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Cidades inteligentes: e a adequada destinação final dos resíduos?

26/05/2022

Por Marcos Traad

 

O conceito de cidade inteligente tem norteado as discussões sobre o futuro dos centros urbanos. A tendência pela busca da vida nas cidades é histórica e, pelo visto, o adensamento populacional no espaço urbano é mesmo irreversível. Segundo previsões da ONU, até 2050, 70% da população do planeta viverá nas cidades. No Brasil, de acordo com o IBGE, 84% da população já é urbana, o que nos faz acreditar que o sinal de alerta já está acionado faz tempo.

 

Indubitavelmente, o fator preponderante para que haja melhores condições de vida nas cidades é o planejamento de longo prazo, tendo, num dos eixos principais, as questões ambientais. Se esta premissa é verdadeira: como imaginar que possamos avançar na busca de mecanismos de inteligência para as cidades sem considerar o meio ambiente que nos acolhe? É claro que a tecnologia é uma forte aliada do desenvolvimento sustentável e, quando utilizada de forma racional, sempre nos possibilitará avanços qualitativos.

 

Nos debrucemos então a analisar alguns dos fatores de risco ambiental que devem ser considerados para que mais garantias sejam conferidas à adequada vida nas cidades. Nos parece que o advento das mudanças climáticas tem sido evidente. Inúmeros trabalhos que analisam os fatores do clima em séries históricas, mostram que eventos como ocorrência de chuvas, períodos de seca e radiação solar têm sido mais intensivos e que a temperatura do planeta tende a aumentar. Pode-se então inferir que as constantes notícias sobre as catástrofes que a tantos assola vão continuar. No entanto, as causas de tanto sofrimento têm relação com o nosso próprio comportamento, uma vez que não temos poupado esforços em agredir a natureza e, através das redes de águas pluviais, por exemplo, os resíduos que, de forma irresponsável insistimos em não separar para a sua destinação adequada, acabam por se espalhar por todos os cantos. Estamos cansados de ver as cenas de toneladas de lixo que chegam aos rios e mares, além de objetos dos mais variados, entre os quais: sofás, geladeiras e fogões. Usando as palavras do Prefeito de Curitiba Rafael Greca: “sapos não se sentam em sofás, não usam geladeiras e tampouco aquecem os alimentos em fogões”. Ele expressa de forma simples e comunicativa, como aliás é o seu estilo, de quem é a culpa por parte do problema.

 

Pela condição de vida das pessoas que habitam o espaço urbano de forma irregular, também é possível entender que, caso não haja medidas imediatas que impeçam o avanço neste sentido, continuaremos a gerar mais e mais problemas que continuarão sem solução. Segundo o IBGE/2020, há cerca de 5 milhões de moradias irregulares no país. Assim, ou envidamos esforços para ampliar radicalmente os investimentos em moradias para quem precisa, ou “urbanizamos” o espaço ocupado para que haja, por consequência, melhores condições ambientais e humanas. Não se trata de falta de competência para resolver e sim vontade política. E como afirmar isso? Simples: nós, que contribuímos com 150 dias de trabalho ao ano, pagando pesados tributos, sob o pretexto da sua destinação às políticas públicas e ao desenvolvimento do país, não temos resultados satisfatórios. Sendo assim, pela clara constatação de que nada muda para quem precisa e, os tributados, também estão desamparados pelo Estado Brasileiro, é óbvio que é apenas discurso.

 

É oportuno, portanto, que continuemos a discutir sobre qual é o real papel do poder público para cumprir com metas que a própria legislação ambiental determina. Isto posto, estamos em momento eleitoral. Que tal separarmos a retórica desagregadora sobre quem está de um lado ou de outro, para buscarmos total seriedade com propostas concretas para a condução dos destinos do país?

 

O desafio está lançado. O processo democrático subentende um momento ímpar à cidadania: aquele no qual assumimos a responsabilidade pessoal de apertarmos a tecla CONFIRMA! É ela que dá luz aos destinos da nação.


MARCOS TRAAD é graduado em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Mestre e Doutor pela Universidade Federal do Paraná. Foi Pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná e Professor Titular da PUCPR.

5 comentários em “Cidades inteligentes: e a adequada destinação final dos resíduos?”

  1. Ricardo Luiz Simões Alves

    Parabéns,mto bom, excelente,temos que nos atentar ou vamos sofrer várias consequências,o planeta é nossa morada.

  2. Excelente artigo. Aliás, cuidar do meio ambiente, da sustentabilidade ambiental, do Reflorestamento, da limpeza dos rios, da destinação adequada do lixo, da purificação do ar ( ITV na frota veicular), das bacias para a contenção das águas das chuvas e o reaproveitamento das águas, da reutilização dos vidros e dos plásticos, enfim tanta coisa por fazer em nosso País que precisa do envolvimento de todos em um Plano Nacional de Sustentabilidade Ambiental – PENSA. Educação Ambiental com o suporte dos Municípios e dos Estados. Parabéns Traad.

  3. Cristina silvestri

    Esse deve ser um dos grandes programas de verdade de políticas ambientais, Não é mais lixão zero e sim aterros zero.Para isso uma grande conscientização da população sobre esse grave problemas,com políticas públicas severas.Seguindo o exemplo de países europeus.

  4. Antonio Borges dos Reis

    Quem não cuida do meio ambiente não ama a si mesmo.
    Parabéns Marcos!
    Excelente reflexão.

  5. Jorge wagih massad

    Excelente análise de uma crise que já se avizinha para enfrentar e conciliar o desenvolvimento social com as condições que o planeta haverá de se preparar para as próximas gerações, com crescimento sustentável.
    Ótima e oportuna reflexão.
    Parabéns.

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