Quem nunca ficou paralizado diante de um pensamento? Ou ainda, já imaginou uma situação, acreditou que aquilo aconteceria e ficou sofrendo com o pensamento, sem sequer ter alguma evidência da veracidade? Pelo menos uma vez na vida, já passamos por um momento semelhante. Por isso, esse é um dos assuntos mais importantes quando se trata dos nossos pensamentos e os prejuízos gerados através deles.
Estes pensamentos automáticos negativos são conhecidos pela psicologia cognitivo-comportamental como “PANS”. Eles são parte de uma avaliação cognitiva que fazemos diante de uma determinada situação, provocando uma emoção que por consequência, gera um comportamento. Exemplo: Acontece uma situação, você chega em um lugar diferente com pessoas que não conhece; o pensamento automático negativo é “tem muita gente aqui, não vou me encaixar”; a partir disso surge uma emoção de medo e como consequência provoca um comportamento de isolamento. Os PANS são espontâneos, breves, imediatos e causam um efeito emocional em nós. Não costumamos questioná-los, apenas deixamos que eles tomem conta de nossa rotina mental e influenciem nossas decisões, eliciando comportamentos.
Agora que você compreendeu o que é um PAN, quero te propor um exercício prático e eficaz. Relembre uma ou mais situações desconfortáveis que aconteceram recentemente e os descreva exatamente como no exemplo dado acima: a situação, o(s) pensamento(s) que veio à mente naquele momento, a emoção que você sentiu (medo, raiva, tristeza, nojo, surpresa, alegria…) e qual ação foi gerada a partir desse pensamento e emoção. Após essa atividade, separe cada pensamento automático encontrado a partir das situações e ao lado deles escreva de 1 (uma) a 3 (três) evidências provando que o pensamento realmente tem fundamento. O próximo passo é escrever de 1 (uma) a 3 (três) evidências provando que aquele pensamento foi um julgamento errado seu. Se você apresentar dificuldade com o exercício, escolha uma pessoa de sua confiança para compartilhar e peça para que analisem em conjunto.
Analisar seus pensamentos e questioná-los é a melhor forma de identificar padrões e sofrimentos desnecessários. Se todos pudessem acessar essa consciência, aprenderíamos a lidar melhor com frustrações e circunstâncias inesperadas. Nossa mente pode ser tanto uma prisão quanto liberdade e para definir a escolha, é preciso conhecê-la. Apesar do exercício proposto surgir de uma abordagem cognitiva-comportamental, encerro com as palavras do grande psicanalista Sigmund Freud: “Olhe para dentro, para as suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer”.
REFERÊNCIAS
FROESELER, Mariana Verdolin Guilherme; SANTOS, Janaína Aparecida Mendonça; TEODORO, Maycoln Leôni Martins. Instrumentos para avaliação de pensamentos automáticos: uma revisão narrativa. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 9, n. 1, p. 42-50, jun. 2013 . Disponível aqui.
SOUZA, Tradução Paulo César de, Sigmund Freud – Obras Completas. São Paulo: Companhia das letras, 2010.