Ao que parece, técnicas do Marcathismo voltaram a ser empregadas em solo americano. Na década de 1950, o movimento político de caça às bruxas foi usado para identificar “espiões soviéticos” e combater ideais comunistas. No fundo, era um método para atacar adversários e contribuiu para frear discussões sobre direitos civis, principalmente em relação à população negra e relações de trabalho. Hoje, a mesma tática é utilizada para amedrontar corporações que aderiram a práticas sustentáveis – ou progressistas – e da agenda ESG.
Na última semana, o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, enviou uma carta a grupos como Black Rock, Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Morgan Stanley alertando as empresas de Wall Street sobre possíveis ações judiciais por conta de suas políticas de diversidade, energia verde e investimento climático. O comunicado também foi assinado por procuradores-gerais do Alabama, Idaho, Indiana, Iowa, Montana, Nebraska, Carolina do Sul, Utah e Virgínia.
O texto diz que medidas empresariais de diversidade, equidade e inclusão (DEI) e ambientais, sociais e de governança (ESG) podem levar a ações judiciais se forem considerados uma violação das leis estaduais ou federal. Para Paxton, o compromisso contínuo das corporações com as políticas afirmativas, como “cotas ilegais baseadas em raça e sexo e políticas ambientais radicais”, afetam consumidores e investidores e comprometem obrigações legais, contratuais e fiduciárias das companhias.
Desacordo de Paris (I)
A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris foi a grande manchete climática global no primeiro mês de 2024. A decisão do governo Trump o coloca ao lado do Irã, Líbia e Iêmen, até então os únicos estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) não comprometidos com os compromissos assumidos por 195 nações em 2015. O principal objetivo é evitar que a temperatura da terra ultrapasse o limite de 1,5°C em relação à era pré-industrial.
Desacordo de Paris (II)
De toda forma, qualquer iniciativa de retirada de um país do Acordo de Paris passa a valer um ano após a entrega da declaração a autoridade climática, conforme ficou convencionado entre os países signatários. Em 2017, Trump havia anunciado a mesma medida, mas sua mensagem só foi formalizada no final de 2018 e passou a valer em 2019, pouco tempo antes dele deixar a Casa Branca. A decisão foi revogada por Joe Biden.
89s para o Juízo Final
Os “ponteiros” do Relógio do Juízo Final estão mais perto da meia-noite, que seria o tempo da catástrofe da Terra. Agora, ele marca 89s para o fim do mundo. O mecanismo foi criado em 1947 por diversos cientistas para alertar pessoas e governos sobre decisões que impactam a humanidade. Naquele tempo, o risco era uma guerra atômica. A decisão de ajustar em um segundo o tempo do relógio foi tomada em razão da ameaça de uso de bombas nucleares na guerra da Rússia contra a Ucrânia, pelos constantes recordes de aquecimento global, além do uso de tecnologias como Inteligência Artificial, sem qualquer controle.
Dia do Polutocrata (I)
A Oxfam International, uma organização que desenvolve ações de combate às desigualdades, estabeleceu o 10 de janeiro como Dia do Polutocrata. Segundo a instituição, este é o tempo que as pessoas que integram o grupo dos mais ricos do mundo – 1% da população da terra – levam para esgotar sua cota-parte anual de emissões de gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global.
Dia do Polutocrata (II)
Para a Oxfam, uma cota justa de emissões seria de 2,1 toneladas por pessoa ao ano. No cálculo da organização, somente a pequena parcela dos mais ricos é responsável por 76 toneladas individuais de CO2 anualmente. “Isto é roubo, puro e simples. Um pequeno grupo que rouba o futuro de bilhões de pessoas para alimentar a sua ganância insaciável”, critica Nafkote Dabi, um dos líderes da organização.
Calor insustentável
O calor extremo no Brasil segue batendo recordes históricos e a população passou a buscar todas as formas possíveis de se refrescar. O item preferido é o ar-condicionado. Mas o equipamento também é um dos vilões da conta de luz. Para conseguir ar fresco, mas sem ter tanto impacto no consumo de energia, os consumidores procuram alternativas. Uma pesquisa da Descarbonize Soluções, especializada em sistemas de energia limpa, mostrou que as buscas no Google por “ar-condicionado com placa solar” cresceram 190% no último ano.
Compromisso sustentável (I)
As ondas calor extremo são resultado das mudanças climáticas causadas pela ação humana, como demonstra a ciência. A Descarbonize quis saber então o grau de engajamento dos brasileiros em ações sustentáveis ao longo de 2024 e ouviu 500 pessoas em todos os estados do País. O resultado diz que: 56% dos entrevistados se avaliaram como pouco comprometidos; 35% consideram que foram muito comprometidos; e 9% admitem não terem sido nem um pouco comprometidos.
Compromisso sustentável (II)
Apesar do baixo comprometimento com a sustentabilidade ambiental há sinais de conscientização da população brasileira. Segundo a pesquisa da Descarbonize, os brasileiros avaliam que é possível evoluir na reciclagem e o reuso de descartes (55%); redução do consumo de plástico (51%); redução do consumo de energia elétrica (46%), e a redução do consumo de água (45%).
Foto: Kristina Volgenau/Unsplash
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