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silvio lohmann

“A humanidade precisa de vocês”

13/03/2025
humanidade

Presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o embaixador André Corrêa do Lago Agora, convocou o mundo para um mutirão em favor do combate ao aquecimento global. “Não apenas ouvimos falar dos riscos climáticos, mas também vivemos a urgência climática. A mudança do clima não está mais contida na ciência e no direito internacional. Ela chegou à nossa porta, atingindo nossos ecossistemas, cidades e vidas cotidianas”, escreveu Lago em carta enviada para os 197 países que integram a ONU.
“A humanidade precisa de vocês”, sustenta o texto ao abordar o papel de diversos setores da sociedade, acrescentando que se “o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias”. Mais adiante, o embaixador salienta que, no futuro, os líderes globais serão julgados pela “disposição de responder com firmeza à crescente crise climática”. “A falta de ambição será julgada como falta de liderança, pois não haverá liderança global no século XXI que não seja definida pela liderança climática”.

E o petróleo?
O Observatório do Clima divulgou uma nota a respeito da carta do presidente da COP30, apontando que o texto “traz um alívio e uma preocupação”. “O alívio é saber que as negociações do Acordo de Paris agora estão na mão de profissionais que entendem o tamanho do buraco em que a humanidade está metida na conjunção infeliz da aceleração da emergência climática com o maior retrocesso geopolítico global em 36 anos. A preocupação é ver que a única solução real para a crise do clima – a eliminação gradual, justa e equitativa dos combustíveis fósseis – ainda não consta na lista de prioridades da conferência de Belém”.

Risco de extinção (I)
Mark Urban, professor do laboratório de eco-evolução da Universidade de Connecticut, publicou no site da revista Science um estudo sobre a possibilidade de perdas de biodiversidade e extinção de espécies com o aumento da temperatura global. Anfíbios, espécies de ecossistemas montanhosos, de ilhas, água doce e que habitam a América do Sul, Austrália e Nova Zelândia enfrentam as maiores ameaças, principalmente em razão da dificuldade de migração. O trabalho analisou mais de 30 anos de pesquisa sobre biodiversidade e mudanças climáticas, abrangendo 485 estudos da maioria das espécies conhecidas.

Risco de extinção (II)
A análise de Urban diz que um aquecimento global acima de 1,3°C sobre níveis pré-industriais coloca em risco 1,6% das espécies existentes. Mesmo que o mundo fique dentro da meta do Acordo de Paris, com um aquecimento máximo da atmosfera em 1,5°C, a extinção pode chegar a 1,8% dos seres conhecido. Caso o calor escale para 2,7°C, uma em cada 20 espécies pode desaparecer. Com temperaturas extremas, os riscos de extinção aumentam para níveis absurdos: 14,9%, para uma alta de temperatura de 4,3°C, e 29,7% a 5,4°C.

Sem poluição atmosférica
Sob a alegação de “restrições de financiamento”, o governo dos Estados Unidos deixará de compartilhar com a comunidade científica e autoridades climáticas internacionais os dados sobre os níveis de poluição atmosférica recolhidos por suas embaixadas e consulados. Este instrumento, afirmam especialistas, era vital para monitorar a qualidade do ar a nível mundial e emitir alertas de risco à saúde pública. As informações continuarão a ser coletadas e a partilha pode ser retomada no futuro, informa o Departamento de Estado dos EUA.

Lego sustentável
Historicamente dependente do plástico oriundo de combustíveis fósseis, o Lego Group quer tornar seus produtos mais sustentáveis. A empresa informa que já testou 600 elementos limpos na composição de seus blocos de encaixe. Uma das soluções testadas foi a utilização de garrafas pets recicláveis, mas a ideia foi abandonada porque não alcançou índices aceitáveis de redução de emissões. Mesmo assim, a companhia, que tem presença global, diz que 22% da sua matéria-prima já têm base sustentável. Agora, anunciou que a composição dos pneus de seus brinquedos terá 30% de matéria reciclada. O composto reaproveita cordas e redes de pesca de uso oceânico.

Energia na escola
O Governo da Bahia anunciou um investimento de R$ 131 milhões para a instalação de placas fotovoltaicas em 156 escolas da rede estadual que oferecem ensino integral. O programa promete tornar as unidades escolares autossuficientes em energia e mais sustentáveis. Sistemas de geração distribuída, de fonte solar, estão presentes em todo o Estado. A Bahia pode produzir 1,2 gigawatts (GW) de eletricidade em 146 mil pequenas plataformas solares instaladas em telhados, fachadas e terrenos. A Associação Baiana de Energia Solar (ABS) estima que o potencial estadual da fonte solar é de 27 GW, incluindo grandes usinas.

Foto: Shane Rounce/Unsplash

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