Com dados da Agência Internacional de Energia (IEA), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) conclui que o estímulo ao consumo de combustíveis fósseis segue em crescimento no mundo, apesar dos claros efeitos sobre as mudanças climáticas. A OCDE diz que as principais economias globais ampliaram “drasticamente” o apoio à produção e uso de carvão, petróleo e gás natural. Os gastos governamentais nestes produtos saltaram de US$ 362,4 bilhões em 2020 para US$ 697,2 bilhões em 2021. No mesmo período, os subsídios, as transferências orçamentárias e incentivos fiscais aumentaram de US$ 213 bilhões para US$ 380 bilhões. Os incentivos diretos ao consumidor bateram em US$ 115 bilhões no ano passado.
Planeta possível (I)
Ao ser perguntada pelo portal Seu Dinheiro sobre a “vilanização da pauta ESG” em razão do cenário macroeconômico global, Anita Fiori, que chefia o escritório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID-Lab) no Brasil, falou que “tudo vira desculpa para não fazer”. “Quando falam que ESG é uma falácia é porque só estão olhando para o E [de environmental]”, acrescentou.
Planeta possível (II)
Sobre as expectativas dos ambientalistas em relação à sustentabilidade do planeta, Anita Fiori considera que não dá para chegar no nível que se exige, “porque chegar lá coloca o lado econômico em risco”. “Mas a gente tem que achar um padrão socioambiental que dê equilíbrio para o planeta. Não vai ser o planeta ideal, mas vai ser o sustentável, o possível”.
ESG nas cooperativas
As cooperativas de crédito respondem por quase 12% das operações do sistema financeiro do Brasil e devem dobrar o volume no curto prazo. Apesar desta ordem de grandeza, a agenda ESG ainda não foi incorporada pelo segmento. De acordo pesquisa da PricewaterhouseCoopers (PwC), 98% das 165 entidades entrevistadas admitiram preocupação com o tema, mas somente 48% disseram possuir planos e metas sobre o assunto.
Ativo de nicho
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) certificou, entre janeiro e julho, 22 fundos de ações e de renda fixa que se identificaram como sustentáveis. São ativos que atendem o novo Código de Administração de Recursos de Terceiros da organização. Do total, 17 têm a sustentabilidade como propósito e ganharam o sufixo IS (Investimento Sustentável) no nome. Os outros cinco adotam as práticas ESG no processo de gestão, mas não têm o investimento sustentável como objetivo principal. Segundo a Anbima estes ativos ainda têm baixa demanda e permanecerão como produtos de nicho.
VW a hidrogênio
A Volkswagen deve colocar em operação no mês de setembro o seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Biocombustíveis. A unidade fica na fábrica de São Bernardo do Campo e foi projetada para explorar o potencial de fontes de energia menos poluentes para movimentar motores da marca. Desde o ano passado, a VW e a Unicamp já trabalham em um projeto para transformar etanol em hidrogênio.
Protótipo em 2025
O desafio é criar um sistema embarcado pequeno e eficiente para fazer a conversão, quebrando moléculas e gerando energia para impulsionar um motor elétrico. A perspectiva é de que um protótipo movido a hidrogênio fique operacional em 2025. Com maior eficiência energética, o veículo pode percorrer 25 quilômetros com um litro de etanol.
Custo e preço
O objetivo é ter um sistema que reduza custos de produção e consiga alcançar um preço final para veículos elétricos compatível com as economias mais pobres. “A empresa busca minimizar as mudanças nas plataformas atuais e foca na produção neutra de CO2”, explica a companhia, completando que o centro de pesquisas do Brasil “será totalmente independente no desenvolvimento de tais tecnologias para o Grupo Volkswagen em nível global”.
Novas parcerias
A Volks é uma das marcas que mais investe em pesquisa para a transição energética do setor automotivo. Em comunicado divulgado em março passado, a montadora informou que, no Brasil, 10 engenheiros estarão dedicados aos estudos de alternativas limpas para abastecer seus modelos. A empresa reafirmou o interesse em firmar novas parcerias com universidades brasileiras para o “estudo de soluções de descarbonização usando etanol e outros biocombustíveis para mercados emergentes”.
Modelos H2
Carros movidos à célula de hidrogênio não são novidade. A Toyota comercializa o Mirai nos EUA e no Japão. Outros modelos que estão no mercado e compartilham a tecnologia são o Hyundai Nexo e o Honda Clarity, que deixou de ser produzido no ano passado. A BMW, a Audi e a Renault desenvolveram protótipos. A diferença entre a ideia da Volks e os carros existentes é que estes são abastecidos diretamente com H2, enquanto a marca alemã quer instalar uma usina do gás dentro do próprio veículo, com um tanque de etanol para alimentar o sistema.
Foto: Chris Leboutillier/Unsplash