O torcedor comum não se pauta pela razão. Ele é movido por paixão. Só por ela. E esquece de estabelecer a conexão entre o mundo real e o mundo imaginário.
No mundo imaginário, tudo é fácil. Tudo depende apenas de nossa própria vontade. O futebol se faz só agregando vinte e tantos atletas que tenham boa técnica.
No mundo real a coisa é muito diferente. As dívidas do modelo associativo dos clubes corroem a capacidade de investimento. O ciclo é, ano após ano, corrompido pela falta total de dinheiro.
Se não houver dinheiro, tranquilidade financeira, o negócio não gira. Por mais que alguns ainda teimem e se amparem em exemplos do passado, a realidade dos dias atuais nos mostra exatamente isso.
Nem sempre os resultados chegam na velocidade esperada. Mas uma coisa é certa: sem o ajuste financeiro eles não chegarão.
O Brasil saiu na frente nesse aspecto. A lei da SAF, o melhor aproveitamento do potencial do negócio (mesmo que ainda anos luz atrás do que pode ser atingido), o início da profissionalização, o entendimento do negócio futebol como o maior produto de entretenimento do planeta, fizeram com que tenhamos mais condições financeiras que a absoluta maioria das equipes da América do Sul.
Numa comparação rasa, usando apenas uma das fontes de receita, vemos o seguinte: o campeão argentino recebeu algo em torno de 3 milhões de reais pela conquista do campeonato nacional. O campeão brasileiro recebeu algo em torno de 48 milhões pela conquista do Brasileirão.
Como competir de igual para igual? Como igualar competências? Sempre citamos aqui, o futebol tem o imponderável. Algumas vezes só o financeiro não resolve. Mas certamente, olhando estatísticas, vemos que as vitórias de quem não tem a mesma capacidade de investimento são exceções à regra.
Querem prova? Consideremos os últimos 8 anos de Libertadores da América. Nesse período o que falamos acima a respeito de nosso futebol foi se consolidando. Os “hermanos” de qualquer país da América do Sul não acompanharam essa evolução. Resultado foi que o Brasil conquistou 7 dos últimos 8 torneios continentais.
Por mais que muitos não entendam, por mais que haja uma série de situações distintas do aspecto financeiro e que influenciam, por mais que o passado tenha sido diferente, a ciência da estatística prova e continuará provando: o dinheiro vai definir quem serão os campeões!