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Mesa Diretora da Câmara decide cassar o mandato do vereador Éder Borges

27/05/2022

Após reunião da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), na manhã desta sexta-feira (27), em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da CMC, Tico Kuzma (Pros), confirmou a perda do mandato do vereador Eder Borges (PP). Depois de assinada pela Mesa, a decisão será publicada no Diário Oficial do Município e a CMC iniciará o procedimento de convocação do suplente, obedecendo a relação oficial da Justiça Eleitoral.

 

É a primeira vez que a CMC aplica o disposto no artigo 22 da Lei Orgânica do Município (LOM), que determina a perda de mandato ao parlamentar que “sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado”. Após consultas à Procuradoria Jurídica do Legislativo e manifestações da Corregedoria e do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, embasadas em certidão emitida pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), a Mesa determinou a aplicação do dispositivo. “Aqui se cumpre a lei”, disse Kuzma, após explicar toda a tramitação da perda do mandato aos jornalistas.

 

Segundo a certidão do TJ-PR, Eder Borges foi condenado pelo crime de difamação, conforme decisão da 4ª Turma Recursal dos Juizados Especiais de Curitiba, em ação movida pela APP Sindicato. O ocorrido trata de uma situação anterior à eleição de Borges para a CMC, ainda em 2016, quando ele publicou em suas redes sociais um comentário sobre as ocupações das escolas pelos estudantes. Na semana passada, com a divulgação da representação contra ele dentro da CMC, Eder Borges protestou contra a situação durante a sessão plenária. “Um parlamentar eleito pelo povo não pode perder o mandato por causa de um meme”, reclamou.

 

“A Mesa Diretora, com o apoio de todos os vereadores, preza pela transparência e, com muita responsabilidade, neste e em outros casos, cumpre com o seu papel. Apuramos e vamos continuar apurando toda e qualquer manifestação que venha a ser feita contra parlamentares por suposta quebra de decoro. Seguimos com a nossa missão de representar o cidadão curitibano e defender os interesses da sociedade, buscando sempre o fortalecimento da democracia. O processo cumpriu todos os requisitos do Regimento Interno e foi conduzido da forma mais transparente possível”, garantiu Tico Kuzma.

 

Após reunião da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Curitiba, perguntado pelos jornalistas sobre o dispositivo da LOM, Kuzma confirmou o desejo da Câmara de Curitiba de mudar a lei para melhorar a redação do item que trata da perda do mandato, “para que ela se adapte aos julgados no âmbito estadual e no âmbito federal”. “Para que no caso de uma condenação transitada em julgado, havendo a perda dos direitos políticos pelo parlamentar, a Mesa possa declarar de imediato a perda do mandato. Hoje, a LOM diz apenas que ‘a Câmara decidirá’ quando há decisões sobre isso na Justiça [determinando a aplicação imediata da perda do mandato]”, explicou Kuzma.

 

O presidente da CMC informou que, após a decisão da Mesa, telefonou ao parlamentar Eder Borges para comunicá-lo do acontecido. “Eu não posso entrar no mérito. Como presidente, eu tenho que cumprir a lei. Se a lei diz isso, eu tenho que cumprir a lei. Na Câmara Federal, dos deputados federais, há outro entendimento, que o plenário pode julgar em relação ao mérito da condenação criminal. Aqui, nós não temos como julgar o tamanho do crime. Aqui só nos cabe cumprir a lei, não podemos entrar no mérito [do caso específico]”, justificou Tico Kuzma.

 

Eder Borges está em seu primeiro mandato como vereador de Curitiba, após ter conquistado 3.932 votos pelo PSD na eleição de 2020. Natural de Curitiba, tem 39 anos de idade e mudou de partido em abril, migrando para o PP. Na CMC, é presidente da Comissão de Educação, Cultura e Turismo e vice-presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Ele integra as frentes parlamentares de Defesa da Advocacia, do Retorno Seguro às Aulas e de Segurança Alimentar. É graduado em Gestão Pública e é cantor profissional, tendo coordenado no estado o Movimento Brasil Livre de 2015 a 2017.

 

Com a decisão da Mesa, uma nova representação contra o vereador Eder Borges protocolada hoje, baseada nos mesmos fatos, foi declarada prejudicada por falta de objeto e será arquivada.

 

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