do IOP, Amanda Rangel, responde às principais dúvidas:

1. Durante o tratamento oncológico, o consumo de chocolate na Páscoa é permitido? Existem restrições quanto ao tipo ou à quantidade?

Sim, o consumo de chocolate pode ser permitido durante o tratamento oncológico, mas é importante que isso seja avaliado de forma individualizada. A recomendação depende da fase do tratamento, dos sintomas apresentados pelo paciente e das orientações da equipe multiprofissional. Pacientes que apresentam sintomas gastrointestinais, como náuseas, diarreia ou refluxo, devem ter atenção especial, já que o chocolate pode conter quantidades elevadas de gordura e açúcar, o que pode piorar esses quadros. Nesses casos, a moderação é essencial.
Além disso, os pacientes devem redobrar os cuidados com a qualidade e procedência dos alimentos consumidos, priorizando produtos armazenados corretamente, embalagens íntegras, dentro do prazo de validade. A recomendação é que qualquer ajuste na dieta seja feito com o acompanhamento do nutricionista responsável pelo tratamento, respeitando as necessidades e limitações de cada caso.

2. Quais tipos de chocolate são mais recomendados para quem está em tratamento oncológico?

Entre as opções disponíveis, o chocolate meio amargo ou amargo costuma ser o mais indicado. Isso porque possui maior teor de cacau, significa que tem mais compostos bioativos com ação antioxidante e anti-inflamatória, que podem trazer benefícios à saúde. Além disso, esses chocolates geralmente contêm menos açúcar e gordura em comparação com os chocolates ao leite ou branco.

Já os chocolates ao leite e brancos, por apresentarem maior quantidade de açúcar e gordura, devem ser consumidos com mais moderação, especialmente por pacientes com sintomas gastrointestinais. Para pacientes com diabetes ou restrição ao açúcar, o ideal é optar por chocolates diet (zero açúcar), sempre observando a quantidade consumida. Independentemente da escolha, o mais importante é que o consumo seja feito com equilíbrio e dentro das orientações nutricionais personalizadas para cada paciente.

3. A Páscoa costuma ser marcada por refeições fartas e celebrações em família. Quais cuidados alimentares devem ser priorizados por quem está em tratamento?

Mesmo em momentos festivos como a Páscoa, é fundamental manter uma alimentação equilibrada durante o tratamento oncológico. Pacientes imunossuprimidos, devem redobrar a atenção com a higiene dos alimentos, especialmente saladas cruas. Além disso, é importante evitar alimentos com maior risco de contaminação, como carnes cruas ou mal passadas, ovos crus ou com gema mole e peixes crus.

Para aqueles que apresentam sintomas gastrointestinais, como náuseas, refluxo ou diarreia, recomenda-se evitar pratos muito gordurosos, como frituras, molhos à base de queijos e preparações com mais gorduras, que podem intensificar o desconforto. Nesses casos, o ideal é optar por alimentos cozidos ou assados, com temperos naturais, proteínas magras e vegetais bem cozidas, que são mais fáceis de digerir e ainda assim nutritivos.

Celebrar com afeto e cuidado é possível e a alimentação pode ser uma aliada importante nesse momento.

4. Existe algum alimento típico da Páscoa que deve ser evitado por pacientes em quimioterapia ou radioterapia?

Sim, alguns alimentos tradicionais da Páscoa exigem atenção especial para quem está em tratamento oncológico, especialmente durante a quimioterapia ou radioterapia, quando o sistema imunológico pode estar mais fragilizado.

Entre os itens que devem ser evitados estão peixes e frutos do mar crus, preparações com ovos crus também, como maionese caseira. Esses alimentos aumentam o risco de infecções alimentares, o que pode comprometer a segurança do paciente.

Também é importante evitar o consumo de bebidas alcoólicas. O álcool pode irritar o trato gastrointestinal e interferir na ação de medicamentos utilizados no tratamento, potencializando efeitos colaterais ou reduzindo a eficácia terapêutica.

Com pequenas adaptações, é possível celebrar com segurança e prazer, respeitando as necessidades individuais de cada paciente.

5. Como tornar a Páscoa mais leve e segura para pacientes oncológicos, sem abrir mão do sabor e do convívio familiar?
Celebrar a Páscoa com leveza, acolhimento e cuidados à mesa é possível — e altamente recomendado. Algumas dicas práticas incluem:
• Investir em preparações caseiras e assadas, com baixo teor de gordura
• Recriar pratos tradicionais, como o bacalhau, utilizando vegetais, azeite, temperos naturais, ao invés de versões com queijos e cremes;
• Realizar as refeições com calma
• Valorizar o ambiente afetivo e o tempo em família, respeitando o apetite
“Mais do que o que se come, a forma como se vive esse momento pode transformar a experiência — com presença, cuidado e amor. Alimentar-se bem durante o tratamento não significa abrir mão do sabor ou da convivência familiar. Com orientações adequadas e adaptações simples, é possível manter o prazer à mesa com segurança e equilíbrio nutricional”, conclui a especialista.

Um momento para cuidar do corpo e do afeto

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a nutrição adequada e individualizada é um dos pilares que contribuem para o sucesso do tratamento oncológico, sendo essencial no controle de efeitos colaterais e na manutenção da qualidade de vida. Estar atento à alimentação em períodos como a Páscoa é uma forma de fortalecer o cuidado e promover bem-estar físico e emocional. “Diversos estudos mostram que o apoio familiar e social tem impacto direto na qualidade de vida e até mesmo na resposta ao tratamento oncológico. Momentos de afeto, como os vividos em datas comemorativas, ajudam a reduzir os níveis de estresse, ansiedade e depressão, que são comuns durante o tratamento. Segundo o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), pacientes com suporte emocional consistente tendem a aderir melhor às terapias, têm maior bem-estar geral e até melhor evolução clínica. Alimentar o corpo é essencial, mas alimentar o afeto também faz parte do cuidado”, finaliza Renata Gonçalves, psicóloga do IOP.

No IOP, a equipe multidisciplinar trabalha para garantir que cada paciente receba orientação personalizada em todas as etapas do tratamento, sempre com respeito, acolhimento e informação segura.

Para mais informações ou para agendar sua consulta, acesse nosso site: www.iop.com.br

Foto: Divulgação

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