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Negócios de Família x Negócios da Família

01/10/2024

Almoço familiar de domingo. Pai, mãe e dois filhos à mesa. O assunto da conversa gira em torno da loja onde todos trabalham. De repente, a refeição começa a ficar indigesta quando um dos irmãos se queixa do outro, acusando-o de não cumprir as suas responsabilidades no negócio familiar. O segundo questiona com que autoridade o primeiro o julga. Pai e mãe, constrangidos, tentam reconduzir a conversa para assuntos de interesse familiar, como os estudos dos filhos, suas amizades, preferências artísticas e outras amenidades dignas de um leve e delicioso almoço entre pais e filhos.

A cena descrita acima é um cenário clássico no qual há uma interposição entre os negócios de Família e os negócios da Família. As relações familiares trazem consigo uma enorme carga emocional e afetiva que não pode ser traduzida no plano material, como nas relações da família com o seu patrimônio ou com a sua empresa.

Pais e filhos, cônjuges, irmãos, primos, tios, sobrinhos, entre outras formas de parentesco, carregam consigo uma carga afetiva – emocional materializada por laços de amor, afeto, respeito, admiração, mas também de sentimentos menos nobres como inveja, ciúme e outras manifestações de desafetos.

Por outro lado, estes mesmos familiares parentes entre si, herdam juntos interesses empresariais e patrimoniais fundamentadas na ótica do lucro, valorização e medidas quantitativas. Daí a razão de não se confundir os negócios de família com os negócios da família, pois são de lógicas e expectativas diferentes e por isso devem ser percebidas de modos diferentes entre si. Afinal, eu herdei um irmão, mas sócio eu escolho…

A primeira etapa, e certamente a mais relevante, é a família fazer esta distinção, pois será a partir desta conscientização e sensibilização que se dará o primeiro passo para a construção de uma família empresária.

O custo e o tempo desta percepção podem ser decisivos em relação a empresa, a família e ao patrimônio, pois a autofagia da família já pode estar ocorrendo sem que nada se faça para evitá-la.

Situações como a joia presenteada por um irmão e sócio para a sua esposa, o uso indiscriminado da casa na praia ou do automóvel da empresa, o pagamento de contas particulares certamente são situações familiares que contaminam, e muito, os negócios da família.

A história acima descrita é uma situação clássica em que a empresa em questão é um problema anunciado e que a família, a empresa e o patrimônio devem ser geridos pelos modernos princípios da família empresária, adotando para isso, mecanismos de governança e gestão adequados para cada um deles por meio da constituição de matrizes de governança e gestão elaborados em um Protocolo Familiar, Conselho de Família, Reuniões de Sócios e outras medidas que separem os negócios de família dos negócios da família.

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