No final de 2015, após um ano bastante agitado, eu e meu sócio já completávamos sete anos à frente do Aeroporto Jornal, uma revista de distribuição gratuita em aeroportos. Sempre em busca de novidades para nossos leitores viajantes, surgiu a ideia de criar uma coluna ocasional sobre testes automotivos. A proposta parecia excelente, mas havia um problema, como conseguir os carros? Graças a um contato do meu sócio com um dos diretores da Ford Slaviero, conseguimos o primeiro modelo para o teste: um Focus Fastback Titanium Plus 2016. O desafio? O carro deveria ser retirado na sexta-feira e devolvido na segunda-feira, ou seja, apenas um fim de semana para testar, fotografar e escrever a matéria. Um prazo apertado, mas era o que tínhamos para começar.
No dia e horário marcados, fui até a concessionária Slaviero da Kennedy para buscar o carro, que me foi entregue após assinar um termo de responsabilidade. Após pegar as chaves, passei um bom tempo estudando os comandos, zerando o computador de bordo para registrar as médias de consumo e ajustando a posição de dirigir. Fui direto para casa, preocupado com o tempo e com a sessão de fotos que precisava fazer para registrar tudo para a reportagem. Mesmo sem um fim de semana de sol, as fotos ficaram boas. No dia seguinte, fiz uma rápida viagem ao litoral para testar o carro na estrada e aproveitar para tirar mais algumas fotos.
Produzido na Argentina, o Focus Fastback era um dos lançamentos mais recentes da Ford na época, combinando tecnologia de ponta, conforto, segurança e prazer ao dirigir. Seu sistema SYNC, sofisticado e intuitivo, trazia GPS nativo herdado dos modelos Fusion e Edge. O modelo prometia ser um forte concorrente para Corolla, Sentra e Civic no segmento de sedãs premium de médio porte. No entanto, problemas de produção e depois com o câmbio Powershift, limitaram seu sucesso.
O design era moderno, elegante, sem exageros. O acabamento e os encaixes da carroceria estavam acima das expectativas. O interior oferecia bancos em couro argentino, seis airbags, teto solar, direção elétrica, sistema de som Sony, sistema de estacionamento automático, chave com sensor de presença, ar-condicionado digital bi zone e sensores de colisão, crepuscular e de chuva. O sensor de colisão, Active City Stop, era instalado no para-brisa, e monitorava constantemente o trânsito. Caso detectasse uma colisão iminente, acionava automaticamente os freios em velocidades de até 50 km/h. Os faróis eram do tipo Bi Xênon adaptativos.
Na parte mecânica, o modelo era impulsionado pelo excelente motor 2.0 Direct Flex TiVCT, flex, de 175 / 178 cv e 21,5 / 22,5 kgmf de torque, injeção direta e variador de fase na admissão e no escapamento, tudo associado a uma transmissão automática Powershift de seis marchas. As rodas de liga leve aro 17, pneus 215/50 e a suspensão traseira multilink completavam o conjunto.
O interior oferecia um bom isolamento acústico, ajudado pelas portas com dupla vedação. Os comandos dos vidros eram de um toque, mas não havia sistema de alívio de pressão ao fechar a porta. O painel com luz azul combinava instrumentos analógicos e digitais, tinha textura emborrachada e plásticos bem-acabados. O teto solar, o volante multifuncional revestido em couro com paddle shifts e excelente empunhadura também eram destaque. Os bancos eram firmes e traziam ajuste elétrico de seis posições para o motorista. No banco traseiro, no entanto, o conforto era ideal apenas para duas pessoas, devido ao túnel central alto.
O porta-malas tinha capacidade de 420 litros e permitia ampliar o espaço ao rebater os bancos traseiros na configuração 1/3 e 2/3. No entanto, a falta de amortecedores telescópicos na tampa poderia comprometer a integridade da bagagem ao fechar. O estepe fino, antes novidade e hoje já comum no mercado, limitava a velocidade a 80 km/h.
A dirigibilidade impressionava. Os 178 cv do motor, o conforto, o silêncio a bordo, a tecnologia e a estabilidade faziam dele um carro extremamente agradável de conduzir tanto na cidade quanto na estrada.
Na segunda-feira de manhã, devolvi o carro nas mesmas condições em que o recebi e fiz o cálculo do consumo, após ter rodado cerca de 350 km a média foi de 12,8 km/l com gasolina.
Foi um fim de semana corrido, mas o primeiro teste automotivo do Aeroporto Jornal estava concluído e a chama para mais desafios como este, acesa.
Quem desejava um modelo como esse precisava investir em novembro de 2015 mais de cem mil reais o que o colocava em uma faixa de preço para poucos. Hoje, um exemplar bem conservado pode ser encontrado por cerca de R$ 68.000.
Fotos: Divulgação
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