A obesidade é uma doença crônica e multifatorial que afeta milhões de brasileiros. No entanto, o preconceito em torno do tratamento com medicamentos é um obstáculo que dificulta o enfrentamento desse problema de saúde pública. A sociedade costuma reduzir essa questão a uma visão simplista, associando-a apenas à falta de determinação ou a comportamentos inadequados, sem levar em conta fatores fisiológicos que impactam o ganho de peso. Essa perspectiva acaba desestimulando muitas pessoas a procurarem tratamentos eficazes e respaldados pela ciência, como medicamentos que ajudam a controlar o apetite, regular o metabolismo ou tratar comorbidades relacionadas.
Segundo dados de uma análise global conduzida pela NCD Risk Factor Collaboration (NCD-RisC), em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS), publicada na revista científica “The Lancet” em 2024, 879 milhões de adultos viviam com obesidade em 2022. No Brasil, existem cerca de 41 milhões de pessoas acima de 18 anos com obesidade, correspondendo a 26% da população. Um estudo publicado pela World Obesity Federation(WOF) em 2023 traz o dado de que em 2035 a previsão é de que os brasileiros com obesidade sejam 41% da população.
Para a Dra. Andrea Pereira, médica nutróloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, o combate à desinformação é fundamental. “As medicações para obesidade não são uma solução mágica, mas sim uma parte importante de um tratamento integrado. Elas ajudam a equilibrar fatores fisiológicos que nem sempre podem ser controlados apenas com dieta e exercícios”, explica.
O cirurgião bariátrico Dr. Carlos Schiavon, presidente da ONG, reforça que a obesidade deve ser tratada como qualquer outra doença crônica. “Assim como usamos medicamentos para controlar diabetes ou hipertensão, também precisamos usar ferramentas eficazes para a obesidade. Negar isso é perpetuar o preconceito e comprometer a saúde de milhões de pessoas”, alerta.
Além das questões físicas, o preconceito em relação ao uso de medicamentos impacta o aspecto emocional dos pacientes. “Muitos se sentem culpados por não conseguirem perder peso apenas com mudanças no estilo de vida, o que aumenta a vulnerabilidade psicológica. Essa culpa é alimentada pela falta de compreensão sobre a doença e seus tratamentos”, destaca Andrea Levy, psicóloga e também cofundadora da ONG.
O acesso à informação de qualidade é o primeiro passo para superar o estigma e promover um tratamento mais humanizado e eficaz. Combater a desinformação e incentivar uma abordagem integrada é essencial para mudar a percepção social sobre a obesidade e suas terapias.
O Instituto Obesidade Brasil é a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade e surge com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, com linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias e direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.
A ONG foi fundada em fevereiro de 2020 para conscientizar pessoas de que a obesidade é uma doença multifatorial e crônica e conta com um Conselho Científico composto por especialistas colaboradores de todo o território brasileiro, de perfil multidisciplinar, que adota o conceito de saúde universal e trabalha para que todos tenham acesso à ajuda médica especializada.
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