Com a dissolução da banda canadense The Sparrows, o guitarrista e vocalista John Kay, o tecladista Goldy McJohn e o baterista Jerry Edmonton se uniram, em Los angeles, no ano de 1967, com o guitarrista Michael Monarch e com o baixista Rushton Morave, e formaram o Steppenwolf. Seu primeiro álbum, intitulado apenas como Steppenwolf, foi lançado em 29 de janeiro de 1968. O hard rock, que se formava no final da década de 1960 e início da de 1970, era o propósito da banda. Com uma mistura de blues, rock clássico e psicodelia, marcou uma geração, pois duas canções do álbum entraram na trilha sonora do road movie Easy Rider (Sem Destino), estrelado por Peter Fonda e Jack Nicholson, e dirigdo por Dennis Hopper, em 1969. Um clássico!
Abrindo o álbum com energia pura, Sookie Sookie é um cover vibrante de Don Covay e Steve Cropper. Com riffs intensos e um groove irresistível, a banda define o tom do disco. Destaque para a guitarra de Monarch.
Everybody’s Next One mescla melodias delirantes com uma abordagem direta, quase pop, sem perder a agressividade do rock. A bateria de Edmonton se destaca.
Berry Rides Again é um tributo ao estilo de Chuck Berry. A canção mantém o espírito do rock ‘n’ roll clássico. Os solos de guitarra e o ritmo acelerado são destaques, prestando homenagem às raízes da banda.
Em Hootchie Kootchie Man a banda mergulha no blues com uma versão elétrica e pesada do clássico de Muddy Waters. A interpretação intensa de John Kay dá nova vida à faixa, enquanto a guitarra adiciona uma camada de psicodelia.
A canção mais famosa do álbum e um hino do rock, Born To Be Wild representa o espírito de liberdade e aventura, com letra que inspirou o conceito de “easy rider”. O riff de abertura e o refrão explosivo são icônicos, tornando a faixa um símbolo do movimento contracultural. Uma das melhores versões dessa canção é da banda inglesa The Cult, no álbum Electric. “Get your motor running, Head out on the highway, Looking for adventure, And whatever comes our way, Yeah, darling, gonna make it happen, Take the world in a love embrace, Fire all of your guns at once and, Explode into space, I like smoke and lightning, Heavy metal thunder, Racing in the wind, And the feeling that I’m under.”
Your Wall’s Too High tem uma linha mais lenta e melancólica. A letra introspectiva e o arranjo mais sombrio demonstram a versatilidade da banda, criando uma atmosfera quase hipnótica.
Uma das faixas mais emocionais do álbum, Desperation mistura elementos de balada com explosões de intensidade. Um blues ballad de imensa qualidade. A performance vocal de Kay é um destaque, transmitindo a força da banda.
Uma crítica direta ao tráfico de drogas pesadas, The Pusher é uma das canções mais espetaculares do álbum e da banda. Com um ritmo cadenciado e um clima denso, a faixa é carregada de emoção e indignação, apoiada por um instrumental visceral. “You know the dealer, the dealer is a man, With the love grass in his hand, Oh but the pusher is a monster, Good God, he’s not a natural man, The dealer for a nickel, Lord, will sell you lots of sweet dreams, Ah, but the pusher ruin your body, Lord, he’ll leave your, he’ll leave your mind to scream.”
A Girl I Knew apresenta uma sonoridade mais leve, trazendo uma pausa na intensidade do álbum. A melodia agradável e o vocal suave contrastam com as letras mais pesadas das outras canções. Tem um solo de guitarra arrasador. Lembra The Beatles e The Beach Boys.
Outra canção enérgica, Take What You Need volta ao espírito rebelde do álbum. A guitarra é mais uma vez o destaque, com solos curtos e precisos. A linha de teclado é extraordinária.
Encerrando o álbum com uma mensagem social poderosa, The Ostrich critica a apatia da sociedade diante dos problemas do mundo. A letra provocativa é acompanhada por um instrumental que mistura psicodelia e rock pesado, fechando o álbum com maestria.
O álbum Steppenwolf é um divisor de águas no rock, unindo blues, psicodelia e hard rock com letras que capturam os anseios e as inquietações dos anos 1960 e 1970. É um trabalho pioneiro do rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
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