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VIDAL-CABECA-COLUNA

Manic Eden: hard rock único

25/12/2024

Todo mundo sabe que depois que saiu do Deep Purple e formou o Whitesnake, o vocalista David Coverdale manda e desmanda na banda. Muitos músicos passaram em diversas formações do grupo. Alguns desses músicos formaram outras bandas. Uma delas, que durou pouco e gravou apenas um álbum autointitulado, foi a Manic Eden. Formada por ex-integrantes do Whitesnake, Adrian Vandenberg (guitarra), Rudy Sarzo (baixo) e Tommy Aldridge (bateria) e mais o vocalista Ron Young, vindo do Little Caesar, O álbum foi muito bem recebido pelo público e pela crítica, mostrando versatilidade e competência em composições extraordinárias unidas às mais variadas melodias, solos e batidas.

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Can You Feel It, um dos momentos mais groovados do disco, essa faixa traz um balanço envolvente, com destaque para Rudy Sarzo. A música tem uma vibe mais leve e positiva, com um refrão acessível e boas harmonias. O solo de guitarra é breve, mas traz um toque brilhante.

Gimme A Shot é uma das canções mais prazerosas do álbum, com um toque quase festivo. O riff inicial é direto e vibrante, criando um clima otimista. A banda se diverte nessa faixa, e isso é perceptível no ritmo descontraído e no refrão maravilhoso. O solo de guitarra é espetacular, com o timbre característico de Vandenberg.

Fire In My Soul é uma faixa cheia de paixão e intensidade, mostrando uma fusão perfeita entre o hard rock e o blues que caracteriza o álbum. A música começa com um riff de guitarra bluesy e envolvente de Adrian Vandenberg, que logo cria uma atmosfera quente e cheia de groove. O baixo de Rudy Sarzo pulsa de forma hipnótica, acompanhando as batidas precisas e cadenciadas de Tommy Aldridge, que dá à música um ritmo quase tribal. “I’ve got a fire in my soul, and it’s burning out of control.”

Com riffs fortes e um groove bem marcado, Do Angels Die mostra imediatamente a sonoridade que diferencia o Manic Eden do Whitesnake. A voz rouca de Ron Young traz uma textura blues rock, lembrando influências clássicas como Free e Bad Company. O solo de Adrian Vandenberg é simples, mas bem construído, destacando a musicalidade em vez de virtuosismo.

Em Pushing Me a banda mergulha mais fundo no blues rock com uma pegada quase funky. A faixa é conduzida por uma linha de baixo contagiante de Rudy Sarzo, enquanto Tommy Aldridge dita um ritmo que equilibra peso e leveza. A voz de Young soa mais agressiva, expressando a intensidade emocional da letra, que aborda conflitos e frustrações.

A balada Dark Shade Of Grey traz um respiro emocional ao álbum. A canção é mais melódica e introspectiva, com um trabalho delicado de guitarra e uma interpretação apaixonada de Young. A influência do soul aparece aqui, especialmente na expressão vocal e na progressão harmônica. Vandenberg brilha com um solo melancólico, cheio de feeling.

Keep It Coming mantém o álbum no território do blues rock, com um groove arrastado e sensual. A combinação entre baixo e bateria cria uma base sólida, enquanto Vandenberg adiciona linhas de guitarra arrasadoras. A entrega vocal de Ron Young exala confiança e presença, tornando essa faixa um exemplo do estilo característico do álbum.

When The Hammer Comes Down se destaca logo de início com um riff agressivo e cheio de groove, cortesia de Adrian Vandenberg. O som da guitarra é denso e encorpado, criando uma atmosfera quase ameaçadora. A introdução prepara o terreno para a entrada firme da bateria de Tommy Aldridge, que imprime uma batida sólida e marcante, lembrando o peso clássico do hard rock dos anos 70 e 80. O vocal de Ron Young brilha aqui com uma interpretação carregada de força e intensidade.

Ride The Storm é carregada de emoção, com um instrumental dramático e letra reflexiva. A construção da canção é épica, com uma progressão dinâmica que cresce ao longo do tempo. Vandenberg entrega um solo emotivo e Aldridge mantém o ritmo grandioso.

Can’t Hold It é uma faixa vibrante e repleta de energia, que traz uma atmosfera solta e espontânea, destacando a influência direta do blues rock com uma pitada de soul.

Crossing The Line abre com um riff de guitarra robusto e inconfundível de Adrian Vandenberg, que dá o tom pesado e um tanto sombrio da música. Há uma sensação de movimento e tensão no riff, como se a banda estivesse te conduzindo para algo inevitável. O baixo de Rudy Sarzo adiciona um groove sólido e marcante, enquanto Tommy Aldridge dita um ritmo acelerado e enérgico na bateria, com viradas precisas e uma batida constante que empurra a música para frente. Ron Young entrega uma interpretação carregada de atitude.

Manic Eden é uma joia para os amantes do hard rock com raízes no blues. A banda se afasta das extravagâncias do glam-metal para apostar em um som mais orgânico, cru e cheio de groove. Cada membro traz suas habilidades excepcionais, mas o foco está na coesão e na música, não no exibicionismo técnico. É o bom e velho rock’n’roll.

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