Todo mundo discute as eleições de 2022 para presidente, governador, senador e deputados. Mas tem outra disputa que vem sendo feita silenciosa, que é da presidência da Assembleia Legislativa do Paraná. Nos bastidores, já há nomes e acordos sendo costurados. No páreo, o atual presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), Artagão Junior (PSD), Luiz Claudio Romanelli (PSD) e Alexandre Curi (PSD). Todos os candidatos sabem que antes precisam se eleger, mas as conversas existem.
A briga pelo cargo ganhou corpo em fevereiro deste ano, diante de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da reeleição de Ademar Traiano. De acordo com o STF, é permitida apenas uma reeleição ou recondução para o mesmo cargo na Mesa Diretiva da Assembleia, independente da legislatura. Esse foi o entendimento dos 11 ministros do Supremo. O fato atiçou a turma, que viu a possibilidade de ascender à presidência, finalizando um dos mais longevos mandatos de presidente da Alep, superando o de Anibal Curi.
Dentro do gabinete de Ademar Traiano, em especial no setor jurídico, há a certeza de uma brecha que será usada apenas na reabertura do processo de escolha da presidência da próxima legislatura. Seus advogados consultaram ministros do STF, em especial Gilmar Mendes, dando a garantia a Traiano. Ademais, dentro do Palácio Iguaçu não há restrições a Traiano, que é considerado um político que cumpre acordos.
Mas nem todos os causídicos concordam com a tese de recondução de Traiano. Por isto, o primeiro movimento para buscar um espaço na presidência veio do deputado Artagão Junior. Numa manobra que envolveu a família, o deputado e o seu pai, o conselheiro Artagão de Mattos Leão. Juntos buscaram antecipar a aposentadoria do conselheiro Artagão, que sairá em outubro por causa da idade.
Foi tentado antecipar a indicação de cargo e colocar o secretário da Casa Civil, João Carlos Ortega, no posto de conselheiro. Todos sabem que Ortega nutre o interesse de ser conselheiro do TC. Em troca o Palácio Iguaçu apoiaria Artagão Junior ao cargo de presidente da Alep. Quase deu certo, se Traiano não tivesse usado um dispositivo legal, em que a convocação da vacância do cargo não seria imediata. A manobra pôs um balde de água fria em Artagão.
Essa briga criou rusgas entre Traiano e a família Artagão. Enquanto isto, Alexandre Curi e Romanelli conquistam apoios por suas amizades com outros deputados da Casa. Romanelli é considerado por parte da Alep uma escolha natural, por causa do seu tempo de casa e sua experiência legislativa. E outra ala entende que chegou a hora de Alexandre ascender como fez seu avô Aníbal Curi. Ambos evitam tocar nesse tema. E muito provavelmente só o farão caso Traiano seja realmente impedido de buscar a reeleição.
Hoje, o maior desafio de Traiano é a sua eleição. Na eleição passada, teve dificuldade de se reeleger para deputado estadual. Mas há quem diga que, na chapa do PSD, essa disputa seja mais fácil.