O R.E.M. é uma das bandas mais criativas do dito “rock alternativo”. Formada no estado da Geórgia, EUA, lançou vários álbuns espetaculares. Seu oitavo, Automatic For The People, lançado em 5 de outubro de 1992, é de uma beleza melancólica e divertida. Com Michael Stipe nos vocais, Bill Berry na bateria, Peter Buck nas guitarras e Mike Mills no baixo, criaram uma obra-prima do rock, vendendo mais de 18 milhões de cópias pelo mundo.
Drive, a faixa de abertura, é sombria e introspectiva, com um ritmo lento e um arranjo minimalista que se baseia em violões, baixo e uma melodia melancólica. A letra reflete a alienação e a juventude em busca de propósito. “Smack, crack, bushwhacked, Tie another one to the racks, baby, Hey kids, rock and roll! Nobody tells you where to go, baby.”
Try Not To Breathe combina uma melodia comovente com uma letra profunda sobre mortalidade e aceitação. O arranjo é rico, com camadas de guitarras acústicas e backing vocals sutis. Michael Stipe entrega uma interpretação vocal sincera e cheia de emoção.
The Sidewinder Sleeps Tonite apresenta uma melodia mais leve e brincalhona. A canção contrasta com o tom geral do álbum. A faixa combina humor e reflexão em uma estrutura lírica enigmática. O refrão, com seus tons de falsete, é inesquecível.
Everybody Hurts é um dos maiores sucessos da banda. Essa faixa é um hino de esperança para os que enfrentam dificuldades. A simplicidade da melodia, conduzida por uma guitarra limpa e cordas, amplifica a mensagem universal de consolo. A sinceridade da letra é seu ponto mais forte. “When the day is long, And the night, the night is yours alone, When you’re sure you’ve had enough, Of this life. Well, hang on, Don’t let yourself go, ‘Cause everybody cries, And everybody hurts, Sometimes.”
New Orleans Instrumental No. 1 é uma breve peça instrumental e atmosférica. Funciona como um interlúdio que dá ao álbum uma pausa reflexiva. Seu uso de teclados e guitarras cria uma sensação de flutuação.
Sweetness Follows tem uma introdução melancólica de violoncelo, mergulhando no luto e na reconciliação. A instrumentação simples permite que a voz de Stipe brilhe, trazendo à tona uma sensação de aceitação diante da perda.
Monty Got A Raw Deal mistura temas de isolamento e vulnerabilidade. Com uma estrutura folk e letras evocativas, a música homenageia o ator Montgomery Clift, destacando sua luta pessoal contra o preconceito e as adversidades.
Ignoreland é a faixa mais politizada do álbum. É um contraste marcante com seu tom energético e indignado. As letras criticam a política e a apatia da sociedade, com vocais distorcidos e um instrumental mais agressivo.
Star Me Kitten, Minimalista e sensual, essa canção é construída com uma linha de teclado hipnótica e letras sugestivas. O tom abafado dos vocais de Stipe adiciona um clima íntimo, quase confessional.
Man On The Moon, uma homenagem ao comediante Andy Kaufman, essa faixa mistura humor e nostalgia. Sua melodia é sensacional, com um refrão esplendoroso que celebra a irreverência e a criatividade. As referências culturais enriquecem a narrativa. “Hey Andy, did you hear about this one? Tell me, are you locked in the punch? Hey Andy, are you goofing on Elvis? Hey, baby! Are we losing touch? If you believed they put a man on the moon, Man on the moon, If you believe there’s nothing up my sleeve, Then nothing is cool.”
Nightswimming é uma balada delicada, conduzida por piano e orquestração. A letra evoca memórias de juventude, liberdade e vulnerabilidade. A performance vocal de Stipe é profundamente emotiva, tornando-a uma das mais memoráveis do álbum.
Find The River encerra o álbum com um tom esperançoso. É lírica e contemplativa. A metáfora do rio como jornada da vida é poderosa, e o arranjo acústico, acompanhado por backing vocals suaves, reforça a beleza dessa despedida.
Automatic For The People é uma obra-prima que equilibra temas de mortalidade, nostalgia e humanidade. Cada faixa contribui para uma narrativa coesa e emocionalmente ressonante. John Paul Jones, baixista e tecladista do Led Zeppelin faz os arranjos orquestrais em quatro faixas. Este álbum solidificou o R.E.M. como uma das bandas mais importantes do College Rock, do Alternative rock. Do rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
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