Existem tantas definições de arte quantas pessoas escreveram sobre o tema.
Acredito que porque o Homem tem alma, a arte seja uma das formas de expressão mais ricas e vitais que usamos para expressar e compartilhar verdades essenciais que transbordam o nosso ser. Para fazer arte, conjuga-se corpo, mente e alma e é para essa última que a arte serve de alimento e, ouso dizer, é por isso que a arte importa.
Cada um de nós, ser único na terra, desde o primeiro choro trata de se expressar e se comunicar com esse mundo novo onde passará a existir e, logo, aprenderá a importância de se expressar e se comunicar para sobreviver. Um pouco mais tarde, na “idade da razão” (seja ela qual for) começa a perceber seu entorno, a diferença entre si e os demais. A sua individualidade versus o mundo. Esse eu que surge, tem um corpo que se expressa pela sua própria forma, movimento, sons que emite e os que percebe, reage à sensibilidade da pele, começa a aprender e apreender o mundo e o outro por meio dos olhos e do olhar e dos ouvidos, que se encantam ou se assustam com os sons. Enfim surge uma interação entre o eu e o mundo, interação essa que só vai deixar de acontecer com o término do que denominamos vida.
Vida! Esse sopro que deixa o corpo e a mente inertes quando os abandona.
Tempo que nos é dado para ser (como isso se dá não seria o nosso assunto e há muito o que ler, conhecer e se aprofundar). É nesse período que a arte passa a fazer parte de nós, é inevitável! Por mais que a desconsideremos, somos por ela inegavelmente envolvidos; basta citar a música, as imagens apresentadas pela arte do cinema ou mesmo a arte da propaganda. E, para concluir esse nosso primeiro encontro, lembro o mercado de arte que agita fortunas e arrebata paixões, cria monumentos e monumentais castelos (museus) para abrigar a riqueza produzida por nós, os autodenominados seres humanos.
Deixo aqui, de Ferreira Goulart, “Traduzir-se”:
Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte é estranheza e solidão
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim
Almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte
Será arte?
Será arte?
Será arte?
Do livro ‘Na Vertigem do dia’ (1980) – Companhia das Letras
Fiquei feliz em ler essa matéria, principalmente vinda da Elizabeth Titton. Que bom ter a arte fazendo parte do jornal! Ela diz respeito a todos nós mas muitas vezes é pouco valorizada e o artista mal visto. Parabéns e aguardo outros textos.
Embevecido por ser agraciado com uma coluna de alguém tão importante para o mundo das artes. Parabéns e esperamos mais…