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Especialistas dão dicas para melhorar a qualidade de vida do idoso com Alzheimer

20/09/2022
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No Brasil cerca de 1,2 milhão de pessoas sofrem com algum tipo de demência e 100 mil novos casos são identificados por ano, segundo o Ministério da Saúde. O tipo mais comum é a Doença de Alzheimer, que afeta, principalmente, pessoas acima dos 65 anos

O Dia Mundial da Doença de Alzheimer, que acontece em 21 de setembro, chama a atenção para conscientização desse diagnóstico, que deve atingir mais de 5 milhões de brasileiros em 2050, conforme a projeção do estudo Global Burden Of Disease.

“A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa, que atrofia o cérebro e prejudica funções cognitivas, comportamentais e até motoras. Com o tempo, as pessoas acometidas podem sofrer com desorientação, episódios de agressividade, delírio e perda de memória, o que vai comprometendo a vida diária e aos poucos vão ficando totalmente dependentes”, explica a Dra. Ana Quadrante, geriatra e coordenadora médica da Cora Residencial Senior, instituição em que cerca de 50% de seus residentes possuem Alzheimer, em estágios variados.

Embora ainda sem cura, o tratamento com medicamentos ajuda a desacelerar o avanço do quadro. Mas a estratégia farmacológica precisa estar aliada com outras medidas para a melhor qualidade de vida do idoso e de seus familiares. “Manter os residentes ativos socialmente, fisicamente e cognitivamente é parte essencial de seu tratamento”, revela a Dra. Ana.

Nesse sentido, instituições de longa permanência para idosos (ILPIs), como Cora e o CIAI (Centro Integrado de Atendimento ao Idoso), oferecem um apoio importante, uma vez que esse grupo demanda de cuidados específicos, tempo e formas para lidar com a instabilidade emocional, recusa em colaborar com o tratamento, entre outros desafios.

 

Estímulo das funções cerebrais

O idoso diagnosticado com a Doença de Alzheimer pode apresentá-la em três fases: leve, moderada e avançada.

Ter atividades que trabalhem o cérebro ajuda a retardar a progressão. Momentos na rotina voltados para leitura, pintura, jogos, palavras cruzadas, ver fotografias antigas, fazer orações, ou outra ação que estimule o pensar são importantes. Os diálogos também são momentos essenciais de estímulo ao idoso

“Por meio dessas estratégias, é possível incitar a criatividade, a memória, o raciocínio, a concentração, a socialização e trazer à tona bons sentimentos. As atividades precisam ser focadas conforme o estágio da doença”, explica o gerontólogo do CIAI, Lucas de Pontes.

A música também é um recurso poderoso. Vários estudos, entre eles uma pesquisa da USP, comprovou que escutar canções que fizeram parte da história de vida diminui a irritabilidade, comportamento comum em pessoas com a doença.

 

Corpo em movimento

Estímulos físicos trazem ganhos em independência e qualidade de vida do idoso com Alzheimer. Fazer caminhadas regulares, por exemplo, pode reduzir a progressão da doença, segundo uma pesquisa da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos. Outro estudo recente apresentado na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer de 2022, sinalizou que a prática de exercícios regulares de alongamento e equilíbrio ajudam a retardar a progressão do declínio cognitivo leve.

 

Comunicação

Conforme a doença progride, a capacidade de se comunicar fica prejudicada, problema citado como uma das maiores dificuldades por cuidadores e familiares.

O gerontólogo do CIAI esclarece que a comunicação precisa ser adaptada a cada período da doença. No estágio inicial, por exemplo, ele recomenda evitar o excesso de informações e perguntas feitas ao mesmo tempo, pois a tendência é que o idoso misture e confunda o conteúdo. “É preciso falar pausadamente e fazer uma pergunta por vez, esperando o tempo de processamento de cada resposta. Em estágio mais avançado, é importante usar frases mais curtas e conversar sempre olhando para o idoso, para que ele preste mais atenção”, esclarece Lucas.

(Estadão Conteúdo)

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