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Eleições 2022 é uma paródia da “Quadrilha” de Drummond

20/06/2022

Cai como um luva o poema “Quadrilha”, de Carlos Drummond de Andrade, sobre a dança eleitoral deste ano. Depois da fidelidade partidária e do fechamento das federações, ainda haverá declarações de amores, trocas de parceiros e traições até o início do horário eleitoral. Se me permitem parodiar:

“Guto amava o Ratinho que amava Bolsonaro que amava o Paulo Martins e não amavam o Alvaro e nem o Moro.

Alvaro quis namorar com o Silvestri que queria o Fruet que não se decidia por ninguém.

Moro se atrapalhava, pensava em presidente e depois senador. Amava São Paulo, mas agora ama o Paraná.

O PT amava Requião que ama só a si mesmo, mas gostava do Lula que buscou o Centrão que preferia o poder e não se comprometia com ninguém”.

Dava para por mais personagens, mas deixo isto para os leitores brincarem. Nessa turma pode entrar o Ricardo Barros, do PP, e também o Ciro Gomes do PDT, além de uma gama enorme de partidos e candidatos. Pelo visto, essa eleição será cheia de emoções como uma novela da emissora mexicana Televisa, com milhares de plot twist (reviravoltas no enredo), antes de chegar o fim.

Para quem não conhece o poema “Quadrilha” de Drummond, segue abaixo (claro que o texto do escritor é muito superior ao meu).

 

QUADRILHA

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Carlos Drummond de Andrade , “Nova reunião”. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1985.

1 Comentário

  • muito bom!!!!!

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