A Tesla de Elon Musk foi retirada de um índice ESG da Standard & Poors (S&P), uma das maiores agências de classificação de risco do mundo. A decisão motivou reações pesadas em relação à criação e a efetivação de compromissos corporativos em favor da sustentabilidade, com boas práticas sobre o ambiente, o social e a governança dos negócios. A Tesla produz carros elétricos, que contribuem para reduzir emissões de carbono na atmosfera, mas paradoxalmente não teria adotado preceitos de gestão adequados para ganhar a indicação de investimento no S&P 500 ESG Index da Dow Jones.
Uma farsa?
Elon Musk foi para as redes sociais para dizer que a agenda ESG é uma farsa. “Tem sido usada como arma por falsos guerreiros da justiça social”, comentou ele no Twitter, onde também descreveu os rankings como fraudulentos. O contraponto é de que uma empresa como a Exxon, que produz combustíveis fósseis, está mantida no ranking da S&P. Autor do livro A Ditadura do Woke Capital: Como o Politicamente Correto se Apropriou das Grandes Corporações, o escritor Stephen R. Soukup questiona a cobrança de posturas empresariais com viés mais político (ou ideológico) que econômico, contrariando os interesses de acionistas. O senador americano Ted Cruz vai na mesma linha. “Isso não é capitalismo, isso é abusar do mercado”, declarou.
Alvo dos ataques
O CEO da BlackRock, Larry Fink, que administra uma carteira de investimentos de quase US$ 10 trilhões, é o principal alvo dos que questionam a adesão do mundo corporativo às práticas ESG. Ele tem sido classificado como “progressista” demais para os padrões americanos de capitalismo. Fink tem um posicionamento firme em relação às responsabilidades empresariais sobre o desenvolvimento sustentável. Para ele, as empresas deveriam se empenhar na descarbonização da economia e evitar as mudanças climáticas, sob o risco de perder bilhões em investimentos. A adesão à agenda da sustentabilidade, entende o executivo, inclui todas as partes interessadas num negócio, dos acionistas aos clientes.
Amadurecendo padrões
“A razão para essa bagunça e para essa reação negativa é a falta de clareza e de padrões (para ESG). Mas tudo está amadurecendo”, observa Robert Eccles para o portal CapitalReset. Ex-professor de Harvard, ele estuda a importância dos fatores ambientais, sociais e de governança corporativa muito antes disso ser condensado na sigla. Na entrevista, ele cita a preocupação de tratar a questão ideologicamente e declara que “as posições andam tão extremadas que tem sido difícil travar discussões construtivas”. E acrescenta: “uma das particularidades do universo ESG são as paixões que suscita”.
Métrica e boas práticas
A agenda ESG tenta mudar paradigmas e avaliar o risco ambiental, social e de governança existente em um negócio. Em resumo, não impõe um padrão específico de medidas a serem adotadas além daquelas sintetizadas na sigla, mas serve de métrica para as boas práticas. A partir daí, a empresa amplia as condições de agregar mais valor para marcas e produtos, e de ganhar vantagem competitiva nos mercados acionário e de crédito.
Foto: Maarten van den Heuvel/Unsplash