Pela primeira vez na história uma mulher vai dirigir a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), uma instituição vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) e que lida com a legislação de direito do mar. A escolhida é a oceanógrafa brasileira Leticia Carvalho, que assume o posto em 2025. O desafio inicial é entregar, até o fim do próximo ano, um conjunto de regras de exploração de minérios em águas profundas.
A mineração do mar tem causado muita polêmica entre países e empresas e a ISA já autorizou projetos em 20 nações. Por outro lado, 31 governos – inclusive o Brasil – querem algum tipo de intervenção das autoridades, com sanções que vão da proibição até moratória ou pausa na mineração. A briga também foi encampada por montadoras como BMW, Volvo e Renault e os bancos Credit Suisse, ABN Amro e Banco Europeu de Investimentos.
A corrida pela exploração mineral no fundo do mar tem relação com a oferta de metais e minerais para atender a demanda por componentes para a produção de baterias para veículos elétricos e para equipamentos de geração de energia renovável. Os nódulos polimetálicos são o grande objeto de desejo por conta da sua composição: manganês, ferro, cobalto, zinco, e também podem conter significativo conteúdo de elementos terras raras (ETR), níquel, cobre, zircônio, molibdênio e lítio.
Políticas climáticas? (I)
Estudo publicado no site da revista Science investigou 1.500 políticas climáticas documentadas de 1998 a 2022 para mapear o resultado das iniciativas governamentais. Em apenas 63 casos houve cortes significativos de emissões totais, entre 0,6 Gt e 1,8 Gt de C02. As medidas foram observadas em 41 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsáveis por 81% do total de emissões globais de gases de efeito estufa em 2019.
Políticas climáticas? (II)
“Nossos resultados fornecem uma perspectiva clara, mas preocupante, sobre o esforço político necessário para fechar a lacuna de emissões remanescente de 23 Gt de C02 até 2030”, consideraram os pesquisadores liderados por Annika Stechemesser, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, da Alemanha. O estudo agrupou as políticas públicas em quatro grandes categorias – preços, regulamentações, subsídios e informações – e analisou impactos em quatro setores econômicos: energia, transporte, construção civil e indústria.
Políticas climáticas? (III)
Um outro estudo, desta vez publicado no site da Nature Climate Change, sustenta que não passam de 50% as chances de a temperatura do mundo ficar abaixo dos limites do Acordo de Paris. “Limitar o aquecimento global em 1,5°C acima dos níveis pré-industriais não é mais possível”, sustenta Christoph Bertram, principal autor do trabalho. Segundo ele, mesmo com o aparecimento de novas tecnologias para reduzir emissões, há muitas dificuldades de alguns governos de implementar políticas climáticas eficientes.
ESG no deserto
A Câmara de Comércio de Dubai lançou um selo para classificar o nível das práticas ESG por empresas locais. A iniciativa foi criada para identificar como negócios e gestores se posicionam em relação às questões ambientais, sociais e de governança. A avaliação tem como base marcos regulatórios globais e regionais, além da estrutura de relatórios internacionais, para estabelecer os fatores críticos das corporações em relação aos requisitos da agenda ESG no mundo.
Febre europeia
Vários países da Europa enfrentam um surto da febre da língua azul, uma doença viral transmitida por mosquito que ataca rebanhos de gado e de ovelhas. Mesmo após o desenvolvimento de três vacinas, uma cepa ressurgiu na Holanda no ano passado e desde então se espalhou pela Alemanha, Bélgica, França, Luxemburgo e Dinamarca. Os prejuízos ainda não foram calculados, mas os virologistas classificam a epidemia como um tsunami. A resistência da variante está sendo estudada e a mudança do clima é tida como uma das causas.
Controvérsia alemã
O governo alemão anunciou mais 3,3 bilhões de euros para financiar a descarbonização da indústria. Boa parte do dinheiro será direcionada para projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS), beneficiando grupos econômicos intensivos em energia e que não estão conseguindo reduzir emissões por outros meios. A iniciativa é apoiada pela União Europeia (UE), mas não agradou os ambientalistas alemães. Os oposicionistas dizem que a tecnologia CCS é cara e não tem escala, e que seria melhor investir em geração de energia solar e eólica. A meta da Alemanha é chegar em 2045 com as emissões líquidas neutras.
Navio a amônia
O Japão iniciou um projeto piloto para atestar a eficiência de uma embarcação marítima de alta performance movida a amônia verde. Trata-se de um rebocador que entrou em operação na Baía de Tóquio e terá seu desempenho avaliado durante três meses. O projeto envolve grandes empresas japonesas como a NYK, gigante da logística naval, a Japan Engine Corporation, Nihon Shipyard, IHI Power Systems e ClassNK. O grupo quer lançar um navio de maior porte até 2026 também com uso da amônia.
(Foto: Cristian Palmer/Unsplash)
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