Com o objetivo de aumentar as ações de conscientização masculina no combate à violência contra a mulher no Paraná, o governador Ratinho Junior lançou nesta terça-feira (3) o projeto De Homem para Homem. A medida prevê uma série de palestras e ações educativas em órgãos públicos, empresas e instituições de ensino com o objetivo de evitar crimes contra mulheres.
As palestras serão ministradas por delegados e policiais militares e tratarão dos direitos das mulheres, das tipificações penais dos crimes contra mulheres e do papel fundamental que os homens têm no engajamento de discussões como estas.
De acordo com Ratinho Junior, a ideia é promover uma mudança cultural e conscientizar que nenhum homem pode se comportar como se fosse dono de uma mulher. “Queremos acabar com a figura do ‘machão de cozinha’, que acha que tem a posse da mulher. O homem tem que entender que não pode cometer qualquer tipo de violência ou abuso contra a mulher, seja físico, sexual, psicológico ou emocional. E quem cometer qualquer crime vai ser punido com rigor”, disse.
As ações integram a Operação Mulher Segura, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), que já trabalha para reprimir crimes contra mulheres e realiza ações de suporte às vítimas. No entanto, o objetivo “De Homem para Homem” se soma a estas ações, intensificando medidas de prevenção das ocorrências e conscientização daqueles que, em geral, são os potenciais autores dos crimes.
“O Mulher Segura já atua com muita eficiência para fortalecer a rede de proteção das vítimas de crimes contra as mulheres, mas percebemos a necessidade de engajar mais os homens nestas ações”, afirmou o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.
De acordo com a Secretária da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponde, a iniciativa é fundamental para se integrar a todas as demais ações já realizadas pelo Governo do Estado. “Temos uma série de medidas que têm as mulheres como foco, que estão nos ajudando a evoluir muito nesta questão, mas é uma discussão que precisa envolver toda a sociedade, por isso este projeto que foca na conscientização masculina é tão importante”, disse.
Ações
A ideia é de que as palestras reúnam apenas homens, para que os participantes possam se sentir à vontade para tirar qualquer dúvida com os palestrantes e que o assunto possa ser discutido sem tabus.
As ações também apresentam vídeos com depoimentos de parentes de vítimas e condenados pelo crime de feminicídio, com o objetivo de mostrar o impacto da violência contra a mulher nas famílias e na sociedade em geral.
O programa vai atuar tanto na conscientização interna de órgãos do Estado, como em empresas, sindicatos, instituições de ensino e cooperativas. “Estamos buscando parcerias principalmente em ambientes em que culturalmente predomina o público masculino, como clubes de futebol, grupos de motociclistas, maçonaria, entre outros”, disse o coordenador de Planejamento Estratégico e Grupos Vulneráveis da Secretaria de Segurança Pública, Leonardo Bueno Carneiro.
Um ciclo inicial de 38 encontros para mais de 3 mil pessoas já foi realizado durante o mês de agosto. Com o lançamento oficial do projeto, a expectativa é de que as ações se espalhem por várias cidades do Estado, em diferentes órgãos e empresas. “Vimos que, desta maneira, estamos conseguindo trazer essa discussão para as rodas de conversa dos homens. Com parcerias que estamos alinhando, vamos levar este modelo para vários ambientes e impactar muito mais pessoas”, explicou o coordenador.
Integração
As ações do projeto de palestras fazem parte do programa Mulher Segura, com medidas de acolhimento às mulheres e de intensificação de combate aos crimes de violência doméstica.
Uma das medidas é a visita das forças de segurança a vítimas, testemunhas e autores de crimes contra a mulher para se evitar novas ocorrências. Desde abril, por exemplo, o programa já realizou mais de 24 mil visitas. O Programa Mulher Segura também já realizou 215 eventos de conscientização de mulheres, com mais de 24 mil pessoas impactadas.
Com isso, o Estado registrou uma queda no número de crimes contra as mulheres. De acordo com dados da Operação Vida, que combate a criminalidade nas 20 cidades com os maiores índices de violência doméstica, o número de feminicídios caiu 35,4% nestes municípios. Houve também uma redução de 3,7% nos casos de estupro.
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