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CARLOS-CABECA-COLUNA

De Curitiba a Belo Horizonte de Nissan Frontier

21/01/2025
nissan frontier

No segundo semestre de 2022, tudo estava pronto para uma viagem de Curitiba a Belo Horizonte com a família, em minha Zafira Elite 2012. O carro estava revisado, com amortecedores e pneus novos. Porém, uns dias antes de partir, recebi um contato da Nissan: eles tinham uma Frontier Platinum disponível para teste por uma semana. Não pensei duas vezes e aceitei retirar o veículo na segunda-feira, 7 de outubro. Era a oportunidade perfeita para testar essa picape estradeira em uma viagem longa.

Frontier Platinum (2)

Ao retirar a Frontier, percebi que o modelo tinha pouco mais de 9 mil km rodados e uma revisão programada para os 10 mil, e o aditivo ARLA 32, necessário para o diesel, também precisaria logo ser reposto. Outro detalhe foi a falta da capota marítima para esconder a bagagem de quatro pessoas. Sem alternativa, comprei uma capota nova, que usaria durante a viagem e depois venderia. O protetor de caçamba, por outro lado, era de série, e o prático separador de carga ajudava na organização. A tampa da caçamba, com barra de torção, é leve, mas sua fechadura só tranca com chave, e não pelo controle remoto. A capacidade de carga foi aumentada para 1.054 litros em comparação com a versão anterior. Para não perder tempo na estrada adquiri em um Posto Ipiranga, uma Tag, para passar direto nos inúmeros pedágios que tínhamos pela frente.

Frontier Platinum (3)

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No terça-feira, saímos as três horas da manhã com a intenção de chegar em Belo Horizonte ainda no final do dia. Logo no início, percebi que a viagem seria agradável devido ao conforto e a posição de dirigir. O breu da madrugada deu lugar à excelente iluminação dos faróis em LED, com comutação automática de farol alto, uma verdadeira mão na roda. A primeira parada foi no Graal Ouro Verde, em Registro, antes das 6 da manhã, para o café.

O modelo em questão era uma Frontier Platinum 2023 na cor Azul Cayman, que na época custava R$ 325.840. Essa versão recebeu um novo design, chamado “Emotional Geometry”, que fez a picape se destacar como uma das mais imponentes e belas do mercado, todavia isso não se reverteu em vendas mais expressivas.

Frontier Platinum (6)

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Em termos de mecânica, a Frontier manteve o confiável motor Bi-turbo de 190 cv e 45,9 kgmf a apenas 1.500 rotações. Com câmbio automático de 7 marchas, o desempenho é mais que satisfatório. O sistema 4×4 tem três modos: 2WD (somente tração traseira), 4WD HIGH (para trilhas leves até 70 km/h) e 4WD LOW (para situações extremas). A versão Platinum ainda vem equipada com rodas aro 18, pneus Bridgestone Dueler HT 255/60, teto solar, bancos em couro, medidor de pressão dos pneus e espelho fotocrômico.

A picape conta com sistemas de assistência como controle automático de descidas, assistente de subida (HSA), e quatro modos de condução: reboque, esporte, standard e off-road. A suspensão traseira é multilink, com molas helicoidais, e o eixo rígido com barra estabilizadora garante robustez e conforto, complementado pelos freios a disco nas quatro rodas.

Frontier Platinum (8)

A tecnologia também foi destaque. O “Nissan Intelligent Mobility” traz o sistema de visão 360º, alerta de colisão frontal, ponto cego, tráfego cruzado traseiro, e alerta de mudança de faixa, que aciona os freios para trazer o veículo de volta à sua faixa, com um aviso sonoro que se torna irritante. Além disso, os faróis de 4 projetores em LED oferecem até 30% mais luminosidade, o que se mostrou eficiente durante nossa viagem. Pelo computador de bordo, é possível personalizar todos esses sistemas. Faltou, no entanto, o ACC, o piloto automático adaptativo que permitiria rodar com mais tranquilidade em longas distancias. O sistema multimídia Nissan Connect de 8” tem excelente qualidade sonora, ótima resolução, mas só faz emparelhamento via cabo, o que limita a conectividade. Seu funcionamento é estável, sem travar.

Frontier Platinum (9)

A cabine é confortável, com bom isolamento acústico e bancos com a tecnologia “zero gravity”, já reconhecida pela marca. O banco do motorista oferece ajustes elétricos, garantindo uma excelente posição de dirigir, mesmo sem o ajuste de distância do volante. Um ponto a melhorar, comum em todos os modelos importados da Nissan, é o comando de vidro elétrico, que tem a função de um toque, mas só para abaixar o vidro do motorista. No banco traseiro, o espaço é adequado, mas o encosto ainda é muito vertical, tornando-se cansativo em viagens longas. Há saídas de ar e tomadas USB para os passageiros de trás.

