Perguntei à Inteligência Artificial por qual motivo a hipocrisia (comportamento de alguém que finge sentimentos, crenças e virtudes que na realidade não possui; que diz uma coisa e faz outra) é uma falha de caráter quase exclusiva dos políticos de esquerda.
Respondeu-me ela que isso se deve ao fato de que os militantes dessa corrente ideológica, embora hábeis em fazer promessas demagógicas, apresentando-se como os únicos legítimos defensores de bandeiras como justiça social, igualdade econômica e direitos humanos, costumeiramente não cumprem o que pregam, tomando atitudes que vão contra esses valores.
Um caso clássico e muito recorrente dessas contradições acontece quando governantes esquerdistas fazem apologia à democracia e, ao mesmo tempo, manifestam total solidariedade a regimes autocráticos que perseguem, prendem, torturam e matam opositores.
Foi o que sucedeu recentemente com a vergonhosa conduta do PT, adotada seguramente com a anuência prévia do Lula, de reconhecer a reeleição fraudada do déspota Nicolás Maduro e ignorar, com a maior desfaçatez, a sanguinária ditadura que ele impõe à Venezuela.
Mas há exemplos de todos os tipos para demonstrar as incoerências da esquerda.
Um dos mais emblemáticos, com grande destaque na imprensa nos últimos dias, envolve o ex-presidente argentino Alberto Fernández, velho parceiro do atual governo brasileiro,
Discursando diante da multidão feminina que se aglomerava na praça do Congresso Nacional, em Buenos Aires, em março de 2022, no ato em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o então chefe da Casa Rosada bradou: “Dá vergonha que, na Argentina, uma mulher sofra violência de gênero”.
E, expressando comovente indignação, arrematou: “Devemos denunciar os violentos que, só pela condição de gênero, oprimem uma mulher”.
Pois eis que uma mulher acaba de vir a público para fazer o que o político peronista recomendou.
Cheia de hematomas no rosto e no corpo, Fabiola Yañez, ex-primeira-dama da nação vizinha, denunciou o homem que a agrediu: o próprio Alberto Fernández, seu ex-marido, que se diz feminista até a medula.
Acusado de violência doméstica constante, o ex-presidente que colocou o último prego no caixão da bancarrota argentina está proibido pela Justiça de deixar o país.
Aliás, o paladino da moralidade de mentirinha está sendo processado também por corrupção: é suspeito de desviar verbas em uma contratação ilícita de seguros para trabalhadores do governo.
Só para constar.
Caio Gottlieb é jornalista e editor do blog caiogottlieb.jor.br