Nos últimos sete dias saíram três pesquisas, BTG/Pactual, IPEC e a Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (21), mostrando uma mudança de vento a favor de Lula (PT) e uma estagnação de Jair Bolsonaro (PL). Os dados da Pesquisa Genial/Quaest (confira abaixo a íntegra da pesquisa) permitem fazer algumas leituras interessantes para entender o por quê do presidente não conseguir furar a bolha e romper seu teto.
Até o início de setembro, Bolsonaro tinha conseguido retirar a vantagem de Lula, que em janeiro era de 22 pontos percentuais, passando para 14 em julho e oito em setembro. No entanto, a 11 dias da eleição, o processo de adesão à campanha de Lula mostra uma reação em todos os segmentos e a estabilidade de Bolsonaro.
Um dos fatos apontado na pesquisa da Genial/Quaest é que o aumento no valor do Auxílio não gerou o resultado eleitoral esperado. De 31 de agosto até hoje, o levantamento mostrou que tanto Lula como Bolsonaro ficaram estáveis entre aqueles que recebem o auxílio, ficando respectivamente entre 54% das intenções de voto e 29% das intenções. E, para piorar, Lula cresceu entre os eleitores que não recebem o auxílio, superando o presidente, que antes liderava neste setor.
Outra estratégia revertida foi a adesão dos evangélicos à candidatura de Bolsonaro. Ainda que conte com o apoio dos líderes evangélicos, que ajudou a crescer neste segmento, a pesquisa mostra que Bolsonaro parou de subir e não atingiu a meta, que era ter ao seu lado 80% da população evangélica. Bolsonaro estacionou em 50%, contra 28% de Lula, que tem crescido fora da margem de erro da pesquisa.
Ao mesmo tempo, o levantamento destaca que Lula cresce entre as outras religiões e ateus, abrindo 30 pontos percentuais de vantagem, e se mantém 20 pontos na frente entre os eleitores católicos.
Da mesma forma que os evangélicos, as mulheres são consideradas estratégicas nessa eleição. E a pesquisa mostra que Bolsonaro não consegue se aproximar de Lula, ficando 14 pontos atrás. A rejeição do presidente, apurada pela Genial/Quaest, cresceu entre as mulheres, enquanto a de Lula oscilou pra baixo. Bolsonaro, que compensava a falta de apoio por parte das mulheres com o público masculino, hoje está apenas dois pontos percentuais na frente, dentro da margem de erro.
Outra ação que não tem resultado favorável é a investida de Bolsonaro no Sudeste. A pesquisa mostra que Bolsonaro tem 38% dos votos do Sudeste, ou seja, aproximadamente 43% dos votos válidos – 10 pontos percentuais a menos do que ele obteve em 2018. E Lula, que tinha parado de crescer, voltou a subir. No Nordeste, o presidente também tem desempenho abaixo do que ele obteve em 2018. Em votos válidos, ele teria hoje 23% dos votos do Nordeste, mas em 2018 ele obteve 26%. E Lula possui mais de 70% do eleitorado com ele.
Economia e comunicação
Mesmo com as melhorias na economia brasileira, nos últimos 2 meses, o percentual de quem acredita que a economia piorou ainda é muito alto. A pesquisa aponta que houve uma oscilação para cima (45%). E também aumentaram de 72% para 75% os eleitores que dizem que não viram redução no preço dos alimentos. Entre o eleitor de baixa renda, a situação do preço dos alimentos é ainda pior, 80% não viram redução de preço.
Para complicar mais as coisas, todas as medidas econômicas adotadas pelo governo para tentar baixar os preços ainda são vistas, de acordo com a Genial/Quaest, como jogada política para tentar reeleger o presidente (59%). E sem dinheiro para aumentar o auxílio, ou qualquer compensação, Bolsonaro fica cada vez mais sem armas para fortalecer a economia e mudar esse cenário em apenas 11 dias.
Além da economia, a estratégia de marketing de campanha de Bolsonaro também não tem conseguido os resultados desejados. Segundo a pesquisa, quem assiste aos programas na TV vota muito mais em Lula (47%) do que em Bolsonaro (36%).
O levantamento da Genial/Quaest mostrou que as peças publicitárias para desqualificar Lula e aumentar a rejeição não surtiram o efeito. A rejeição de Lula não cresceu entre quem assistiu os programas e comerciais. E 80% do eleitor pesquisado assistiram as denúncias feitas no horário eleitoral.
E as chances dessa eleição terminar no 1º turno? Matematicamente não é impossível. Lula teria hoje 48,9% dos votos válidos na eleição. Bastaria 1,2% de votos válidos para que ele vencesse no 1º turno.
Esses votos, segundo a pesquisa, viriam principalmente de eleitores de Ciro Gomes (PDT). Mesmo que Ciro não queira apoiar Lula, essa é uma decisão do seu eleitor, como se vê. O levantamento destaca que 63% dos eleitores de Ciro mudariam de votos para acabar a eleição no primeiro turno. E 72% dos eleitores de Simone Tebet (MDB) também.
O clima de opinião vai se formando em favor de Lula, o que pode despertar ainda mais o voto útil de última hora. A Genial/Quaest aponta que 49% acham que Lula é quem vai ganhar a eleição, enquanto 37% acham que Bolsonaro vence.
Na comparação entre quem merece uma segunda chance, Lula tem o voto de confiança de 52%, enquanto Bolsonaro recebe o apoio de 44%. Falta cada vez menos tempo para Bolsonaro mudar o clima de opinião e reverter esse quadro.
O levantamento ouviu 2.000 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do País entre os dias 17 e 20 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada BR-04459/22.