Como se espera de uma picape dessa dimensão (5,26 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,855 m de altura e mais de 2 toneladas), a Frontier se sai melhor na estrada do que na cidade. Seu motor bi-turbo e o elevado torque a baixas rotações garantem uma condução prazerosa, mesmo em subidas.

Frontier Platinum (10)

O tanque de 73 litros permite rodar até mil quilômetros na estrada, mas o computador de bordo apaga a autonomia quando há pouco mais de 100 km restantes, deixando o motorista ansioso até encontrar o próximo posto. Vale a pena ficar atento ao frentista, pois, em um dos abastecimentos ele estava abrindo o tanque do Arla que fica ao lado do de Diesel, na mesma portinhola, mas é azul, menor e está escrito ARLA32.

Voltando a viagem em si, resolvi não entrar na capital paulista por causa do trânsito da marginal Tietê. Fui pelo Rodo Anel Norte até ele terminar, passando então obrigatoriamente pelo meio de vilarejos até chegar na BR 381 na altura de Mairiporã. Seguimos até um pouco além de Cambuí já em MG, e paramos para almoçar e abastecer. De volta à estrada fizemos uma parada no Graal Perdões para repor energias e seguir adiante. Estava tudo dentro do programado e ao entardecer já estávamos chegando na área metropolitana de Belo Horizonte. No lusco-fusco do final do dia, um cruzamento mal sinalizado causou a saída da rota previamente estabelecida e entrei em uma via rápida, tipo um anel viário cujo limite era 70km/h, cheio de “pardais” (radares pega turista), e obviamente, deixei uma contribuição para os cofres públicos da cidade. Mesmo com estes atropelos chegamos ao destino por volta das 18:30, e a garagem disponível era em um prédio, exigindo apertadas manobras para estacionar. Normal, mas cansativo depois de quase 16 horas de estrada!

Após um merecido descanso aproveitando a famosa hospitalidade mineira, a missão era encontrar um bom local para fazer as fotos da Frontier para a matéria. O dia estava perfeito e fomos tentar fotografar perto da Igreja da Pampulha, mas lá chegando o acesso a carros era proibido. Consegui parar na barreira mais próxima, e com sorte, pude enquadrar a picape e a igreja ao fundo. Fiz algumas fotos e, como sempre, do nada surgiam guardas para fazer valer seus salários e nos fazer bater em retirada. Contornando o lago por onde era possível avançar de carro, consegui mais algumas locações, sempre pedindo permissão ao estacionar na calçada, em frente de algum estabelecimento.

Como estávamos perto do Mineirão, surgiu a ideia de tentar fotografar a Frontier com o estádio ao fundo. Contornamos o estádio e vimos que o estacionamento estava aberto e vazio, totalmente vazio. Entrei, posicionei a Frontier para algumas fotos e, do nada, novamente surgiram guardas, desta vez em um quadriciclo. Novamente expliquei que estava fazendo uma reportagem, com um veículo da fábrica etc. Disseram que não podia fotografar ali, que precisaria de uma autorização do pessoal da administração. Meu genro, que estava junto, foi com eles até a administração. Após quase meia hora, ele voltou dizendo que alguém iria nos atender. Saímos do estacionamento aberto e fomos até a área administrativa onde havia um estacionamento coberto nos tuneis do estádio. Esperamos mais meia hora até que duas pessoas chegaram para falar conosco. Explicamos tudo, inclusive que não havia cunho comercial, pois era reportagem para exibição em meios gratuitos de divulgação. Para nossa surpresa, disseram que sim, só não era para entrar no gramado do campo…. Enfim, deixaram entrar dentro do estádio. E eu só queria uma foto do carro com ele ao fundo… Inacreditável. Pudemos ficar o tempo necessário para fazer as fotos. Dia perfeito, céu azul, quase duas da tarde. Consegui uma de minhas melhores locações para fotos de testes até então. Missão cumprida com êxito, e não foi do TSE.

Frontier Platinum (1)

No dia 13 de outubro, domingo, as três da manhã, iniciamos o retorno. Viagem completamente tranquila. Estava incrivelmente bem-disposto, pois a posição de dirigir realmente não me cansou, até chegar a uns 30 quilômetros antes de Curitiba, quando a estrada parou. Um caminhão havia tombado e ficamos parados mais de uma hora. Foi o suficiente para a minha boa disposição ir para o brejo e o cansaço das 15 horas de viagem anteriores aparecessem bem rápido.

De volta a casa, ainda de dia, deu tempo para retirar a capota marítima e remover os silicones dos pontos de ancoragem. Dia seguinte pela manhã, lavei a picape e fiz a devolução, agora com pouco mais de onze mil quilômetros rodados, revisão por fazer e o aviso para a reposição do ARLA 32 aceso. Cada reposição dura em média dez mil km. Tudo dentro dos limites escritos no manual.

Rodamos no total 2.105,4 km e a média na estrada foi de 13 km/l e na cidade de 7km/l. O veículo foi cedido diretamente pela fábrica. www.nissan.com.br

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