JOGO JOGADO
Vestir xadrez
Pra dama branca
Trocar a torre
Pelo peão
Mais uma vez
Quebrar a banca
De pôquer podre
Errando a mão
Melhor de três?
Sem esperança
Porque não soube
Pedir perdão
Sérgio Viralobos
CHÃO SUJO DE SHOYU
Cheguei já morta de sede e pouca fome
Pra seu olhar de peixe imberbe
Tiro com raiva os sapatos
Peço uma garrafa
A japonesa serve toalhas quentes
Dou um gole no gargalo
Único objeto fálico
A ter hoje meu afago
Penso claramente agora
Não adiantam mais toalhas quentes
Entre overdoses de shoyu e wasabi
Viro a mesa com tudo em cima
Piso nos rastros distraída
Chorando entre o gengibre e a perplexidade
Esta dor tem que ficar em sigilo
(queria comer aquele monstro no aquário)
Suzana Cano e Sérgio Viralobos
HISTÓRIA DE AMOR SEM FIM
Asas de corvo sobre a prateleira
Meu som só toca música sombria
Eu caminhei sozinho a noite inteira
Chupando cana pra quem lhe assovia
Tentei ser o que não queria a mim
Você cruzava os dedos de uma figa
Nem osso pra cachorro sobrou enfim
Mas não se acaba o amor em uma briga
Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos