Talvez alguns não conheçam o Rica Perrone. Ele é um YouTuber brasileiro que possui centenas de milhares de inscritos no seu canal na plataforma. Somando com seus seguidores de outas redes sociais, possui mais de milhão de adeptos. Recentemente mudou-se para os EUA pois, na nossa pujante “democracia”, quem fala muitas verdades e com pouco filtro tende a não ser bem quisto.
Nessa semana ele fez uma coluna falando sobre o desejo de Ronaldo Nazário em candidatar-se e, consequentemente, ser o presidente da CBF. Mais detalhadamente pedia para que o atual mandatário tivesse o bom senso necessário para antecipar o processo eleitoral da Confederação. Adiantar o pleito traria inúmeros benefícios.
Falemos então sobre esse tema.
Ronaldo cometeu suas “travessuras”. A mídia explora até hoje. Mas eu, particularmente, nunca julguei ninguém pelas suas atitudes pessoais apenas. O que tenho convicção é que Ronaldo é unanimidade no mundo do futebol. Ronaldo tem portas abertas em qualquer País ou Confederação no mundo. Ronaldo tem credibilidade nesse meio. Ronaldo não precisaria se curvar aos processos tortuosos ou corruptos. Ronaldo conhece futebol como ninguém. Ronaldo geriu equipes que lhes deram o necessário embasamento teórico. Ronaldo fez muitos milhões de dólares serem acrescidos ao seu patrimônio por entender o futebol como um negócio. Ronaldo é um fenômeno!
Já do outro lado temos Ednaldo Rodrigues. Tive a oportunidade de estar com ele por 4 vezes. Presenciei seu discurso de posse como presidente da CBF. Diferentemente do Ronaldo (que nunca encontrei pessoalmente) tenho as impressões do Ednaldo validadas por mim mesmo. Político puro. Teve sua candidatura homologada por um “acordão” na CBF que vivia (e ainda vive) crise ética e de credibilidade sem precedente. Seu discurso inicial (que citei acima) teve cerca de 30 minutos. Não cronometrei mas, sem chance de errar por muito, não acredito que ele tenha falado mais que 5 dos 30 sobre o futebol em si. Não lembro de uma palavra apenas que mostrasse novos rumos técnicos a serem ditados ao nosso futebol ou que mostrasse um novo direcionamento comercial que impulsionasse a arrecadação do maior produto de entretenimento do planeta. Lembro sim (e antes que seja apedrejado aqui, o tema da inclusão tem relevante importância sim) de quase a totalidade da fala ser direcionada ao modo em que ele chegou nesse ponto máximo de sua “carreira” e da inclusão e segregação racial. Nas outras oportunidades, nossos encontros foram isolados, e neles os assuntos colocados para análise foram “escutados”, mas nenhum seguiu adiante. Apenas o protocolo político inerente ao cargo, nada mais.
Não vou aqui falar o que aconteceu de lá para cá, principalmente com a Seleção Brasileira. Todos nós estamos vendo o declínio, o marasmo, a falta de alternativas.
Então, por qual motivo pode ser importante uma saída mais cedo do presidente político e a entrada de um presidente com representatividade, com conhecimento prático e teórico?
A resposta é a seguinte: nada muda da noite para o dia. A CBF é um Titanic, todo preso a um roteiro que já conhecemos. Para desviar desse caminho, para se traçar nova rota, para se “desviar do iceberg” é necessário tempo.
Em 2026 teremos Copa do Mundo na América do Norte. É claro que o Brasil estará lá. Não só por seus méritos, mas pela incapacidade de seus adversários locais e pela fragilidade da competição classificatória.
Mas que ninguém espere nada de extraordinário. Esqueçam “peso de camisa”. Esqueçam tradição. Estamos atrasados. Nossos métodos são ultrapassados. Nossos atletas hoje são mais do mesmo. Não colocamos mais medo em ninguém. Todos sabem que é possível ganhar do Brasil.
Talvez com uma mudança de mentalidade, com pulso firme técnico e profissionalizado, sem atender à demanda de empresários e sem a interferência de políticos que entendem apenas de fazer política para perpetuar-se no cargo, possamos ter um desempenho diferente ainda em 2026.
Por fim, não acredito que o atual presidente tenha a leveza de espirito necessária para tomar esse caminho. Todos os apêndices, os cancros que hoje estão na CBF não iriam querer ele fora também. Faria mal para muitos bolsos.
Rica, seu texto foi perfeito. Sabemos que é até utópico por conhecermos a realidade. Mas nos resta registrar aquilo que pensamos, com a clareza de que pensamos naquilo que é o melhor para todos e não no que é melhor para um ou outro interesse isolado.