O livro “Tudo por dinheiro: a ganância da ‘lava jato’ segundo Eduardo Appio”, escrito pelo jornalista Salvio Kotter, será lançado nesta quinta-feira (21), às 19h, no Restaurante Nina, em Curitiba. O evento contará com o apoio do Museu da Lava Jato, do Instituto Memória, Legalidade e Justiça, do Museu da Democracia (projeto Ideclatra) e do Defesa da Classe Trabalhadora.
A obra traz uma análise contundente da Operação Lava Jato, sob a perspectiva do juiz Eduardo Appio, que ocupou a titularidade da 13ª Vara Federal de Curitiba por alguns meses no último ano. Segundo o autor e o magistrado, a operação anticorrupção, inicialmente celebrada por sua atuação contra grandes escândalos, teria se desviado para um “jogo de poder e ganância”.
Corrupção e impunidade
O livro expõe práticas ilegais e interesses ocultos que, segundo Appio, beneficiaram uma elite econômica e jurídica. O juiz afirma que a operação “promoveu a impunidade no Brasil”, permitindo que empresários envolvidos escapassem de punições proporcionais a seus crimes. Ele denuncia que acordos judiciais favoreceram os responsáveis por delitos financeiros, desde que contribuíssem com a “conta corrente consolidada” administrada pela força-tarefa.
Appio também relata que bilhões de reais arrecadados em acordos foram transferidos para o controle de gestores da Lava Jato por meio de uma fundação privada, posteriormente cassada pelo Supremo Tribunal Federal.
Casos emblemáticos
A narrativa inclui episódios envolvendo figuras como o advogado Rodrigo Tacla Duran e o empresário e ex-deputado estadual paranaense Tony Garcia. A obra destaca, ainda, os métodos da força-tarefa, como a realização de prisões em madrugadas de quinta-feira para maximizar a repercussão na mídia durante os finais de semana. Os presos, segundo Appio, eram submetidos a condições degradantes — celas sujas, colchonetes encharcados de urina e infestados de pulgas — antes de serem pressionados a firmar acordos de delação.
Um dos casos mais impactantes descritos no livro é o de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras e primeiro preso da Lava Jato. O magistrado detalha como Costa teve seu direito ao banho negado por dias e como sua família foi ameaçada. “Era uma espécie de Guantánamo”, afirma Appio. Ele também relata que sua decisão de conceder Habeas Corpus a Costa em abril de 2014 marcou sua entrada na “lista negra” dos opositores da operação.
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