O Carnaval é uma das tradições mais fortes do Brasil. É a festa que mais movimenta a cultura popular brasileira tendo um impacto milionário na economia, já que milhares de turistas do mundo inteiro já vieram conhecer esta festa impactando o resultado no turismo, na gastronomia, em empregos formais e informais ao longo de todos os anos. Assim, como tudo muda, o Carnaval também mudou e as maiores mudanças nesta festa se dá devido ao comportamento do público. Porém, tudo a nossa volta muda conforme o comportamento humano: a moda, a gastronomia, a arquitetura, a indústria automobilística, a tecnologia, a medicina, a educação, o turismo: todos estes setores e diversos outros muito importantes para a economia mundial foram fortemente impactados pela mudança do comportamento do seu público alvo.
E uma mudança leva a outra. O Marketing, que é a ciência que se baseia no comportamento do consumidor para gerar mais vendas, não poderia ficar de fora destas mudanças que transformaram a relação entre os produtos e os seus consumidores. Na coluna de hoje, vou contar para vocês uma história: a história do Marketing e como ele era nos velhos carnavais.
Se formos dividir a história do Marketing, podemos selecionar 5 fases, ou 5 eras. Durante este período, muitas estratégias que já foram aplaudidas no passado, hoje não teriam mais espaço e poderiam até ser fortemente criticadas. Propagandas que reforçavam estereótipos para vender produtos ou campanhas que manipulavam a informação seriam facilmente canceladas em um mundo onde a transparência e a ética são cada vez mais exigidas. O público mudou, e com ele, o marketing também precisou evoluir.
A primeira era do Marketing, quando ele passou a ser reconhecido como uma vertente importante dentro da Administração de Empresas, o foco estava totalmente na divulgação do produto. Era uma época em que apenas os atributos, qualidade e a funcionalidade do item eram explorados na comunicação e na propaganda. Não havia preocupação com o consumidor, já que eles eram vistos como meros compradores em potencial e pouco se discutia sobre seus desejos ou necessidades. A frase de Henry Ford marcou esta época: “O cliente pode ter seu carro em qualquer cor que desejar, desde que seja preto.” – ou seja: o desejo do consumidor nesta época, pouco importava para a indústria.
Com o passar do tempo, as marcas perceberam que o consumidor tinha voz e preferências. A indústria cresceu, aumentou-se a concorrência e as empresas começaram a ver que, apenas divulgar os atributos do seu produto não era suficiente para manter as vendas. Os clientes estavam procurando quem os atendia melhor. E com isso, na sua segunda era, o marketing passou a se preocupar mais em entender quem era o seu comprador e o seu cliente. Pesquisas de mercado, segmentação e campanhas voltadas para atender as necessidades do cliente começaram a ganhar destaque. A comunicação passou a ser mais humanizada e começou-se a estudar o perfil do público alvo.
A chegada da era digital trouxe novas possibilidades e mudou a dinâmica das estratégias de Marketing. A terceira era, ou o Marketing 3.0, colocou em evidência a preocupação com os valores humanos. As marcas começaram a se posicionar sobre causas sociais e ambientais, buscando criar uma conexão mais profunda com seus clientes. As marcas começaram a mostrar o seu propósito e construir uma imagem que fosse além dos produtos. No entanto, essa fase também trouxe desafios, já que as incoerências entre discurso e prática começaram a ser amplamente questionadas.
Com o avanço das redes sociais e das demais plataformas digitais como sites, e-commerces, bancos digitais, streamings, sites, games e vários outros o universo digital se tornou a nova casa dos consumidores. Então, as estratégias de Marketing da quarta era precisavam de um novo rumo: o marketing digital. O relacionamento com os clientes passou a ser mais interativo e personalizado, com as marcas buscando estar onde o consumidor está: no whatsapp, nas redes sociais, no youtube. Os dados de consumo sendo coletados em tempo praticamente real, começaram a guiar as estratégias das empresas, criando campanhas super segmentadas e com alta capacidade de conversão. Nesta fase do Marketing, quem não acompanha a tecnologia, certamente ficará prá trás.
E atualmente, nem tanto digital, nem tanto humano: a quinta era do Marketing é marcada pela união entre tecnologia e humanização. Hoje, as marcas que se destacam são aquelas que conseguem equilibrar eficiência tecnológica com empatia e propósito. Aqui o objetivo é usar os dados e tecnologia disponíveis a uma velocidade altíssima para gerar valor ao cliente através de serviços e produtos nos quais ele se sinta valorizado e que o seu bem estar está sendo preservado. O consumidor não quer apenas ser atendido, mas quer ser compreendido em todas as suas nuances.
O comportamento do consumidor, a tecnologia, a cultura e o ambiente seguem em uma mudança constante. E estas mudanças sempre vão inspirar a forma como as marcas e os consumidores se relacionam. O segredo é entender que, por trás de todas as ferramentas e estratégias, o que permanece inalterado é o desejo humano por conexão, confiança e pertencimento. E o marketing não é apenas propaganda, é um conjunto de estratégias que gera esta construção contínua de relacionamentos que busca atender e suprir este desejo dos seus clientes.
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