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silvio lohmann

Mundo terá excesso de oferta de petróleo

27/03/2025
petróleo

Especialistas no mercado mundial de petróleo projetam um excesso de oferta em 2025, talvez o maior em uma década. A única diferença parece ser o tamanho do excedente. A Administração de Informações sobre Energia dos EUA prevê uma sobra de 100 mil barris por dia (BPD). Para a consultoria americana Raymond James, a diferença entre produção e consumo vai alcançar 280 mil barris. A Agência Internacional de Energia (AIE) projeta uma superabundância de 600 mil barris diários.

As projeções indicam adições globais de 3 bilhões de barris por dia (BPD) para este ano. Duas enormes reservas se destacam. Uma é o campo de Tengiz, no Cazaquistão, considerada a maior descoberta de petróleo dos tempos modernos e que pode guardar 25 bilhões de barris. Em 2025, a plataforma deve produzir um milhão de barris por dia. Especialista citam ainda o campo de Bacalhau, na bacia de Santos, que vai entrar em operação nos próximos meses, ofertando 220 mil barris por dia. O primeiro é explorado pela americana Chevron e o segundo pela norueguesa Equinor.

Nosso petróleo

A plataforma que vai operar o campo de Bacalhau chegou na região de exploração em fevereiro. O navio de 370 metros de comprimento e 64 metros de largura passa por um processo de ancoragem para depois ser comissionado. A produção deve ser iniciada no segundo semestre do ano. O poço fica a 185 quilômetros da costa, a uma profundidade aproximada de 2.000 metros. Hoje, o campo de Búzios é o maior do Brasil, de onde podem ser retirados 1,5 milhão de barris diários de petróleo.

Petroestado

A Guiana deve se tornar o país mais rico da América Latina pela métrica do Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Com cerca de um milhão de habitantes, a renda média está em US$ 28,9 mil. Estimativas indicam que o PIB da ex-colônia britânica, que já foi uma das nações mais pobres das américas, terá um crescimento de 43% em 2024. Um ano antes, a taxa de crescimento foi de 33,88%. A evolução da riqueza é explicada pela alta na produção de petróleo. Desde 2015, diversos campos estão sendo explorados, mas a extração foi acelerada no começo desta década. Atualmente, a Bacia da Guiana-Suriname tem reservas conhecidas que podem fornecer aproximadamente 12 bilhões de barris de petróleo ao mundo.

Disputa mineral

Espremidos entre a Rússia e a China, países da Ásia Central têm uma reserva significativa dos minerais essenciais para o processo de transição energética. A região concentra 38,6% de manganês, 30,07% de cromo, 20% de chumbo, 12,6% de zinco e 8,7% de titânio. O Cazaquistão, por exemplo, pode concorrer com a China na exploração de terras raras, como escândio, ítrio e lantanídeos. Estes são elementos cruciais para a produção de computadores, turbinas eólicas e componentes de veículos eletrificados. O potencial é disputado por Estados Unidos e da União Europeia. De acordo com o portal Eurasianet, americanos e europeus já iniciaram uma aproximação com governos do Cazaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Quirguistão. O mesmo acontece com chineses e russos.

Lucros elétricos

As vendas da BYD chegaram a 4,2 milhões de veículos no ano passado. No último trimestre de 2024, a montadora superou a Tesla em 100 mil unidades. De acordo com balanço financeiro recém-divulgado, a companhia chinesa teve uma receita de US$ 107 bilhões no ano passado, contra US$ 97 bilhões da empresa de Elon Musk. Em relação ao lucro líquido, os asiáticos saem perdendo: US$ 5,5 bilhões ante US$ 7,6 bilhões da marca americana.

Efeito Musk?

Modelos da Tesla perderam tração no mercado Europeu. Em fevereiro, os registros de veículos elétricos (BEV) da companhia chegaram perto de 16 mil carros. Isso significa uma queda de 44% sobre o mesmo mês de 2024 e a menor participação em cinco anos. Os dados abrangem 25 mercados da União Europeia, mais o Reino Unido, Noruega e Suíça. O comércio do mesmo tipo carro da Volkswagen aumentou 180%, ficando próximo de 20 mil unidades. Modelos do grupo BMW venderam 19 mil BEVs e a soma dos elétricos chineses colocados nas ruas europeias também superou os números da empresa de Musk.

Bateria elétrica (I)

Em 2024, o mundo consumiu 17 milhões de veículos elétricos (EV) e a demanda anual de baterias ultrapassou 1 terawatt-hora (TWh). Trata-se de um marco histórico, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). A instituição também registra que o preço médio de uma bateria para EV caiu para menos de US$ 100 por quilowatt-hora. O valor é considerado um limite fundamental na competição com os modelos convencionais. Um elétrico com boa capacidade e potência carrega um propulsor de 100 KWh.

Bateria elétrica (II)

A AIE informa que a capacidade global para a fabricação de baterias atingiu 3 TWh em 2024, e que nos próximos cinco anos esse número poderá triplicar em razão de projetos já anunciados por conglomerados globais. A agência cita que a queda de preços se explica pela redução do valor de minerais como o lítio, pela consolidação de processos produtivos e pela ampliação dos mercados, que eram regionalizados e agora são globais.

(Foto: Zbynek Burival/Unsplash)

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