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Onda ESG ainda é uma marola na máquina pública federal

17/10/2024
esg

Dentro de um universo de 387 organizações da administração pública federal, 60% dizem não possuir equipe ou responsável com dedicação integral para tratar da governança em sustentabilidade ambiental. Metade do percentual restante informou não existir apoio das lideranças para políticas e ações voltadas para esta prática.

Os dados fazem parte de um levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), que avaliou questões como a governança integrada e as práticas socioambientais em órgãos federais. A análise ganhou o nome de iESGo e foi aplicada pela primeira vez neste ano. Ela substitui o Índice Integrado de Governança e Gestão públicas (iGG), com a inclusão de parâmetros de sustentabilidade social e ambiental.

A boa notícia é que grande parte das instituições avaliadas estão atentas ao novo cenário de responsabilidades e começam a adotar práticas sustentáveis, especialmente nas dimensões ambiental e social. O levantamento foi feito por meio de um questionário de autoavaliação, que inclui a visão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre os fatores analisados, a implementação de medidas para compensar a emissão de gases de efeito estufa teve o pior resultado – 74% dos órgãos não adotam a prática. Nas questões referentes à governança de sustentabilidade social, 60% informaram que o processo ainda está em estágio inicial. A prevenção e combate ao assédio tiveram a melhor resposta: 43% implementaram ações relacionadas ao tema.

ESG na política

O Congresso Nacional anunciou a criação da Frente Parlamentar ESG na Prática. O lançamento oficial do bloco deve acontecer em novembro, mas a iniciativa já conta com a adesão de um número suficiente de deputados e senadores para ser instalada, e também conta com um regimento interno. O colegiado pretende integrar princípios de responsabilidade ambiental, social e de governança (ESG) nas políticas públicas e na legislação brasileira. A Frente terá apoio técnico do Instituto Global ESG, que será responsável pela secretaria-executiva.

ESG da Euronext (I)

A Euronext, a principal bolsa de valores da Europa, está estimulando empresas listadas a avançar em estratégias ESG. O foco é acelerar a transição para negócios sustentáveis. Para isso, lançou uma série de serviços de apoio aos seus associados. Um deles é o Euronext Sustainable Network. A ideia é criar um ecossistema colaborativo, envolvendo os principais players europeus em finanças sustentáveis – fundos de investimento, bancos, advogados, empresas de auditoria e consultoria, corretores de carbono e provedores de dados. O objetivo é compartilhar as melhores práticas ESG entre as 1,9 mil empresas com ações negociadas na bolsa e seis mil investidores internacionais.

ESG da Euronext (II)

A Euronext também produziu um Relatório de Tendências ESG com base em desempenhos ambientais, sociais e de governança das empresas cotadas na bolsa europeia. O documento relata queda de 14% nas emissões de gases de efeito estufa em três anos, com destaque para médias empresas, que tiveram redução de 29%. Em paralelo, o uso geral de energia caiu 26%, com aumento no consumo de fontes limpas. O estudo revela ainda a rápida adoção dos critérios de taxonomia da União Europeia (UE), com 70 % das empresas de grande porte e 49 % das médias já alinhadas às novas obrigações de comunicação de informações. A taxonomia é um quadro legal que determina quais atividades podem ser consideradas sustentáveis.

Tendências de sustentabilidade (I)

“As promessas climáticas estão começando a se assemelhar às resoluções de Ano Novo: fáceis de fazer, difíceis de cumprir”. Esta é a frase de abertura do texto que apresenta o Relatório de Tendências de Sustentabilidade 2024, elaborado pela Generation, uma gestora de investimentos que aposta em ativos sustentáveis e é presidida por Al Gore, que foi vice-presidente americano, na gestão de Bill Clinton.

Tendências de sustentabilidade (II)

O relatório da Generation indica que o “investimento limpo” precisa subir rapidamente – para US$ 4 trilhões ou US$ 5 trilhões por ano – até 2030, para que o mundo atinja as “metas climáticas acordadas”. Há uma forte crítica sobre a falta de empenho para a redução no consumo de combustíveis fósseis: “não há nenhum plano detalhado para atingir esse objetivo”, diz o texto. Outra observação é que a construção civil “não está no caminho certo para os cortes necessários para cumprir as metas globais de emissões”. O documento também trata do aumento do preço dos alimentos em razão da crise do clima e da falta de engajamento do setor industrial na transição energética.

Seca africana

A hidrelétrica que formou o maior lago artificial do mundo está produzindo apenas 10% da sua capacidade. É a usina Kariba, construída no rio Zambeze, entre a Zâmbia e o Zimbábue. O grande reservatório secou em razão de uma estiagem prolongada. Em operação plena, a geradora pode produzir 1.000 MW de energia para cada um dos países. O Zimbábue ainda tem outras fontes, mas a Zâmbia sofre há meses com apagões prolongados e, em março, declarou estado de emergência. A seca é atribuída ao fenômeno El Niño e agravada pelo aquecimento global. A África é o continente que menos contribui para a emissão de gases de efeito estufa.

Foto: Thandy Yung/Unsplash

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