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Estratégias para preservar legados familiares e potencializar a competitividade das famílias empresárias

22/11/2024

As empresas familiares desempenham um papel crucial na economia brasileira. Só no Paraná, mais de 60% das companhias têm esse perfil, segundo o Sebrae, enquanto que no cenário nacional esse percentual chega a 90%. Apesar de sua relevância econômica, muitas enfrentam desafios para manter sua continuidade ao longo das gerações. Estudos indicam que 70% das empresas familiares não chegam à segunda geração, evidenciando a falta de uma gestão estratégica eficaz para assegurar a longevidade e o sucesso dessas organizações.

Por isso, o LIDE Paraná promoveu um encontro na última quinta-feira (21) com empresas familiares e especialistas para tratar sobre os desafios da sucessão. Os palestrantes destacaram as principais estratégias para minimizar os efeitos adversos nas finanças e na gestão das empresas familiares e holdings.

“Investir em conhecimento, buscar suporte especializado e adotar estratégias inovadoras são ações essenciais para garantir a sobrevivência e o crescimento sustentável. O LIDE Paraná, como parceiro estratégico de seus membros, busca sempre trazer conteúdos relevantes que possam ser utilizadas como ferramentas para impulsionar a economia paranaense, tão importante e diversificada”, afirma Heloísa Garrett, presidente do LIDE Paraná.

Preservando legados

Uma pesquisa do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) revelou que os conflitos familiares são a principal razão para a saída de sócios das empresas familiares, representando 42% dos casos. Esse dado reforça a importância da governança familiar, que desempenha um papel crucial na prevenção de tais conflitos.

Enquanto a governança de uma empresa familiar foca na administração do negócio, a governança de uma família empresária vai além. Ela busca ajudar a família a definir um direcionamento claro, fortalecer os laços familiares e, principalmente, preservar os legados que são transmitidos ao longo das gerações.

A governança familiar não se trata apenas de administrar o negócio, mas também de cuidar da união da família, de entender o que nos une e dos valores que queremos que se perpetuem. Não adianta cuidar apenas do negócio se não cuidamos das pessoas que vão dar direção a ele. A família empresária precisa de uma estrutura de governança que garanta união e continuidade”, pontuou Bianca Scarpellini, especialista em governança familiar e corporativa.

A importância de conhecer a empresa

O erro mais comum de muitos empresários que conquistam o sucesso é acreditar que podem fazer o que quiserem com suas empresas. No entanto, o verdadeiro desafio é fazer o que é necessário, respeitando a natureza do negócio. É o que afirma o professor e economista José Pio Martins. Para exemplificar, ele faz uma interessante analogia entre o empresário e o criador, a empresa a criatura, enfatizando a responsabilidade e o preparo necessários para gerenciar um negócio.

“Assim como alguém que adota um cão de grande porte, como um Rottweiler, precisa compreender sua genética, buscar treinamento e adestramento, o empresário deve entender as características e necessidades do seu negócio. A ‘genética’ de uma empresa envolve regras jurídicas, leis de mercado e processos específicos que precisam ser respeitados e bem gerenciados”, explicou.

Pio Martins também abordou a importância de estruturar o jurídico de uma empresa para que sua existência transcenda a vida biológica de seu criador. Segundo ele, a falta de planejamento pode levar empresas a fecharem ou serem vendidas, frequentemente para grupos de fora do Paraná, evidenciando a dificuldade de formar uma classe empresarial sólida e duradoura no estado. Além disso, há uma crítica ao complexo de inferioridade do Paraná em relação a outros estados, e ao impacto das mudanças de gestão após a venda, que frequentemente resultam em desgaste e transformações significativas nas empresas e em suas relações com a sociedade.

Impactos da reforma tributária para holdings patrimoniais

Frequentemente utilizadas para a gestão de bens familiares, sucessão patrimonial e otimização tributária, as holdings patrimoniais são ferramentas poderosas de administração. Com a reforma tributária, essas estruturas enfrentam novos desafios em função das alterações propostas, que podem comprometer parte das vantagens fiscais tradicionalmente associadas a elas.

Para falar sobre esse tema, o LIDE Paraná convidou os advogados Charles Mazutti e Eduardo Ribas, da Mazutti Ribas Stern Sociedade de Advogados. Segundo eles, os principais desafios da reforma são o aumento da carga tributária, possível reforma do imposto de renda e aumento da alíquota do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações).

“Um dos maiores desafios enfrentados por empresas e famílias é conciliar os efeitos sucessórios e tributários nos planejamentos patrimoniais já realizados. A reforma tributária e a introdução do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) exigirão uma revisão dos modelos de planejamento, para garantir que os objetivos sucessórios e as obrigações tributárias estejam alinhados com as novas exigências fiscais”, explicou Eduardo Ribas.

Além das reformas tributárias, outro impacto relevante para os planejamentos sucessórios é o aumento da alíquota do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que poderá chegar a 8%. Esse aumento tornará as doações e sucessões ainda mais onerosas, exigindo ajustes nos modelos de transferência de patrimônio.

“Estamos vivendo um momento de transformação que exige atenção redobrada por parte de empresários e famílias empresárias. As alterações propostas pela reforma tributária impactam diretamente os modelos de planejamento sucessório e patrimonial, desafiando as estruturas que foram eficazes até agora. A chave para superar esses desafios é a proatividade: revisar estratégias, buscar soluções criativas e estar sempre bem informado sobre as mudanças legais. Nosso papel como especialistas é guiar nossos clientes nesse processo, garantindo que continuem protegendo seu patrimônio e seus legados, mesmo diante de um cenário tão dinâmico e desafiador.”, destacou Charles Mazutti.

Mais do que nunca, preservar legados e fortalecer as bases das empresas familiares é essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico e social do estado. O LIDE Paraná reafirma seu compromisso em ser um aliado estratégico, promovendo discussões relevantes e oferecendo conteúdo de alto valor para seus associados. Juntos, podemos construir um Paraná ainda mais forte e próspero.

Sobre o LIDE

Grupo de Líderes Empresariais, o LIDE Paraná tem entre seus objetivos atuar na construção de uma agenda positiva voltada ao fortalecimento da economia do Estado. Posiciona-se como um hub de negócios para a promoção de oportunidades de investimento, desenvolvimento econômico e social e construção de conexões, estimulando as interações e o networking empresarial. Também é voltado à discussão de temas econômicos e políticos de interesse nacional. O LIDE tem hoje 23 unidades no Brasil e 17 unidades internacionais, sendo a do Paraná reconhecida como unidade referência do sistema.

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