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ECONOMIA

Definição da eleição no 2º turno faz Bolsa subir 5,54% e dólar recuar 4,09%

04/10/2022

O mercado financeiro reagiu bem ao resultado das eleições deste domingo (2), que apontou um segundo turno entre o petista Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Principal indicador da Bolsa, o Ibovespa fechou aos 116.134 pontos, com alta de 5,54%. Foi o maior avanço em um dia desde abril de 2020. Já o dólar fechou em queda de 4,09%, aos R$ 5,1737 – a maior queda porcentual desde 8 de junho de 2018.

Na avaliação de especialistas, o resultado das urnas trouxe dois pontos importantes que animaram o mercado. O primeiro é que o Congresso eleito tem um perfil ainda mais à direita do que o atual, o que, em tese, representaria apoio a reformas estruturantes, algo que foi constatado em falas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

E o segundo ponto é que tanto Lula quanto Bolsonaro terão de moderar na radicalização para vencer a disputa, fazendo acenos ao centro político para conquistar mais votos. Dessa forma, uma eventual vitória petista, como projetam casas como Eurasia e Capital Economics, se daria num cenário de equilíbrio de forças, com as chances de políticas econômicas mais heterodoxas bastante diminuídas. Caso Bolsonaro seja reeleito, a expectativa é de que pautas caras ao mercado, como privatização, ganhem novo fôlego.

Por conta desse olhar otimista, as ações de empresas estatais tiveram forte alta. Os papéis ON da Petrobras subiram 8,86%, enquanto os do tipo PN tiveram alta de 7,99%. Já as ações ON do Banco do Brasil subiram 7,63%.

O dia positivo também contou com ajuda externa. Lá fora, o mercado recebeu bem a desistência do governo do Reino Unido de cortar alguns impostos, além de dados macroeconômicos mais brandos dos Estados Unidos, sugerindo um aperto monetário não tão forte como vinha sendo projetado.

 

Reação

A Guide Investimentos disse que já projetava uma reação positiva do mercado ao resultado do 1º turno. “Os números mostram um Congresso de maioria de centro-direita, o que deve fazer com que um eventual governo Lula tenha de vir para o centro para conseguir aprovar medidas no Congresso. Além disso, ainda não dá para descartar uma vitória de Bolsonaro”, disse a instituição, em comentário a clientes.

Para o banco Barclays, a diferença mais apertada do que o esperado entre Lula e Bolsonaro pode resultar em alguma moderação na retórica política de ambos os candidatos, embora também possa desembocar em promessas populistas.

“Dado que ambos os candidatos já contam com alto reconhecimento e bases sólidas de apoio político, eles precisarão moderar a polarização e se concentrar mais em suas propostas reais, muitas das quais não foram abordadas no primeiro turno da campanha”, afirma o banco britânico, em relatório.

 

Margem

De acordo com o BTG Pactual, Lula continua sendo o favorito, mas a margem mais apertada no 1º turno deixa a porta aberta para Bolsonaro tentar mudar o resultado nesta votação final. “E, talvez mais importante, poderia forçar Lula a se mover mais para o centro e a esclarecer sua agenda econômica”, afirmam os analistas Carlos Sequeira, Osni Carfi e Guilherme Gutill.

Em relação aos resultados no Congresso, os analistas destacam que a “movimentação para a direita” no Legislativo também é positiva. “Um Congresso de centro-direita reforça a necessidade de o ex-presidente Lula negociar uma nova legislação se eleito, possivelmente limitando o espaço para propostas radicais.”

Já segundo Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, Lula ainda é favorito, mas não terá mais a “carta branca” que teria em uma vitória no 1º turno. “É um resultado menos ruim do que com Lula sem qualquer freio.”

(Estadão Conteúdo)

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