Sérgio Brandão
Especial para o HOJEPR
Não há punição que o TJD – Tribunal de Justiça Desportiva possa impor ao Paraná Clube, que seja maior que rebaixamento no paranaense (mais um), conquistado neste fim de semana, por causa da invasão da torcida no campo de jogo, com agressões a jogadores, impedindo que a partida de sábado (27), contra o União Beltrão pela penúltima rodada do Campeonato Regional, pudesse prosseguir.
Com o resultado desfavorável de 3 X 1, o time de Beltrão escapava do rebaixamento fazendo a passagem de bastão com o próprio Paraná Clube, o levando ao rebaixamento para a segunda divisão do Estadual no ano que vem. Aos 40 minutos do segundo tempo, a invasão de campo promovida pela torcida não só impediu o prosseguimento da partida, como leva o caso ao Tribunal de Justiça Desportiva, podendo trazer problemas ainda maiores ao Paraná Clube.
O sentimento que vai do amor ao ódio, é mais um entre tantas manifestações deploráveis das torcidas de clubes de futebol espalhadas pelo mundo da bola, que coloca mais uma vez o esporte no divã de analistas para tentar explicar e fazer a gente entender mais uma vez esta relação conturbada entre torcida e clube de futebol.
Acostumada a invadir gramado para festejar suas espetaculares conquistas nos anos 90, logo após sua fundação, em dezembro de 1989, agora a cena é de pancadaria e de revolta da torcida contra um clube em crise há anos. No lugar de ídolos carregados no colo, com gritos de “é campeão” por anos seguidos, agora dão lugar a cenas como a de sábado, lembrando os clássicos filmes que reproduzem a pré-história humana. São cenas que também entram para a galeria do clube, talvez como um de seus últimos momentos de vida: da torcida e do próprio clube. Há meses jogadores, diretores e presidente do clube estão sendo ameaçados de agressão.
A troca do futebol que deu lugar a estas cenas de selvageria, provavelmente custarão a vida do Paraná. A não ser que a política se sobreponha a Justiça Desportiva. Porque se disputar a segunda devisão do Campeonato Paranaense por si só já é uma punição, com perda de receita, calendário, multa em dinheiro, perda de mando de jogo ou até de pontos, pode ser um buraco do qual o Paraná Clube não possa mais sair.
Se sobreviver, pode ser protagonista de uma história inversa ao sucesso do pentacampeonato paranaense. Já são quatro rebaixamentos em poucos anos. Além das quedas de divisão nas séries do Brasileiro, Séries B, C e D, ainda tem em seu currículo o primeiro rebaixamento para a segunda divisão estadual em 2011.
O que assusta, é que a temporada de 2022 está apenas começando para o Paraná Clube. Em abril, o time estreia na Série D do Brasileiro e nesta semana pós Carnaval, tem a Copa do Brasil, em Minas Gerais contra o Pouso Alegre, um time em ascensão no futebol Mineiro.