Com a produção de Martin Birch, o Iron Maiden se consolidava no heavy metal dos anos 1980, lançando Killers, seu segundo álbum de estúdio. Era 2 de fevereiro de 1981 e a banda, formada por Steve Harris (baixista e principal compositor), Deve Murray (guitarra), Clive Burr (bateria), o novato Adrian Smith (guitarra) e Paul Di’Anno (vocalista, falecido em 2024), mostra ao mundo seu peso, técnica e musicalidade. Um primor de álbum de heavy metal. A ilustração da capa, obra do artista Derek Riggs, é espetacular.
A abertura instrumental curta e poderosa de The Ides Of March (referência à morte de Júlio César) estabelece um tom épico e sombrio. A bateria de Clive Burr é marcante, criando uma marcha imponente, enquanto as guitarras alternam entre melodias harmonizadas e riffs metálicos.
Um dos clássicos do álbum, Wrathchild tem um riff icônico e um baixo arrasador de Steve Harris, que dá o tom da faixa. A letra narra a busca de um filho pelo pai desconhecido, um tema de vingança e revolta. Di’Anno canta com agressividade e energia, e os solos de guitarra são curtos, mas intensos. “Now I spend my time, Looking all around, For a man that’s nowhere, To be found, Until I find him, I’m never gonna stop searching, I’m going to find my man, Gonna travel round, ‘Cause I’m a wrathchild, Well I’m a wrathchild, Yeh I’m a wrathchild.”
Murders In The Rue Morgue é inspirada no conto de Edgar Allan Poe. Combina velocidade e mudanças rítmicas. A letra descreve um homem acusado injustamente de assassinato, refletindo paranoia e desespero. As transições entre passagens calmas e explosões instrumentais mostram a evolução da banda.
Um hard rock acelerado com influência punk, Another Life traz uma linha de bateria frenética e riffs diretos. A letra é introspectiva, com um tom de desespero e niilismo, algo que se encaixa bem na entrega vocal de Di’Anno.
Segunda instrumental do álbum, Genghis Khan demonstra a habilidade da banda em criar atmosferas complexas sem letras. O ritmo dinâmico e as mudanças bruscas de tempo evocam batalhas e cenários épicos, um prenúncio do que a banda desenvolveria nos anos seguintes.
Com uma introdução de baixo distinta, Innocent Exile continua a narrativa de um personagem foragido, reforçando o tom de perseguição e desespero. A música tem um groove mais swingado, demonstrando a versatilidade da banda.
Killers, a faixa-título é um dos pontos altos do álbum. Começa com uma introdução atmosférica antes de explodir em um riff sensacional A letra, narrada do ponto de vista de um assassino, é sombria e intensa. O instrumental reflete a tensão crescente, com solos agressivos e uma performance visceral de Di’Anno.
Única balada do álbum, Prodigal Son tem uma pegada mais progressiva e melancólica. A letra evoca temas de redenção e maldição, enquanto as guitarras limpas e o ritmo desacelerado trazem um contraste marcante com as outras faixas.
Uma das músicas mais rápidas do álbum, Purgatory mistura melodias alegres com uma letra sombria sobre almas presas entre o céu e o inferno. A combinação de guitarras harmonizadas e um refrão espetacular fazem dela um destaque subestimado do álbum.
Drifter encerra o álbum. É uma faixa vibrante e energética, com um riff matador e um refrão estonteante. A batida pulsante e o tom festivo contrastam com o conteúdo mais denso do álbum, mas funcionam bem como um desfecho explosivo.
Killers é um álbum essencial na transição do Iron Maiden para a sonoridade que o tornaria lendário. Ele refina o estilo da estreia e prepara o terreno para os próximos álbuns, trazendo mais técnica, complexidade e atmosferas diversas. A energia bruta e o carisma de Paul Di’Anno, o melhor vocalista que a banda já teve, são destaques, assim como a evolução na produção e na composição da banda. Um álbum de heavy metal. Um álbum de rock’n’roll. Do bom e velho rock’n’roll.
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